Bruxelas vai aplicar uma multa ao Facebook por considerar que a rede social enganou as autoridades nas informações que forneceu durante o processo de aprovação da compra do WhatsApp, noticiou o Financial Times.

A decisão ainda não é oficial, sendo que não é também conhecido o valor da multa, que pode chegar a um máximo de 1% das receitas do Facebook no ano passado (248 milhões de euros).

A conclusão preliminar à investigação à aquisição foi anunciada em Dezembro do ano passado. "A Comissão estima, a título preliminar, que o Facebook lhe forneceu informações incorrectas ou enganosas durante o inquérito em torno da compra do WhatsApp [aberto em 2014", segundo um comunicado emitido pelo gabinete da comissária da Concorrência Margrethe Vestarger, no final do ano passado.

De acordo com o Financial Times, Bruxelas já decidiu dar o passo seguinte, avançando com a aplicação de uma multa à empresa que controla a rede social. O anúncio oficial, segundo o jornal britânico, será efectuado já esta quinta-feira.

O caso remonta a Agosto de 2014, quando a rede social finalizou a compra do WhatsApp por 17,4 mil milhões de euros. Na altura, uma das preocupações demonstradas pro Bruxelas prendia-se com a possibilidade de a rede social associar de forma automática os dados das contas dos utilizadores das duas plataformas. Uma hipótese que foi refutada na altura pelo Facebook mas que acabou por se concretizar no ano passado.

Actualmente, depois de o WhatsApp ter actualizado as condições gerais de utilização e da política de confidencialidade, é possível associar o número de telefone do serviço de mensagens ao perfil do Facebook.

Tendo em conta esta alteração, Bruxelas "acredita que o Facebook forneceu, de forma deliberada ou por negligência, informações incorrectas ou enganadoras à Comissão Europeia, em violação das obrigações que lhe cabem no quadro do regulamento da União Europeia sobre fusões".

Apesar de avançar com a multa, Bruxelas não vai voltar atrás na autorização dada para a compra do WhatsApp pelo Facebook. Até porque a autorização dada em 2014 abrangia muitos outros factores além da questão da partilha de informações dos utilizadores.

Esta decisão de Bruxelas é vista como mais uma posição de força da Comissão Europeia sobre as tecnológicas norte-americanas, já que também a Google, Apple, Microsoft e Amazon têm estado sob o escrutínio apertado dos reguladores europeus.