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Há espaço para baixar preços das telecomunicações? "O mercado vai responder"
A Nos, a Meo e a Vodafone refutam os números apresentados pela Anacom sobre os preços das telecomunicações. E defendem que "o consumidor não sente que compra a um preço elevado".
Os três principais operadores de telecomunicações uniram-se para deixar fortes críticas aos números apresentados pela Anacom sobre os preços dos serviços do setor em Portugal. Em reação à apresentação de Luís Manica, diretor de regulação de mercados do regulador, a Nos, a Meo e a Vodafone referiram que não reconheciam a fotografia do setor apresentada pelo responsável.
Segundo os números apresentados por Luís Manica, a partir de dados da Comissão Europeia, os preços em Portugal aumentaram 14,3% desde dezembro de 2010, ao contrário da União Europeia, onde os preços em média registaram uma queda de 10,6%.
"Acho que se tivéssemos um Governo Sombra seria a ministra da indignação", começou por referir Filipa Carvalho, diretora jurídica e regulação da Nos. "Temos um profundo sentimento de injustiça. Acho que a apresentação [de Luís Manica] é altamente desconcertante", lamentou.
Por estes motivos, considerou que tinha o dever de explicar o que defende ser a "realidade dos factos". "A Anacom publicou há meia dúzia de dias um estudo onde podíamos retirar a seguinte informação: temos quatro operadores, cobertura de 81,2% com redes de alta velocidade, novas ofertas criadas à medida do cliente e penetração da banda larga móvel e fixa com valores nunca antes vistos. Diz lá: valores históricos. Por isso, a fotografia que a Anacom mostrou aqui parece mostrar outra realidade que desconheço", acrescentou.
Uma posição partilhada por Helena Féria, da Vodafone e por Sofia Aguiar, da Altice Portugal, que aproveitaram para relembrar que por ano o setor investe mil milhões de euros, apesar de as receitas estarem a cair.
Questionadas sobre se não havia mesmo espaço para descer os preços, Helena Féria respondeu: "Deixemos o mercado funcionar. O mercado responde a essa questão como tem respondido". E foi mais longe: "O consumidor não sente que compra a um preço elevado".
Já Sofia Aguiar aproveitou para explicar que os dados apontados pela Anacom "comparam coisas incomparáveis". Isto porque os dados da OCDE baseiam-se no índice de preços do consumidor que inclui cabazes de produtos que não são utilizados em Portugal.
"Dito isto, não consigo entender a mensagem que a Anacom quer transmitir. A ideia que passa é que concebeu um desenho do mercado e está a tentar encontrar dados para o justificar. Mas o regulador não está aqui para desenhar o mercado", apontou a responsável da Nos.