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Manuel Beja: "A minha demissão só pode ser interpretada por conveniência partidária"

O chairman da TAP garante que tentou evitar a saída de Alexandra Reis. E remete todas as responsabilidades do caso Alexandra Reis para a tutela.

Pedro Catarino
11 de Abril de 2023 às 17:52
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O presidente do conselho de administração da TAP, Manuel Beja, assegurou que tentou falar por várias vezes com as tutelas políticas sobre o desentendimento entre Alexandra Reis e Christine Ourmières-Widener, mas sem sucesso. Na sua intervenção inicial na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) à TAP, o responsável referiu que a saída da administradora da TAP, com uma indemnização de meio milhão de euros, podia ter sido evitada.

Sobre a sua demissão por justa causa, anunciada por Fernando Medina, ministro das Finanças, a 6 de março, diz ser "injustificada" e "só pode ser interpretada por conveniência partidária".

Recuando no tempo, Manuel Beja detalhou que os desentendimentos entre as gestoras foram aumentando ao longo do tempo, mas agravaram-se em particular a partir de dezembro de 2021. Durante meses, diz ter tentado avisar vários membros do Governo sobre "a tensão crescente de divergências" para tentar resolver a situação, " mas sem resultados".  Conseguiria reunir-se com os ministros das Infraestruturas e Finanças, João Galamba e Fernando Medina, a 10 de janeiro deste ano, mas "sem resultado". 


"Pelos motivos que referi, foi uma decisão que evitei e discordo", referiu, acrescentando que os desentendimentos entre as duas gestoras "não punham em causa o plano de reestruturação" em curso negociado com Bruxelas. Uma  informação que contradiz Christine Ourmièrs-Widener que defendeu a saída de Alexandra por colocar em risco o plano em curso.

Por várias vezes, o chairman exonerado sublinhou que se tratou de uma decisão da CEO e do acionista, relembrando que o acordo para a saída de Alexandra Reis foi aprovado pela tutela setorial.


Manuel Beja justificou ainda o facto de ter assinado o acordo de saída, a par com a CEO e Alexandra Reis, para "não cumprir a quebra do dever de lealdade".  Até porque, "a assinatura de quaisquer dois administradores seria suficiente" para viabilizar o acordo".


Tal como já tinha no seu contraditório ao relatório da Inspeção-Geral das Finanças (IGF), que apontou responsabilidades à CEO e ao chairman da TAP, Manuel Beja defendeu que o acordo foi proposto pelos advogadas da TAP e de Alexandra Reis, e que não lhe competia a si ter conhecimentos jurídicos sobre o tema. E garantiu que nunca falou com a sociedade de avogados durante e sbre o processo negocial.

A proposta para avançar com a comissão de inquérito foi feita pelo Bloco de Esquerda e foi aprovada a 3 de fevereiro, com a abstenção do PS e PCP e os votos a favor dos restantes partidos, após ter sido noticiado que Alexandra Reis tinha recebido uma indemnização de 500 mil euros quando saiu da TAP em Fevereiro de 2022.

(Notícia atualizada às 21h)
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