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Farfetch pronta a “reagir e contrariar desafios” da regulação na China

Pequim tem sinalizado um aperto na regulação às tecnológicas, numa altura em que a Farfetch tem apostado no mercado chinês. A empresa garante que está preparada para quaisquer desafios que possam surgir nessa área.

20 de Agosto de 2021 às 13:00
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Os clientes e o volume de negócios da Farfetch reforçaram nos meses antes do verão. A empresa luso-britânica arrecadou 500 mil novos clientes no segundo trimestre do ano e as compras médias aumentaram a "quase dois dígitos", segundo diz Luís Teixeira, responsável de operações, ao Negócios, após a apresentação de resultados. O mercado chinês tem ganho importância para a Farfetch, que não teme um aperto na regulação do país.

Apesar de os clientes norte-americanos continuarem a deter a maior quota de mercado, a China foi novamente um mercado relevante para a empresa criada por José Neves. O gigante asiático, que dá cartas no mercado de luxo, é uma das apostas da Farfetch. "Aquilo que são os nossos pilares estratégicos continuam a ser as apostas certas, como por exemplo a China. No segundo trimestre, a nossa performance na China continuou a revelar crescimentos mais rápidos do que o total do marketplace", resume o COO da plataforma de moda de luxo.

Este foi o primeiro trimestre completo com loja aberta no Tmall -- no pavilhão de luxo do shopping digital da chinesa Alibaba -- o balanço é positivo. A Farfetch estreou-se por lá em março de 2021, apresentando um leque de novas marcas de luxo ao cliente chinês.

"É natural que no canal Tmall estejamos a ver um crescimento acelerado e um "engagement" muito interessante de novos clientes de luxo. Para já, os números são bastante animadores e muito interessantes. Mas, para ser totalmente transparente, também o são para os nossos canais da Farfetch.com [na China]", refere este responsável.

Tecnológica diz ter "todos os meios" para continuar a crescer na China
O crescimento da tecnológica na China poderá, no entanto, encontrar contratempos já que as autoridades do país têm exercido uma crescente pressão regulatória especialmente que tem vindo a afetar especialmente as gigantes tecnológicas do país como a Tencent ou a Alibaba. Questionado sobre se esta tendência gera algum receio nas perspetivas da companhia, Luís Teixeira diz que "receio é uma palavra muito forte".

"Penso que, enquanto plataforma e todo o investimento que fizemos na China ao longo dos anos, incluindo a excelente equipa que temos localmente, o que podemos dizer é que estamos muito preparados para reagir e tentar contrariar quaisquer desafios que daí possam vir".

O responsável admite, ainda assim, que há imprevisibilidade e não consegue prever tudo o que possa mudar nesse mercado. "Neste momento é muito difícil de prever seja o que for, porque não sabemos quais serão as futuras medidas. Obviamente que, naquilo que tem sido mais visível, em algumas medidas palpáveis, como a proteção de dados e como é que as plataformas protegem os dados dos clientes chineses, as autoridades regulatórias são bastante exigentes. O que posso dizer é que temos passado com distinção a todas as auditorias que temos tido."

Assim, a Farfetch aponta que, "se mais desafios vierem" está numa posição onde detém "todos os recursos" para responder e "continuar a conquistar o mercado chinês, não só para os consumidores mas também para ser a plataforma e um canal para o mercado chinês."

Outlook aponta primeiro EBITDA positivo no ano completo
Independentemente dos desafios que possam ou não apresentar-se, Luís Teixeira aponta que a empresa mantém o foco para o resto de 2021 na meta de crescimento da plataforma e do EBITDA (lucros antes de juros, impostos, depreciações e amortizações). "Estamos muito focados e temos um compromisso de fechar o ano com um crescimento da plataforma digital entre os 35 e os 40% e pela primeira vez atingir o EBITDA positivo no ano completo, de 1 a 2%".

No segundo trimestre do ano, o EBITDA ajustado cifrou-se em 20,6 milhões de dólares negativos, uma redução face aos 25,2 milhões de um ano antes, de acordo com os dados divulgados na quinta-feira após o fecho de Wall Street. A empresa alcançou um lucro de 87,9 milhões de dólares (que compara com perdas de 435,9 milhões de dólares no homólogo) e faturou 523 milhões de dólares, mais 43% do que em igual período no ano passado.

Além de fechar o ano no verde, a Farfetch tem também como objetivo para este ano aumentar a equipa. A empresa tem globalmente 900 vagas abertas, sendo "374 para funções em Portugal". Desse "bolo", 56 estão dirigidas a recém-graduados, através da sexta edição do programa Plug-In Graduates, que quer atrair novos talentos na área da tecnologia, dados e produto.

"Portugal continua a ser o centro operacional da empresa, em termos daquilo que é o coração da plataforma e em tudo o que é tecnologia, mas também operações", reforça o responsável. E, depois de anunciado um novo projeto para um escritório da empresa em Matosinhos, com data prevista para 2025, a companhia está a ultimar pormenores. "Estamos a falar de um projeto que acreditamos que será um marco naquilo que são os espaços de trabalho do futuro e que representa também um importante investimento nas nossas pessoas e também em Portugal. Para fazermos algo que crie esta marca temos de esperar que os timings são também um pouco longos".
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