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Gestores ligados a Isabel dos Santos demitem-se da Nos
O "chairman" da Nos, que é advogado de Isabel dos Santos, e os administradores da Nos Mário Leite da Silva e Paula Oliveira renunciaram aos cargos na operadora.
Os três administradores não executivos da Nos envolvidos no Luanda Leaks renunciaram aos cargos. A informação foi comunicada esta quinta-feira à CMVM pela operadora.
"Jorge de Brito Pereira, Mário Filipe Moreira Leite da Silva e Paula Cristina Neves Oliveira apresentaram hoje, ao Conselho Fiscal, as respetivas renúncias aos cargos de membros não executivos do Conselho de Administração desta sociedade", lê-se no comunicado com a data de 23 de janeiro. A causa da renúncia não é divulgada.
A decisão da saída destes administradores foi abordada na reunião do conselho de administração que decorreu na terça-feira, a qual foi marcada à última da hora, como o Negócios noticiou.
Este encontro aconteceu no dia a seguir à Sonae ter dito que estava a acompanhar "com atenção e preocupação" as notícias do Luanda Leaks, principalmente as "alusões feitas a vários membros não executivos do conselho de administração da Nos", admitiu em comunicado a Sonae que é, por via da parceria com a empresária angolana, a maior acionista da operadora (52%) através da Zopt. Na mesma nota, o grupo liderado por Cláudia Azevedo garantiu ainda que "os órgãos competentes da sociedade estão a avaliar a situação de forma rigorosa e com sentido de urgência".
Antes desta reunião, os órgãos de ética e "governance" da Nos já tinham chamado estes responsáveis para explicar as recentes notícias sobre o envolvimento, com Isabel dos Santos, na alegada transferência de fundos públicos angolanos para o Dubai foi tomada antes da reunião do conselho de administração que decorreu na terça-feira ao final do dia sobre o mesmo tema. As audições tinham sido agendadas para segunda-feira.
Contudo, o caso ganhou novas proporções na quarta-feira, 22 de janeiro, quando a Procuradoria-Geral da República de Angola anunciou que tinha constituído a empresária como arguida, bem como Mário Leite da Silva e Paula Oliveira.
As investigações em causa
Um dos visados no universo Nos do caso Luanda Leaks é Jorge Brito Pereira, o advogado de Isabel dos Santos que segundo a investigação do Consórcio Internacional de Jornalistas terá ajudado na alegada transferência de cerca de 115 milhões de dólares para uma "offshore" no Dubai: a Matter Business Solutions, a qual, segundo a mesma investigação, seria controlada também pelo advogado.
Uma informação que foi desmentida pelo próprio: "Não tenho, nem nunca tive, qualquer ação nessa sociedade, nunca ocupei qualquer cargo nos órgãos sociais, nunca movimentei qualquer conta bancária e, em suma, nunca tive qualquer intervenção que não a de constituir formalmente a sociedade, com os poderes que me foram conferidos pela sua acionista única, no exercício da minha profissão de advogado". Contactado pelo Negócios para esclarecer se tinha sido contactado por algum acionista para prestar esclarecimentos, Jorge Brito Pereira remeteu para essa nota emitida segunda-feira.
Os nomes de Mário Leite da Silva e Paula Oliveira também são mencionados na investigação por serem do círculo de confiança de Isabel dos Santos.
Paula Oliveira é apontada como uma amiga próxima de Isabel dos Santos e o seu nome também aparece associado à Matter Business Solutions, segundo o consórcio internacional de jornalistas de investigação que teve acesso a mais de 715 mil documentos. A responsável terá assinado documentos relacionados com as alegadas transferências de fundos públicos. Um desses documentos terá sido assinado cinco dias antes de Isabel dos santos sair da presidência da Sonangol, em novembro de 2017, exonerada pelo atual presidente de Angola, João Lourenço.
Já Mário Leite da Silva, o braço-direito de Isabel dos Santos, também pediu a demissão de presidente do Banco de Fomento de Angola no dia posterior à revelação do "Luanda Leaks", a 20 de janeiro.
Quem gravita à volta de Isabel dos Santos: