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Mário Vaz: Propostas da Anacom para 5G “vão hipotecar futuro do país”

O líder da Vodafone Portugal alerta que as propostas de regulamento da Anacom para os leilões do 5G desincentivam o investimento e “vão hipotecar o futuro do país”.

João Miguel Rodrigues
20 de Outubro de 2020 às 16:50
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O presidente executivo da Vodafone Portugal, Mário Vaz, criticou a falta "de cuidado e rigor" com que o processo do 5G tem sido tratado pela Anacom. Durante a audição que está a decorrer no Parlamento, o líder da operadora que entrou há 28 anos em Portugal, lamentou ainda que as recentes intervenções da entidade reguladora tenham tido por base "uma leitura distorcida e ficcionada da realidade", principalmente no que toca ao "discurso de falta de concorrência no setor".

"O período que vivemos veio comprovar a importância estratégica das telecomunicações para o país", começou por destacar Mário Vaz, acrescentando que, por esses motivos, "o 5G é inevitável e imprescindível". Aliás, esta importância justifica o facto de "estar no centro da disputa geopolítica entre a China e os Estados Unidos", disse, referindo-se às polémicas em torno da Huawei.

Por estas razões, refere que é preciso que o processo de atribuição das frequências seja olhado com atenção. No entanto, na sua opinião, não tem havido esse olhar. "Infelizmente esse cuidado e rigor não se tem verificado e coloca Portugal numa situação de atraso" na implementação desta nova tecnologia, "que nunca aconteceu em casos anteriores", como no 3G ou 4G.

Mário Vaz sublinhou ainda que a "Vodafone não se preocupa com a entrada de novos 'players'". Preocupa-se pelo facto de a proposta de regulamento prever a entrada em condições "ilegais". A par com a Nos, a Vodafone Portugal avançou com uma queixa em Bruxelas alegando que a proposta da Anacom implica auxílios de Estado devido à obrigatoriedade dos atuais operadores abrirem as suas redes a novos entrantes, e os novos players não terem qualquer obrigação de cobertura como terão a Nos, Meo e Vodafone.

"Caso as preocupações aqui elencadas não sejam ultrapassadas, levarão ao aumento da litigância e vão hipotecar o futuro do país porque levam ao desinvestimento. Esta proposta [da Anacom] é desincentivadora do investimento", reforçou.

Tendo em conta estas preocupações, a CEO da Europa da Vodafone já ameaçou que a operadora pode não ir a jogo no leilão do 5G em Portugal caso as regras e não mudem.

"Há uma discriminação significativa e injustificada contra os operadores de longa data, como a Vodafone, e somos obrigados a reconsiderar todas as nossas opções em Portugal, incluindo licitar por menos espectro ou não licitar, se o leilão for tão defeituoso", disse Serpil Timuray em entrevista à Reuters.

Além disso, a responsável lembrou o investimento de 1,6 mil milhões de euros em Portugal nos últimos seis anos da Vodafone, acrescentando mesmo que, "infelizmente, a Vodafone terá de reconsiderar os planos de estabelecer um centro pan-europeu de I&D em Portugal", com 400 especialistas para o desenvolvimento de serviços 5G e soluções digitais empresariais.

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