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Amazon recruta investigadores para criar robôs empacotadores

Dezasseis equipas de investigadores em robótica vão viajar para o Japão esta semana para ajudar a Amazon.com a solucionar seu problema de armazenamento.

7º Lugar: Amazon Lab126. A tecnológica para em média por ano aos seus funcionários 150.100 dólares (132.246 euros). Dividido por 14, isto equivale a 10.721 dólares (9.446 euros/mês).
Bloomberg / Reuters / Getty Images
29 de Julho de 2017 às 14:00
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A empresa tem uma frota de robôs que circulam nas suas instalações recolhendo itens para os pedidos, mas precisa de seres humanos para o último passo: pegar nos itens, com formatos diversos, e empacotar os itens certos nas embalagens adequadas para o envio.

Este é um exemplo clássico de uma actividade simples e quase automática para as pessoas mas que continua a ser impossível para os robôs. A partir desta quinta-feira, a empresa realiza o Amazon Robotics Challenge, o terceiro concurso anual para robôs que superem esses limites.

Especialistas em robótica académica e comercial têm trabalhado muito para solucionar o chamado desafio da "escolha", e a Amazon está a tentar canalizar essa energia para suas necessidades específicas. Numa parte do concurso, as equipas vão encher uma prateleira com itens aleatórios fornecidos pela Amazon – uma taça de champanhe, um rolo de fita adesiva, tesouras, um livro infantil intitulado "Robots, Robots Everywhere" – e seus robôs retiram os produtos específicos e embalam-nos em caixas que representam pedidos fictícios da Amazon. Em outra parte, os robôs pegam em itens de um conjunto e colocam em prateleiras semelhantes às dos depósitos da Amazon, lembrando-se do lugar de cada um. Há cerca de 250 mil dólares em prémios em jogo, incluindo 80 mil dólares para o primeiro classificado.

Desconfiança

Directamente, a Amazon não ganha nada com isso. Mas sua equipa de robótica poderá aprender técnicas ou até mesmo ganhar a colegas – a companhia já contratou participantes de concursos anteriores. De uma forma geral, ter robôs capazes de realizar as tarefas do desafio seria um grande passo rumo aos depósitos totalmente autónomos que, em teoria, poderiam ser mais rápidos e baratos, e funcionar 24 horas por dia.

Isto traz perguntas incómodas sobre o futuro dos trabalhadores dos depósitos. Em Maio, 949 mil pessoas trabalhavam no sector de depósitos e armazenamento nos EUA e ganhavam em média pouco menos de 20 dólares por hora, segundo o Departamento de Estatísticas de Trabalho. O número de trabalhadores desse sector cresceu 43% nos últimos dez anos e os salários têm acompanhado a inflação, apesar da primeira onda de automatização. Os optimistas afirmam que mais automatização gera mais crescimento e cria empregos melhores em outra parte. Os pessimistas basicamente projectam que a inteligência artificial vá provocar um apocalipse económico.

Outro grupo que desconfia do interesse da Amazon neste campo são os trabalhadores de empresas mais pequenas de robótica. A Amazon poderia ser um cliente rentável no futuro por causa da sua ampla rede de depósitos. É claro, ela também é concorrente. Em privado, start-ups reclamam que a Amazon utiliza o concurso para terceirização do desenvolvimento de forma barata. Num mercado onde o Google pagou 120 milhões de dólares a um único engenheiro para ajudar a desenvolver veículos automatizados, 250 mil dólares por qualquer informação utilizável sobre robôs automatizados para depósitos não é basicamente nada. Trabalhar – ainda que indirectamente – por menos do que a tarifa do mercado para uma das empresas mais valiosas do mundo, afirmam, é uma loucura.

Ainda não se sabe se a Amazon conseguirá aproveitar o concurso para superar outras empresas que estão a tentar resolver problemas similares. A companhia não incorporou nada do concurso nas suas operações, segundo Ashley Robinson, porta-voz da Amazon. Kris Hauser, docente que faz a assessoria da equipa de alunos da Universidade Duke este ano, diz que ainda faltam anos para que os depósitos tenham robôs totalmente autónomos. Segundo ele, as directrizes da Amazon evitam que académicos como ele fiquem excessivamente teóricos.

"[O concurso] força-nos a analisar esses problemas do ponto de vista de uma tecnologia possivelmente comercial", disse ele. "Quando tentamos colocar produtos de investigação no mundo real, muitas vezes ficamos surpreendidos ao ver como eles funcionam mal."

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