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China quer OMC a inspecionar restrições ao acesso a "chips" liderada pelo EUA
Representante chinês sustenta que Estados Unidos, Japão e Países Baixos podem ter "violado" princípios da Organização Mundial do Comércio ao limitar vendas para a China de equipamentos para o fabrico de "chips".
Pequim apelou à Organização Mundial do Comércio (OMC) para rever as restrições às exportações de "chips" para a China lideradas pelos Estados Unidos, Japão e Países Baixos, sob o argumento de que podem ter "violado" princípios daquele organismo.
Segundo o South China Morning Post, que cita a televisão estatal CCTV, a China questionou os três países sobre a existência de um acordo com vista a limitar o seu acesso a equipamentos de fabrico de "chips" numa reunião de dois dias do Conselho para o Comércio de Bens, da OMC, que terminou na terça-feira, em Genebra.
"Existe um acordo? Se sim, devem os membros da OMC ser notificados e o acordo ser revisto por eles?", indagou um representante chinês no encontro, dando conta de que a China acredita que existe um acordo que "viola o princípio de abertura e transparência da OMC e mina a autoridade e eficácia das regras da organização".
"A China exige que os Estados Unidos, Japão e Países Baixos notifiquem a OMC do acordo e das medidas subsequentes e apela à OMC para reforçar a supervisão da aplicação dessas medidas", frisou.
A suspeita da existência de um acordo surgiu em janeiro num comunicado da ASML, que domina o mercado de equipamentos exclusivos e de ponta, em que a firma holandesa indicava que não tinha sido ainda finalizado, mas que iria cobrir tecnologia avançada de fabrico de "chips", "incluindo, mas não se cingindo a ferramentas avançadas de litografia".
Confrontado com a questão pelos jornalistas, o ministro holandês do Comércio Externo, Liesje Schreinemacher, afirmou que "os detalhes ainda precisavam de ser trabalhados".
O governo holandês tem estado sob pressão por alegadamente alinhar com os Estados Unidos na tentativa de limitar a capacidade da China para produzir "chips" de ponta e, no mês passado, afirmou que iria restringir as exportações das tecnologias de "chips" "mais avançadas", o que inclui os sistemas da ASML de litografia com luz ultravioleta extrema, tornando quase impossível à China desenvolver "chips" com menos de 5 nanómetros (5nm) usados em processadores centrais.
Já na semana passada, o Japão também disse que irá impor controlos à exportação de 23 tipos de tecnologia de ponta fornecida por grandes empresas, como a Tokyo Electron, meses depois de uma operação de "lobby" por parte dos Estados Unidos que estabeleceram amplas restrições a semi-condutores de ponta e a ferramentas para o fabrico de "chips" em outubro, indica o South China Morning Post.