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Companhias aéreas estão a trocar passageiros por gadgets e marisco

O segmento de transporte de carga aérea, um dos menos glamorosos da aviação, é agora um dos poucos pontos positivos para as companhias no contexto da crise causada pela pandemia de coronavírus.

06 de Setembro de 2020 às 17:00
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A paralisação dos voos de passageiros numa altura de maior procura por vários bens, de equipamentos médicos a iPhones, fez subir as taxas de frete. Com grande parte da população mundial em casa e a comprar online em vez de ir às lojas, os analistas não veem uma diminuição da procura, especialmente com a aproximação do pico da temporada de festas de fim de ano.

"O transporte de carga será um ponto positivo para as operadoras pelo menos este ano porque, embora as fronteiras estejam fechadas, isso não significa que as pessoas não estejam a comprar", disse Um Kyung-a, analista de companhias aéreas da Shinyoung Securities, em Seul. "Essa tendência deve continuar, já que a capacidade de carga permanece limitada."

O tipo de mercadoria transportada também espelha o desenrolar da pandemia. Máscaras e luvas deram lugar a semicondutores e peças de computadores à medida que os consumidores passaram a trabalhar a partir de casa. O volume de alimentos frescos também é grande, porque as pessoas saem menos. Assim que for encontrada uma vacina, as companhias aéreas serão usadas para entregar milhares de milhões de frascos rapidamente e num ambiente com temperatura controlada.

Em circunstâncias normais, cerca de 60% da carga aérea global é transportada no porão dos voos de passageiros. Com centenas dessas aeronaves estacionados em terra à espera do fim da pandemia, os volumes de carga caíram este ano - enquanto os custos do frete aéreo dispararam: as taxas para a América do Norte com saída de Hong Kong subiram quase 70% desde o início de janeiro.

Para a Qantas Airways Ltd., o transporte de equipamentos médicos com origem na China atingiu um pico em maio e junho.

"O que vimos foram enormes subidas de carga leve, mas muito volumosa – máscaras, batas e luvas e assim por diante. Foi quando começámos a ver as companhias aéreas a colocarem caixas leves nas cabines de passageiros ", disse Nick McGlynn, que supervisiona as vendas de frete na rede da Qantas como diretor de atendimento ao cliente da unidade.

Isso agora diminuiu e a Qantas tem transportado produtos frescos da Austrália para a Ásia, incluindo "quantidades significativas" de atum para o Japão e trutas para Hong Kong. As rotas de volta à Austrália são dominadas por equipamentos médicos, peças de automóveis e eletrónica, bem como componentes para equipamentos de mineração.

A Fiji Airways está a ganhar um pouco mais com o transporte de marisco e kava, disse o CEO Andre Viljoen durante uma apresentação na semana passada.

 

A Bloomberg Intelligence prevê que a capacidade total das frotas aéreas de passageiros não regressará aos níveis pré-pandemia antes de 2022. Nem todas as companhias aéreas são capazes de fazer uma transição para lidar com as novas circunstâncias. Mas as que conseguem não perdem tempo.

Nos EUA, a United Airlines elevou as receitas com o transporte de carga em mais de 36% no segundo trimestre, para 402 milhões de dólares.

E a American Airlines relançou serviços exclusivos de carga após um hiato de 35 anos. Em setembro, espera operar mais de 1.000 voos só de carga, principalmente com Boeings 777 e 787, para 32 destinos na América Latina, Europa e Ásia.

Na Ásia, o braço de longo curso da Singapore Airlines Ltd., Scoot, removeu, no mês passado, os assentos de passageiros de um dos seus Airbus SE A320 para libertar mais espaço, tal como a Korean Air Lines Co., que também está a converter os seus aviões. A Asiana Airlines Inc. obteve lucros trimestrais depois de realizar uma série de voos com aeronaves carregadas com componentes de tecnologia para satisfazer a procura dos consumidores por aparelhos domésticos.

A Emirates, a quarta maior transportadora de carga do mundo depois da Federal Express Corp., Qatar Airways e United Parcel Service Inc., disse que "reagiu muito rapidamente", aumentando a sua rede de transporte de carga para cerca de 50 destinos no início de abril, 75 em meados de maio e 100 no início de julho.

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