Notícia
Bosch: Início de carros autónomos em Portugal em 2025 e pico em 2050
O início dos carros autónomos em Portugal deverá acontecer a partir de 2025, atingindo o seu pico em 2050, estima, em entrevista à Lusa, João Santos, cocoordenador do projeto V2X da 'Bosch Car Multimedia' em Braga.
25 de Fevereiro de 2021 às 07:21
"Falando no caso específico de Portugal, que é o que as pessoas querem saber, quando vai ser uma realidade em Portugal", é preciso primeiro ter em conta que é necessário haver uma infraestrutura de quinta geração (5G) montada, salienta.
O 5G arranca este ano e está previsto, "em 2023, 70% da área de Portugal estar coberta" com a rede de quinta geração e, em 2025, 90%.
"Se juntarmos a isso certas iniciativas de países da União Europeia (UE), o projeto Vision Zero da Finlândia por exemplo, que permite reduzir para quase zero o número de acidentes ou feridos graves nas estradas, podemos dizer que devemos começar a ver o início dos carros autónomos a partir de 2025 e atingir o seu pico em 2050", prevê João Santos.
"A Bosch tem inúmeros projetos sobre o 5G" e estes "estão espalhados pelas mais diversas localizações do mundo". No caso, em Braga, "está a decorrer o projeto 'Easy Ride', que é um projeto para a mobilidade do futuro", realizado em parceria com a Universidade do Minho e que tem um elevado foco com a tecnologia 5G", sublinha.
O projeto 'Easy Ride' contempla cinco subprojetos, onde se inclui o 'Vehicle to X Communication' (V2X), que representa toda a conectividade necessária para atingir a condução autónoma e reduzir quase para zero o número de fatalidades e feridos em acidentes rodoviários.
O projeto é focado nas várias vertentes autónomas, em que o veículo terá um 'cockpit' inteligente de maneira a proporcionar uma viagem personalizada ao ocupante, tendo ao mesmo tempo noção do estado do próprio automóvel e do que o rodeia - ambiente, outros veículos autónomos, veículos de duas rodas, peões, entre outros - informação que é obtida através de sensores.
"Todos estes sensores geram uma quantidade de dados enorme, terá que haver uma comunicação rápida e fiável" para que se consiga "transmitir esta informação", e "é aí que entra o 5G", salienta o responsável.
"Neste momento já temos várias demonstrações para tecnologia, estamos a aplicar já 5G com 4G e 'wifi' [rede sem fios]", precisa.
João Santos aponta como exemplo os alertas que o veículo faz ao condutor, quando num cruzamento onde não se consegue ver se vêm veículos do lado esquerdo, os sensores do carro autónomo dão a indicação de avançar ou não.
Numa primeira fase, o veículo dá "alertas ao condutor", ou seja, "ainda não há atuação ativa" do carro. Mas em aplicações mais avançadas já é possível ver além de objetos, o que parece ser "muita ficção científica", mas não é, explica.
No caso de um veículo que tem à sua frente um camião e não sabe se pode ultrapassá-lo, a aplicação já permite ao carro ter acesso a uma câmara que eventualmente o camião tenha ou infraestruturas que tenham câmaras na zona e transmitir "a imagem em tempo real" para os 'displays' e, assim, o condutor "saber, até mesmo com algoritmos de 'machine learning' [aprendizagem automática]" se a ultrapassagem pode ser feita em segurança.
O estado atual do 'Easy Ride' já permite manobras cooperativas, em que carros têm uma condução semiautónoma, coordenada com outros veículos.
"Por exemplo, quando estamos numa autoestrada e estamos na fase de aceleração e queremos ir para a estrada principal, o carro consegue fazer e receber a informação de outros veículos e consegue regular a sua velocidade para que toda esta manobra seja feita com total segurança", aponta João Santos.
Mas também há soluções para a área industrial: um comboio de camiões (também denominado de 'platooning') em que todos, exceto o líder, seguem o que está na frente e os condutores "não necessitam de estar constantemente no ato de condução".
Tal permite "o melhor descanso para os camionistas, sem contar com a eficiência energética" e a diminuição da pegada ecológica, explica o cocoordenador do projeto V2X.
"O 'Easy Ride' é o terceiro projeto de inovação aqui presente na Bosch", refere, dando ainda o exemplo de que, com outros elementos da equipa na Alemanha, já se consegue "ter estacionamentos autónomos", em que a pessoa chega ao aeroporto e "só tem que largar o carro" e este "vai sozinho encontrar um estacionamento".
E como é que se aplica estas soluções nos veículos atuais? "É como todas as tecnologias dos veículos. Por exemplo, os primeiros carros não tinham cinco de segurança e depois passaram a ter" ou "não tinham sensores de estacionamento" e "agora têm".
"Estamos a desenvolver uma placa eletrónica que vai estar embutida nos carros", que "vai fazer parte do 'standard' do pacote" da compra do veículo e que "vai facilitar esta comunicação com o 5G".
Os testes decorrem nas "chamadas zonas tecnológicas portuguesas" que foram criadas "especificamente para testar este tipo de tecnologias, não só 5G, mas tudo o que sejam tecnologias revolucionárias".
Em Braga, a Bosch conta com três veículos de teste, que são descaracterizados e têm "o propósito" de estarem autorizados para que a empresa faça modificações e implemente tecnologia.
Questionado sobre qual o impacto dos veículos autónomos no setor, João Santos é perentório: "Vai ser uma mudança de paradigma da condução, porque o condutor não vai ter que se ocupar com o ato de conduzir".
"De repente cria-se ali um espaço livre. Temos o primeiro espaço que é a nossa casa, temos o segundo espaço que é o nosso trabalho e agora vamos ter um terceiro espaço em que condutor - ou neste caso o ocupante, que a palavra condutor já não se aplica -" utilizará "para lazer, para ver conteúdos multimédia ou até pode ser para trabalhar", explica.
"Eu acho que é aí que vai ser a maior disrupção no setor automóvel", sublinha.
Em vez de tirar o carro da garagem para ir do ponto A ao ponto B, a mentalidade passará por "pedir um serviço de mobilidade para nos transportar da nossa casa para o ponto B", antevê João Santos, que gostaria que os carros autónomos fossem já uma realidade.
E em relação ao 6G (sexta geração)? "Uma previsão a 10 anos, eu diria, em 2030 certamente iremos ter 6G com novas tecnologias e novas velocidades".
O 5G arranca este ano e está previsto, "em 2023, 70% da área de Portugal estar coberta" com a rede de quinta geração e, em 2025, 90%.
"A Bosch tem inúmeros projetos sobre o 5G" e estes "estão espalhados pelas mais diversas localizações do mundo". No caso, em Braga, "está a decorrer o projeto 'Easy Ride', que é um projeto para a mobilidade do futuro", realizado em parceria com a Universidade do Minho e que tem um elevado foco com a tecnologia 5G", sublinha.
O projeto 'Easy Ride' contempla cinco subprojetos, onde se inclui o 'Vehicle to X Communication' (V2X), que representa toda a conectividade necessária para atingir a condução autónoma e reduzir quase para zero o número de fatalidades e feridos em acidentes rodoviários.
O projeto é focado nas várias vertentes autónomas, em que o veículo terá um 'cockpit' inteligente de maneira a proporcionar uma viagem personalizada ao ocupante, tendo ao mesmo tempo noção do estado do próprio automóvel e do que o rodeia - ambiente, outros veículos autónomos, veículos de duas rodas, peões, entre outros - informação que é obtida através de sensores.
"Todos estes sensores geram uma quantidade de dados enorme, terá que haver uma comunicação rápida e fiável" para que se consiga "transmitir esta informação", e "é aí que entra o 5G", salienta o responsável.
"Neste momento já temos várias demonstrações para tecnologia, estamos a aplicar já 5G com 4G e 'wifi' [rede sem fios]", precisa.
João Santos aponta como exemplo os alertas que o veículo faz ao condutor, quando num cruzamento onde não se consegue ver se vêm veículos do lado esquerdo, os sensores do carro autónomo dão a indicação de avançar ou não.
Numa primeira fase, o veículo dá "alertas ao condutor", ou seja, "ainda não há atuação ativa" do carro. Mas em aplicações mais avançadas já é possível ver além de objetos, o que parece ser "muita ficção científica", mas não é, explica.
No caso de um veículo que tem à sua frente um camião e não sabe se pode ultrapassá-lo, a aplicação já permite ao carro ter acesso a uma câmara que eventualmente o camião tenha ou infraestruturas que tenham câmaras na zona e transmitir "a imagem em tempo real" para os 'displays' e, assim, o condutor "saber, até mesmo com algoritmos de 'machine learning' [aprendizagem automática]" se a ultrapassagem pode ser feita em segurança.
O estado atual do 'Easy Ride' já permite manobras cooperativas, em que carros têm uma condução semiautónoma, coordenada com outros veículos.
"Por exemplo, quando estamos numa autoestrada e estamos na fase de aceleração e queremos ir para a estrada principal, o carro consegue fazer e receber a informação de outros veículos e consegue regular a sua velocidade para que toda esta manobra seja feita com total segurança", aponta João Santos.
Mas também há soluções para a área industrial: um comboio de camiões (também denominado de 'platooning') em que todos, exceto o líder, seguem o que está na frente e os condutores "não necessitam de estar constantemente no ato de condução".
Tal permite "o melhor descanso para os camionistas, sem contar com a eficiência energética" e a diminuição da pegada ecológica, explica o cocoordenador do projeto V2X.
"O 'Easy Ride' é o terceiro projeto de inovação aqui presente na Bosch", refere, dando ainda o exemplo de que, com outros elementos da equipa na Alemanha, já se consegue "ter estacionamentos autónomos", em que a pessoa chega ao aeroporto e "só tem que largar o carro" e este "vai sozinho encontrar um estacionamento".
E como é que se aplica estas soluções nos veículos atuais? "É como todas as tecnologias dos veículos. Por exemplo, os primeiros carros não tinham cinco de segurança e depois passaram a ter" ou "não tinham sensores de estacionamento" e "agora têm".
"Estamos a desenvolver uma placa eletrónica que vai estar embutida nos carros", que "vai fazer parte do 'standard' do pacote" da compra do veículo e que "vai facilitar esta comunicação com o 5G".
Os testes decorrem nas "chamadas zonas tecnológicas portuguesas" que foram criadas "especificamente para testar este tipo de tecnologias, não só 5G, mas tudo o que sejam tecnologias revolucionárias".
Em Braga, a Bosch conta com três veículos de teste, que são descaracterizados e têm "o propósito" de estarem autorizados para que a empresa faça modificações e implemente tecnologia.
Questionado sobre qual o impacto dos veículos autónomos no setor, João Santos é perentório: "Vai ser uma mudança de paradigma da condução, porque o condutor não vai ter que se ocupar com o ato de conduzir".
"De repente cria-se ali um espaço livre. Temos o primeiro espaço que é a nossa casa, temos o segundo espaço que é o nosso trabalho e agora vamos ter um terceiro espaço em que condutor - ou neste caso o ocupante, que a palavra condutor já não se aplica -" utilizará "para lazer, para ver conteúdos multimédia ou até pode ser para trabalhar", explica.
"Eu acho que é aí que vai ser a maior disrupção no setor automóvel", sublinha.
Em vez de tirar o carro da garagem para ir do ponto A ao ponto B, a mentalidade passará por "pedir um serviço de mobilidade para nos transportar da nossa casa para o ponto B", antevê João Santos, que gostaria que os carros autónomos fossem já uma realidade.
E em relação ao 6G (sexta geração)? "Uma previsão a 10 anos, eu diria, em 2030 certamente iremos ter 6G com novas tecnologias e novas velocidades".