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Para o fundador da Siri, a aposta deve ser nos grandes problemas
Adam Cheyer defende que os empreendedores devem procurar "algo ambicioso o suficiente para que falhar seja uma possibilidade" real. Pois, caso contrário, "os objectivos são muito baixos".
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A possibilidade de falhar não é algo que preocupe muito Adam Cheyer, co-fundador da Siri . Em entrevista ao Negócios, aquando de uma passagem por Lisboa, o norte-americano sustentou que encara todos os problemas com a possibilidade de poder " falhar, mas vou fazer o meu melhor, vou trabalhar o mais arduamente possível e veremos como corre".
Além disso, Cheyer defende que os empreendedores devem procurar "algo ambicioso o suficiente para que falhar seja uma possibilidade bastante viável". "E para uma start-up, fazer algo que é muito simples [não compensa]. Uma empresa grande consegue fazê-lo melhor, tem mais recursos, mais PhD [doutorados], mais dinheiro e mais clientes. Por isso, têm de escolher um objectivo que ninguém pensa que será possível [atingir]", acrescentou.
Questionado sobre se identifica alguns erros que tenha cometido no desenvolvimento do Siri, Cheyer sustenta que "fizemos um bom trabalho". "Demorou um bocadinho mais do que o que tinha pensado mas acho que tivemos uma experiência única", afirmou, sinalizando ainda que isso "não foi verdadeiramente um erro".
Fazer o que se gosta e visualizar
"Escolher ideias pelas quais sejam apaixonados", pois o seu desenvolvimento pode demorar mais do que esperam. Esta é um dos lemas de Adam Cheyer. "Comecei o Siri em 1993, há mais de 20 anos. Não foi um sucesso imediato, tem de se trabalhar e esperar pela altura certa. Se tivesse começado o Siri mais cedo, teria falhado", conta. Por outro lado, o norte-americano defende que "também é importante visualizar o que é significa o sucesso".
Que erros cometeram quando a Siri era uma 'start-up'?
Fizemos um bom trabalho. Demorou um bocadinho mais do que o que tinha pensado mas tivemos uma experiência única. Não foi verdadeiramente um erro, mas demorou mais e foi um bocadinho mais difícil do que tínhamos pensado.
Receou falhar?
Não me preocupo muito com isso. Encaro todos os problemas com "posso falhar mas vou fazer o meu melhor, vou trabalhar o mais arduamente possível e veremos como corre. Se falharmos, falhamos". Devemos [procurar] algo ambicioso o suficiente para que o falhanço seja uma possibilidade bastante viável porque senão os objectivos são muito baixos. E para uma 'start-up', fazer algo que é muito simples [não vale a pena], uma empresa grande consegue fazê-lo melhor.
Que conselhos pode dar os empreendedores?
Uma lição é escolher ideias pelas quais sejam apaixonados, porque podem demorar mais do que esperam [a desenvolverem-se]. Comecei o Siri em 1993. Por isso, não foi um sucesso imediato, tem de se trabalhar e esperar pela altura certa. Acho que é também importante visualizar o que significa o sucesso. Lembro-me que quando estávamos a começar o Siri entrei numa loja da Apple e nas paredes da loja estavam os ícones do Google, Skype e pensei: um dia a Siri vai estar naquela parede.
Adam Cheyer há muito que está ligado às tecnologias e ao empreendedorismo. Talvez seja mais conhecido por ser co-fundador da Siri (expressão em norueguês significa linda mulher que vai levar-te à vitória), uma aplicação que foi vendida, em Abril de 2010, à Apple por 200 milhões de dólares, de acordo com a imprensa internacional.
No entanto, Cheyer é também responsável pelo "nascimento" de duas outras start-ups: a Change.org e a Genetic Finance. Além disso, foi também investigador no Standford Research Institute, na área da interacção entre humanos e computadores.
Ao Negócios, Cheyer não quis avançar em que projectos estava actualmente a trabalhar, mas sinalizou que é "uma pessoa da tecnologia".