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Embraer bate recordes de encomendas e prevê entregar 152 aviões este ano
Enquanto a Boeing continua a somar polémicas, no último trimestre de 2023 a carteira de encomendas da fabricante brasileira atingiu máximos de 6 anos. Airbus também já anunciou vendas recorde e a China quer entrar nesta rota estando a desenvolver o rival do Boeing 737 e do Airbus A320.
2023 correu de feição para a Embraer, com a fabricante de aviões brasileira a reforçar o seu peso - e futuro papel - na rota de crescimento do setor que nos últimos meses sofreu um revés com as polémicas da Boeing. Apesar dos constrangimentos na cadeia de abastecimento, a Embraer conseguiu entregar 181 aviões no ano passado, trata-se de um aumento de 13% face a 2023. Deste total, 64 eram aeronaves comerciais, 115 jatos privados e dois C-390 militares.
Estes números, que acabaram por ser impactados negativamente pelos problemas de fornecimento, contribuíram para um aumento de 11% das receitas para 26,1 mil milhões de reais (cerca de 4,7 mil milhões de euros). Em comunicado, a empresa sublinha que todas as unidades de negócio tiveram um crescimento nas receitas em relação ao ano anterior, adiantando que a Embraer Defesa & Segurança se destacou com um incremento de 21%, seguida pela Aviação Comercial cujos proveitos cresceram 15%.
Olhando para 2024, as estimativas da empresa seguem na mesma linha, até porque no quarto trimestre a carteira de encomendas bateu máximos de seis anos. Só de outubro a dezembro a Embraer registou um volume de encomendas no valor de 18,7 mil milhões de dólares (cerca de 17 mil milhões de euros).
Este ano, a empresa brasileira estima entregar 152 aviões: 72 aeronaves comerciais e 80 para aviação executiva.
Em Portugal, a Embraer é acionista da OGMA - Indústria Aeronáutica de Portugal, com 65% do capital.
Mudança de players?
Recentes problemas com aviões da Boeing têm levado à desvalorização dos títulos das fabricantes de aviões e levantado algumas dúvidas quanto à segurança das aeronaves. E o número de encomendas à Airbus e Embraer continua a crescer.
A China também já se está a posicionar neste campo, estando a desenvolver o rival do Boeing 737 e Airbus A320. O construtor aeronáutico chinês Comac anunciou que vai realizar voos teste do seu avião C919 no Vietname, Laos, Camboja, Malásia e Indonésia para promover a "sua eficácia" junto das companhias aéreas do Sudeste Asiático.
A desconfiança em torno da Boeing voltou no final do ano passado, no seguimento de uma avaria do 737 MAX 9. A United Airlines e a Alaska Airlines encontraram "peças soltas" em várias aeronaves deste modelo durante inspeções levadas a cabo depois de um incidente com a companhia aérea do Alasca. Desde então, já houve mais dois incidentes, um dos quais este fim de semana.
No sábado, um Boeing 737-800 foi encontrado com um painel em falta depois ter realizado um voo da United Airlines. O avião aterrou em segurança, sem incidentes, mas o aeroporto foi obrigado a interromper as operações para verificar se havia destroços na pista.
A Boeing enfrenta, assim, um novo duro golpe, num momento em que tinha conseguido melhorar os seus índices de produção até ao final de 2023. Depois de entregar apenas 15 aviões 737 MAX em setembro e 18 em outubro, o menor total mensal em dois anos, a fabricante norte-americana subiu para 46 em novembro e 44 em dezembro. Mas mesmo assim, desde o incidente com a Alaska Airlines, a fabricante norte-americana não tem conseguido entregar os aviões encomendados por estar a ser alvo de escrutínio por várias entidades reguladoras.
O modelo anterior da Boeing, o 737 Max 8, já tinha estado envolvido em dois acidentes graves: em outubro de 2018, quando uma destas aeronaves se despenhou com 189 pessoas a bordo no mar de Java, e em Março de 2019, quando um voo da Ethiopian Airlines se despenhou com 157 pessoas a bordo. Após estes acidentes, o modelo 737 Max foi proibido de voar, uma restrição que tinha sido levantada em 2020 após a fabricante ter levado a cabo um conjunto de modificações.
Nem a TAP nem a SATA têm aeronaves da Boeing. As frotas das companhias aéreas comerciais portuguesas são constituídas maioritariamente por vários modelos da Airbus e da Embraer, no caso da TAP.