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Esmeralda Dourado e Bernardo Trindade na administração da TAP

Com estes nomes, a que se junta o de António Menezes, ex-CEO da Sata, fica fechado o lote de administradores não-executivos indicados pelo Estado. Marques Mendes, que revela os novos administradores, diz que a equipa da companhia é "equilibrada".

Duarte Roriz
11 de Junho de 2017 às 21:08
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O ex-secretário de Estado do Turismo Bernardo Trindade, a administradora da SAG Esmeralda Dourado e o antigo presidente da companhia aérea açoriana Sata, António Gomes de Menezes, serão os administradores não-executivos da TAP indicados pelo Estado.

A revelação foi feita este domingo, 11 de Junho, pelo comentador da SIC, Luís Marques Mendes, no seu habitual espaço de comentário semanal no Jornal da Noite.

Os nomes agora conhecidos vêm juntar-se a parte da administração confirmada este fim-de-semana pelo Expresso e que será eleita a 30 de Junho. Miguel Frasquilho, antigo secretário de Estado do Tesouro, deputado do PSD e presidente da Aicep, será o presidente do conselho de administração, a que se juntam ainda a presidente do conselho de administração de Serralves, Ana Pinho, e Diogo Lacerda Machado.

Este último, amigo pessoal do primeiro-ministro e antigo administrador não-executivo da brasileira VEM, foi fortemente contestado nas últimas horas pelo líder do PSD. Passos Coelho considerou uma "pouca vergonha" e uma nódoa a indicação de Lacerda para o cargo, já que foi "o mesmo homem que andou a negociar a reversão" da privatização da transportadora. O primeiro-ministro António Costa não quis comentar. 

Para Marques Mendes, a crítica que Passos faz de que há conflito de interesses, "não tem razão". "Se ele tivesse negociado em nome do Estado a reversão da privatização e agora fosse designado pelos privados, seria um conflito de interesse," argumenta. O comentador diz contudo que a escolha não passa "uma boa imagem" e "fica a sensação de que é um prémio por ter ajudado o Governo noutros dossiers."

A maior dúvida para Marques Mendes reside no modelo de privatização que divide o capital por 50% - 50% entre Estado e privados. "Estas soluções muitas vezes conduzem ao bloqueio e ao desastre," adverte.

Quem são os novos administradores

Bernardo Trindade foi secretário de Estado do Turismo dos governos de José Sócrates entre 2005 e 2011, ano em que passou a integrar o grupo Porto Bay Hotels & Resorts, liderado pelo pai, António Trindade. Desde o final de Março deste ano, lidera a estrutura de missão que tem o objectivo de atrair investimento para Portugal no âmbito do Brexit.

O nome de Esmeralda Dourado, por seu lado, chegou a ser recentemente referido para integrar a administração da Caixa Geral de Depósitos como presidente do conselho de administração, o que acabou por não acontecer. Durante dez anos foi presidente executiva da SAG Gest, tendo ainda trabalhado no Citibank e sido administradora do Fonsecas & Burnay. Politicamente, esteve na direcção da campanha presidencial de Marcelo Rebelo de Sousa, que viria a ser eleito em 2016.

Já António Gomes de Menezes, CEO da Sata entre 2007 e 2014, foi ainda administrador da EuroAtlantic (a companhia do grupo Pestana), tendo sido entre 2015 e Março deste ano administrador da PrivatAir. Desde Abril que as suas funções nesta empresa passaram a ser de consultoria.

Marques Mendes considerou que os nomes agora conhecidos denotam uma equipa "boa e equilibrada", ao trazer gestores experientes, conhecedores de aviação, além de ter representadas as sensibilidades do Norte, do turismo e das Regiões Autónomas. A isto, diz, Frasquilho acrescenta a experiência do mundo financeiro e das exportações, sendo a TAP "a maior exportadora portuguesa".


EDP: Catroga teve "afirmação infeliz"

O antigo presidente do PSD pronunciou-se ainda sobre o caso da investigação às rendas da EDP, que deu origem à conferência de imprensa da administração da eléctrica na semana passada. Para Marques Mendes foi uma "surpresa" a afirmação do presidente do conselho consultivo da empresa, Eduardo Catroga, segundo a qual "não se brinca com empresas cotadas em bolsa".

"É uma afirmação profundamente infeliz," disse o comentador, argumentando que não é a primeira vez que uma investigação se inicia com denúncias anónimas e que a lei é igual para todos os cidadãos e para as empresas, sejam ou não cotadas em bolsa.

"O que temos visto não é alguém a brincar com empresas cotadas em bolsa. O que vimos foram empresas cotadas em bolsa a brincar com o país e com o dinheiro dos portugueses. Foi o caso do BES e da PT," afirmou.

O comentador disse ainda que é provável que se juntem novos arguidos aos já conhecidos neste caso, mas deixou algumas dúvidas: porque é que só agora se inicia a investigação, quando os factos são conhecidos há vários anos e porque é que os arguidos foram assim constituídos de serem ouvidos.

E questionou também por que razão o governo anterior não foi mais longe nos cortes nas rendas de energia e porque privatizou primeiro a EDP e só depois fez os cortes. Sobre a promessa deixada pelo actual Governo de que cortará 500 milhões nas rendas perguntou se é apenas "show off" e se vai reduzir o preço da energia.

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