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Governo aprova diploma que permite à Anacom cobrar taxas às operadoras
O Tribunal Constitucional decidiu que as taxas cobradas pela Anacom às operadoras de telecomunicações são inconstitucionais. O regulador admitiu ao Negócios que poderia não cobrar nada este ano, mas o Governo aprovou agora um diploma para tornar legal a cobrança.
O Governo aprovou em Conselho de Ministros um diploma que vai permitir à Anacom cobrar taxas sobre os seus regulados, nomeadamente as operadoras de telecomunicações. Desta forma, cria a base legal para a cobrança este ano, e nos próximos, depois de o Tribunal Constitucional ter decidido que as taxas exigidas no passado são inconstitucionais.
"O Tribunal Constitucional declarou a inconstitucionalidade da contribuição para a Anacom, mas entendemos que quem deve pagar a regulação independente são os regulados", afirmou António Leitão Amaro, ministro da Presidência, na conferência de imprensa após o Conselho de Ministros.
Ministro da Presidência
Neste sentido, o Executivo decidiu legislar, criando a base legal necessária para que o regulador liderado por Sandra Maximiano possa cobrar taxas. "Aprovamos hoje um diploma que cria uma contribuição que esperamos possa ser paga ainda relativamente ao ano de 2024", referiu o ministro.
A Anacom tinha afirmado ao Negócios que este ano "não foi cobrada" qualquer taxa às empresas, acrescentando que "dificilmente será cobrado este ano" qualquer valor. Contudo, salientava que estava a "trabalhar com o Governo nesta matéria, de forma a encontrar soluções, designadamente as soluções legislativas adequadas" para que possa cobrar as taxas que o TC diz serem inconstitucionais.
O diploma agora aprovado pelo Governo vem resolver a questão da inconstitucionalidade encontrada pelos juízes do Palácio Ratton que ameaçava deixar a Anacom "numa situação difícil", como assumiu Sandra Maximiano em entrevista ao Negócios e à Antena 1. E sem estas taxas, os resultados seriam afetados, comprometendo o financiamento da exploração espacial, do ICA e da ERC.
Quanto às taxas cobradas no passado, essas são, efetivamente, inconstitucionais, devendo as operadoras ser ressarcidas dos valores pagos sem uma base legal. A Anacom poderá ter de vir a ressarcir as empresas de telecomunicações um valor que pode ficar entre os 170 e os 400 milhões de euros. O regulador tem provisões que ascendem a 195 milhões de euros.
(Notícia atualizada às 15h34 com mais informação)