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Cadete de Matos deixa cargo "com satisfação" mas diz ter sido alvo de "campanhas difamatórias graves"

Ao fim de seis anos e quatro meses, João Cadete de Matos prepara-se para cessar funções. Há áreas em que gostava de ter ido mais longe, mas diz terminar o cargo com sentido de dever cumprido. Sobre os operadores, diz não guardar ressentimento, mas afirma que há linhas que foram ultrapassadas.

Nuno Fox / Lusa
Sílvia Abreu silviaabreu@negocios.pt 07 de Dezembro de 2023 às 20:22
O presidente da Anacom, João Cadete de Matos, cessa o mandato com "satisfação" e sem "ressentimento" dos operadores. Garante, contudo, ter sido alvo de "campanhas difamatórias graves".

Num encontro com os jornalistas, em que fez um balanço sobre os seis anos de mandato, destacou o facto de, sob a sua gestão, a "Anacom ter olhado para as pessoas mais esquecidas". 

Mas assume que há aspetos em que gostava de ter ido mais longe, nomeadamente em alterações à lei "que respeitassem mais as recomendações do regulador e que reforçassem a sua independência".

Na sua perspetiva, os detentores de cargos como o que ocupa deviam ser alvo de uma avaliação. Também os gestores das empresas deveriam ser submetidos a um maior escrutínio. "Alguém que tenha falhas graves não deveria poder ser gestor", defendeu, acrescentando que esta foi uma das propostas do regulador, mas que não teve acolhimento. 

Lamentou ainda deixar o cargo sem que tenha sido alcançado até ao momento um acordo de "roaming" nacional entre os operadores, que permitia aos consumidores usar a rede de outra empresa de telecom que não a sua, mas assinala como positivo o acordo de partilha de infraestruturas entre a Nos e a Vodafone

"Os dois operadores estão a ser capazes de melhorar a cobertura", afirmou. Apesar de nenhum dos operadores se destacar a nível global, o ainda presidente da Anacom diz que os estudos do regulador mostram que a Meo, detida pela Altice Portugal, "não tem investido ao mesmo ritmo que os outros dois".

No início do próximo ano, apesar de já sob gestão de Sandra Maximiano, o regulador fará a fiscalização das obrigações de cobertura 5G, disse. 

"Fui sujeito a campanhas difamatórias graves"

Questionado sobre se guarda ressentimento dos operadores, que lhe apontaram várias críticas ao longo do mandato, garantiu que "não". 

"Quero distinguir os titulares dos cargos de gestão da organização. Uma coisa é o espírito da empresa e de serviço, outra são os presidente-executivos. Depois perceber que essas pessoas, quando atacam o regulador, estão a defender os seus interesses", afirmou.

"Agora, quando se passa a linha do respeito à instituição, acho que se está a entrar num domínio que só acontece porque há um sentimento de impunidade. Lembro-me de ouvir a certa altura 'vamos cortar relações com o regulador' e outras semelhantes. Esse tipo de situações só são possíveis numa situação em que há ideia de que há uma isenção da responsabilidade e de que não tem de se prestar contas", defendeu, acrescentando que, além desta, foi também ultrapassada a linha da difamação.

"Fui sujeito a campanhas difamatórias graves", vincou, dizendo que entendeu sempre esse comportamento como tentativas de condicionamento.
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