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CEO da Altice convocou trabalhadores. Sindicato teme que operadora falhe compromissos
Sindicato dos Trabalhadores do Grupo Altice em Portugal teme que operadora volte atrás "no compromisso das melhorias das condições, benefícios e salários dos trabalhadores com base nos resultados operacionais".
A CEO da Altice Portugal, Ana Figueiredo, voltou a reunir-se com os trabalhadores da empresa para garantir a "estabilidade" da operação, apesar da investigação a alegados esquemas financeiros que terão envolvido altos cargos da operadora.
A investigação em causa, denominada de "Operação Picoas", tem Armando Pereira, cofundador do grupo Altice, e Hernâni Vaz Antunes, braço direito de Pereira, como principais arguidos, mas não só. No total, suspeita o Ministério Público (MP), os alegados esquemas terão lesado o Estado e o grupo empresarial em centenas de milhões de euros.
A responsável pela operação em Portugal reforçou agora diretamente aos trabalhadores a mensagem transmitida a 17 de julho, logo após o início das buscas que resultaram na detenção de Armando Pereira, aos sindicatos.
Contudo, apesar das garantias, o STPT diz que "não há ninguém que possa afirmar como isto irá acabar", uma vez que "o problema não é só a Altice Portugal, mas sim o grupo todo". E teme que o protocolo negocial discutido na última negociação, em que "está dito que a empresa irá discutir um princípio de que os valores a serem atribuídos em futuras negociações terão em conta os resultados operacionais da empresa", estejam em risco.
"Falta assumir o compromisso de melhorias das condições benefícios e salários dos trabalhadores com base nos resultados operacionais", afirma.
O Negócios questionou a Altice Portugal sobre se está em risco o compromisso referido pelo STPT, mas até à data não recebeu resposta.
A investigação a negócios ligados ao grupo Altice já levou a uma série de mudanças na empresa, em Portugal e lá fora. Alexandre Fonseca, co-CEO da operadora francesa e chairman na Altice USA e na Altice Portugal, suspendeu funções após ter sido divulgado que este será suspeito de recebimento indevido relativo a serviços fictícios. Recorde-se que Fonseca era CEO da operação em Portugal nos anos em que os factos agora investigados ocorreram.
E a Alexandre Fonseca seguiram-se outros, como João Zúquete da Silva, administrador da Altice Portugal, que é responsável pelo património.
Além dos pedidos de suspensão, a própria Altice também colocou vários trabalhadores em "licença". "A Altice Internacional e as suas afiliadas colocaram vários representantes legais, gestores e funcionários importantes em Portugal e no estrangeiro de licença enquanto a investigação está em curso", revelou a empresa na semana passada.