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Associação Peço a Palavra: venda “expõe TAP a situação de alto risco”
Num texto de opinião, a Associação Peço a Palavra, representada por António-Pedro Vasconcelos, aponta críticas em diferentes direcções no negócio da TAP com a Atlantic Gateway. David Neeleman é o principal alvo.
A Associação Peço a Palavra defende que a solução firmada na Assembleia Geral do passado dia 30 de Junho "expõe a TAP a uma situação de alto risco".
Num texto de opinião publicado esta terça-feira, 11 de Julho, no jornal Público, António-Pedro Vasconcelos, Bruno Fialho e Luís Filipe Ferreira apontam que a "solução encontrada pelo Governo não cumpre o que se propôs".
O principal alvo das críticas é o accionista David Neeleman, que não cumpria o critério de nacionalidade europeia para assegurar o controlo da companhia, segundo as normas de Bruxelas.
"Neeleman, aliás, sentiu-se na necessidade de ‘adquirir’, entretanto, também a nacionalidade cipriota, para tentar limpar a ilegalidade cometida na ‘compra’ da TAP, e que deveria, só por si, ter permitido a António Costa [primeiro-ministro] reverter o negócio", afirmam.
As decisões tomadas, que revelam "passividade" do Governo português, estão "ao serviço exclusivo dos seus interesses [de David Neeleman]", considera a Associação Peço a Palavra. Das opções de rotas e destinos à recapitalização, que "visaram unicamente salvar a Azul da falência".
No caso concreto da recapitalização, o texto recorda que a subscrição de obrigações da TAP deveria ter sido feita pelo fundo Cerebrum e pelo Banco de Desenvolvimento do Brasil. "Vieram a ser subscritas pela Azul e pela HNA, a empresa chinesa que, entretanto, adquiriu 24% da Azul", contam.
Por fim, as críticas aos membros do Conselho de Administração da TAP. "O único com experiência no sector da aviação é António Menezes, ex-CEO da companhia aérea açoriana SATA – experiência que não o torna especialmente recomendável: conduziu ao descalabro financeiro a mais antiga companhia aéra de Portugal, deixando-a com milhões de euros de prejuízo e à beira de falência", criticam.
Diogo Lacerda Machado, amigo do primeiro-ministro António Costa, é outro dos nomes referidos, por ter participado "nas nebulosas negociações que levaram à ruinosa compra da VEM pela TAP". Depois, foi "escolhido para liderar as negociações com a Atlantic Gateway [consórcio de Neeleman e Humberto Pedrosa], não tendo qualquer experiência na gestão de uma companhia aérea.