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5G: Proposta da Anacom é "completamente unilateral" e "abusiva", acusa Altice
A Altice Portugal criticou esta terça-feira a proposta da Anacom de alteração ao regulamento do leilão 5G, que disse ser "completamente unilateral" e "abusiva", contra a qual a dona da Meo "não deixará de se pronunciar".
01 de Junho de 2021 às 18:18
A Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom) aprovou na segunda-feira um projeto de alteração do regulamento do leilão 5G, de forma a acelerar o processo, tornando viável a realização de 12 rondas diárias, admitindo considerar "outras opções" caso o processo se prolongue.
A nova proposta do regulador, "completamente unilateral, além de ser um reconhecimento dos erros na elaboração do regulamento do leilão, que a própria nunca assume, é contraditória com toda a sua atuação anterior" e "só demonstra que a Altice Portugal tem razão desde o início deste processo e que este é um verdadeiro 'flop' nacional com consequências gravíssimas para a economia do país", refere a dona da Meo, em comunicado.
"O abalo à estabilidade procedimental é ainda mais censurável tendo em conta o impacto sobre os trabalhadores dos operadores dedicados ao processo uma vez que prevê a obrigatoriedade de 10 horas de trabalho diário", prossegue a empresa liderada por Alexandre Fonseca.
Este "desgaste redobrado que o regulador impõe agora às equipas é inaceitável, sobretudo no momento em que o leilão do 5G entra na sua fase mais crítica", sublinha.
"São 100 dias de atraso para o país e para o que verdadeiramente importa: o lançamento da nova geração móvel ao serviço da indústria e da revitalização do tecido empresarial e de todos os portugueses", aponta a Altice, referindo os impactos financeiros e "já irreversíveis" para a indústria.
"Devemos todos, aqueles que se preocupam com o futuro, refletir seriamente e prepararmo-nos para o perpetuar de um país sem 5G, um País onde o lançamento comercial de serviços da nova tecnologia móvel de comunicações poderá ser apenas uma miragem em 2021, adiando esta transformação decisiva para 2022", refere.
A Altice Portugal lamenta ainda que "quase 100 dias decorridos daquele que é, seguramente, o mais lento, longo e atrasado leilão para o 5G na Europa, o regulador venha a público queixar-se das suas próprias decisões e admitir o atraso do país que só à sua atuação pode ser atribuído".
A dona da Meo recorda que "há cerca de três anos que o presidente" da Anacom, João Cadete de Matos, "não mantém qualquer tipo de diálogo com os líderes dos operadores de telecomunicações sobre processos vitais para a estratégia nacional do setor, como é o caso do 5G".
A Altice aponta que a Anacom vem "agora reconhecer o atraso do país e propor a alteração do regulamento para acelerar o fim do leilão, facto que só pode deixar a sociedade portuguesa, em particular, o setor das comunicações eletrónicas, estupefactos".
O grupo recorda que, "no dia 10 de novembro do ano passado, a Altice começou a alertar para as consequências da apresentação tão tardia do documento do leilão e que tem repetidamente reiterado sobre as graves consequências para o setor e para o país".
Refere ainda que "há sete meses já a Altice Portugal disse que o regulamento do 5G favorecia ilegalmente os novos entrantes, criando condições preferenciais quanto a obrigações de cobertura e acentuava as assimetrias regionais já existentes entre a população, através de obrigações de cobertura irracionais e únicas na Europa, que apenas servem os objetivos mediáticos deste regulador".
Além disso, "ao longo do último ano, a Altice Portugal advertiu para o facto do atual regulamento em vigor não estar munido de mecanismos de proteção que inviabilizassem os cenários de experimentalismo e amadorismo" que se vive.
A empresa tece ainda duras críticas ao regulador, apontando a "desfaçatez da postura" que "veio agora a público tentar, de forma ardilosa e a roçar a má-fé, criticar os operadores pelos atrasos no leilão do 5G por estarem a seguir, rigorosamente, as regras do leilão definidas pela própria Anacom".
Este facto, sublinha, "é demonstrativo que, para o atual regulador, não há quaisquer limites, antes ausência de princípios e valores, numa atuação do 'vale tudo'".
O leilão principal para a atribuição das licenças de quinta geração (5G) arrancou há quase cinco meses (14 de janeiro), tendo atingido na segunda-feira o 97.º dia de licitação.
Em comunicado enviado na segunda-feira à noite, o regulador adianta que aprovou, em 31 de maio, "um projeto de alteração do regulamento do leilão que, tal como se indicou no início do procedimento regulamentar, visa aumentar o número diário de rondas da fase de licitação principal",
A alteração "permitirá imprimir maior celeridade ao leilão sem afetar as estratégias dos licitantes, tornando viável a realização de 12 rondas diárias", refere a Anacom.
"Neste momento, considera-se que, nas circunstâncias atuais, esta é a medida adequada para atingir o objetivo pretendido, tendo a Anacom a expectativa de que seja suficiente", salienta o regulador, acrescentando que "num cenário de maior prolongamento do leilão" o regulador "poderá considerar outras opções, incluindo a da inibição da utilização dos incrementos mínimos de 1% e de 3% que os licitantes podem indicar nas suas licitações".
O projeto de alteração do regulamento é agora submetido a consulta pública durante cinco dias úteis.
A atribuição das licenças 5G esteve prevista para o primeiro trimestre, tendo em 08 de abril a Anacom anunciado a decisão de um procedimento de alteração do respetivo regulamento para acelerar o leilão, o que foi amplamente criticado pelos operadores históricos.