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David Neeleman vende 47% da participação na Azul
O fundador e controlador da companhia aérea brasileira reduziu sua participação acionista no mês de março. A Azul explica que a venda de destinou a liquidar um empréstimo pessoal.
David Neeleman vendeu no mês passado 47% da posição que detinha na companhia aérea Azul, noticiou esta terça-feira a imprensa brasileira, que dá conta que a alienação feita pelo empresário, sócio de Humberto Pedrosa na Atlantic Gateway, dona de 45% da TAP, se destinou a liquidar um empréstimo pessoal.
Num esclarecimento ao mercado sobre a venda de ações por parte do seu fundador, a Azul explica que o seu acionista controlador "teve a sua participação em ações sem direito à voto reduzida de 11.432.352 ações preferenciais, correspondentes a 3,34% dessa espécie de ações, para 2.116.004 ações preferenciais durante o mês de março de 2020".
"David Neeleman, fundador e acionista controlador da Azul, esclarece que havia feito um empréstimo pessoal em 2019 no valor de 30 milhões de dólares (cerca de 27 milhões de euros) usando como garantia parte das suas ações da Azul, dado que ele não tinha intenção de vender suas ações da Azul por acreditar em seu potencial", afirma ainda a companhia aérea no comunicado enviado ao regulador do mercador.
No entanto, acrescenta, o impacto da pandemia de covid-19 no mercado de ações "ocasionou uma chamada de margem no empréstimo, e devido à velocidade do movimento e o facto de ele ter outros investimentos no setor sem liquidez como TAP e Breeze, não houve tempo para levantar a liquidez adequada". Assim, acrescenta, os bancos "executaram a garantia".
Segundo diz a Azul, "David afirma ainda que não vendeu de maneira ativa nenhuma ação da Azul", sendo que também "não houve alteração na posição de ações votantes detidas pelo acionista controlador, totalizando 622.406.638 ações ordinárias", o que corresponde a 67% das ações com direito a voto.
A Azul é a terceira maior companhia aérea do Brasil em quota de mercado (atrás de Gol e Latam). Segundo a imprensa brasileira, desde o início de março até esta terça o preço das ações da transportadora caiu 63% na bolsa.
Esta terça-feira, em entrevista à rádio Observador, o primeiro-ministro português, António Costa, questionado sobre a possibilidade de nacionalizar a TAP afirmou que "não há razão para excluir qualquer instrumento de ação pública que venha a revelar-se necessário".
"Relativamente à TAP, onde o Estado já é acionista, todos nós sabemos que o setor da aviação foi um dos que sofreu de forma mais devastadora esta situação de crise. Sabíamos, também, que já havia vontade de alguns acionistas de alienarem as suas posições. E sabemos que é uma empresa estratégica para o país", afirmou ainda.