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Lacerda Machado: "55 milhões de euros pagos a Neeleman não saíram da TAP"

Diogo Lacerda Machado revelou que a reunião da negociação para a recompra da TAP, que decorreu em dezembro de 2015, acabou "da pior maneira possível". E garantiu que só soube dos fundos Airbus em 2016, quando já decorria a renegociação.

Sérgio Lemos
09 de Maio de 2023 às 15:02
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Diogo Lacerda Machado, conhecido como o estratega da reversão parcial da privatização da TAP em 2016, garantiu que o pagamento de 55 milhões de euros a David Neeleman, quando saiu do capital da TAP, não saiu das contas da companhia aérea, foi pago pela Direção-Geral do Tesouro e Finanças (DGTF). O antigo administrador da TAP está a ser ouvido esta terça-feira na Comissão de Economia, Obras Públicas, Planeamento e Habitação por requerimento do PS.

Questionado pelo PSD sobre a decisão da recompra da TAP, revelou que a primeira reunião decorreu a 17 de dezembro de 2015 onde além de Humberto Pedrosa e David Neeleman, acionistas da TAP, também contou com a presença do advogado do investidor norte-americano Diogo Perestrelo, bem como de Pedro Marques e de Oliveira Martins (secretário de Estado à data).

E, segundo Lacerda Machado, que assegura que esteve "calado" durante os 45 minutos que demorou o encontro, acabou "da pior maneira possível". 

Lacerda Machado contou que esta foi a primeira reunião em que o tema foi abordado, mas nesse encontro não houve abertura para diálogo. As negociações continuaram depois com o advogado de David Neeleman. O investidor norte-americana acabaria por sair totalmente do capital da TAP em 2020. 

Lacerda Machado demitiu-se da administração da TAP em março de 2021, três meses antes da entrada de Christine Ourmières-Widener, tendo ingressado na altura no "board" da euroAtlantic Airways. 

Os fundos Airbus

Questionado sobre o seu envolvimento nos fundos Airbus,  disse que teve conhecimento da renegociação do contrato  para a compra de 53 aviões A330 em vez dos 12 A350 "em 2016", já durante o porcesso de renegociação. Pediu explicações ao então presidente executivo  da TAP, Fernando Pinto, sobre a racionalidade financeira e técnica do negócio.

Na altura, segundo Lacerda Machado, Fernando Pinto terá explicado que a companhia aérea não tinha condições de tesouraria para cumprir o contrato que a Airbus se recusava a renegociar. E a fabricante europeia de aeronaves poderia até acioniar a clausula de penalização por incumprimento que iria penalizar a TAP em cerca de 40 milhões de euros.

O advogado revelou ainda que Fernando Pinto lhe confessou estar aliviado com a "solução que apareceu" de renegociação e que foi nesse sentido que David Neeleman, entao acionista da TAP, colocou o dinheiro por 30 anos. Um passo que "fez a diferença na negociação com a Airbus", disse à data Fernando Pinto segundo Lacerda Machado.

No final do ano passado, o então ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, revelou que o Governo tinha enviado para o Ministério Público (MP) a auditoria realizada pela administração da TAP à compra de aviões durante a gestão de David Neeleman.

Na altura, a TAP desistiu do contrato para o leasing de 12 aeronaves A350 que tinha com a Airbus e celebrou um novo contrato com a mesma empresa para a compra de 53 novos aviões. Em causa estão suspeitas de a companhia ter pago mais pelos aviões do que os concorrentes e o dinheiro ganho com esta operação terá sido usado por Neeleman para entrar no capital da companhia aérea.


O requerimento do PS surgiu após várias notícias, que referem que a privatização da companhia aérea em 2015 terá sido ganha por David Neeleman com dinheiro da própria companhia aérea. Em causa, segundo o presidente do grupo parlamentar do PS, Eurico Brilhante Dias, podem estar crimes de assistência financeira e gestão danosa.


Estas audições têm lugar fora do âmbito da comissão parlamentar de inquérito (CPI) à tutela política da gestão da TAP, proposta pelo Bloco de Esquerda (BE). Lacerda Machado vai ser ouvido novamente esta quinta-feira na CPI à TAP.


(Notícia atualizada às 16h15)
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