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Chamam-lhe o Efeito Farfetch

A empresa luso-britânica Farfetch tem quebrado barreiras e alcançado sucessos com a forma como mistura tecnologia e moda, mas desta vez não é notícia por nenhuma destas duas áreas. A Farfetch quis saber o que sentem os seus colaboradores ao trabalharem lá e recorreu a uma experiência científica, que resultou no vídeo "Touch The Impossible" e numa nova campanha de comunicação.

Carlos Teixeira assistido por Gerardo Maldonado
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A Farfetch quis descobrir o que sentem os seus colaboradores ao trabalharem na empresa e embarcou num projecto com o director clínico do departamento de Neurofeedback do Instituto de Neurociências – Neurobios, Francisco Marques Teixeira, e o resultado foi aquilo que chamaram de Efeito Farfetch. Esta experiência, que une neurociência e tecnologia, procurou medir o nível de "envolvimento, euforia, interesse, descontracção e stress dos colaboradores" de um grupo/amostra de colaboradores.

 

Segundo o comunicado desta iniciativa "Foram medidas actividades como executar tarefas no computador, fazer apresentações, efectuar pesquisas, ver conteúdos multimédia, sessões de brainstorming (debate de ideias) ou o trabalho específico de programação (uma das áreas em que a Farfetch mais se foca) no sentido de compreender os diferentes níveis de actividade cerebral em diferentes tarefas."

 

Os dados recolhidos traduzem-se em sensações, das quais há três situações que se destacam, como um "ataque" de cães bebés, saltar num trampolim de sons ou mergulhar numa piscina de algodão doce que, numa fase posterior, foram partilhados com familiares e amigos dos colabores, para que estes soubessem o que se sente a trabalhar na Farfetch. Este projecto resultou no vídeo "Touch The Impossible" e numa campanha de comunicação que procura dar a conhecer ao público este lado da empresa.

 

 

 

 

Ana Sousa, Directora de Recursos Humanos da Farfetch (na foto em cima), foi uma das pessoas envolvidas neste projecto. Chegou à empresa em 2014 já para assumir o cargo que tem hoje. Na altura a equipa tinha duas pessoas e ela foi o terceiro elemento, neste momento são 20 e preferem ser chamados de People Team. Falámos com ela nos escritórios da Farfetch no Porto, para perceber a origem e o desenvolvimento do projecto "O que se sente quando se trabalha na Farfecth?", bem como as próximas apostas deste departamento da empresa que, neste momento, está a recrutar "talentos" para o escritório que abrirá até ao final do ano em Lisboa.

 

Como surgiu o projecto que resultou no vídeo "Touch The Impossible"?

Quando entrei, há dois anos e meio, toda a campanha da Farfetch estava muito virada para o produto. A Farfetch, enquanto empresa, é um market place e estava mais direccionada com o cliente final. Não havia nada direccionado para os chamados clientes internos (os colaboradores) e para potenciais colaboradores que possam sentir-se atraídos pela própria empresa e, cada vez mais, há uma competição, nomeadamente nesta área tecnológica, para atrair talento. Pensámos que fazia todo o sentido termos uma vertente direccionada para o cliente final, que consome o produto e um posicionamento para colaboradores e potenciais colaboradores. Era muito natural para nós criar estes dois caminhos e foi aí que surgiu esta necessidade. Queríamos ser disruptivos (um dos nossos valores é Be Revolutionary, ser revolucionário) e queríamos também criar um momento revolucionário. Não queríamos repetir o que outras empresas fazem, quisemos tocar corações e almas e tornar uma perspectiva mais emocional, que é o que muitas vezes faz as pessoas sentirem-se atraídas. O que é que nos liga? O que é que a Farfetch terá para nos dar enquanto empresa que pode cuidar de nós enquanto colaboradores? E daí surgiu este Efeito Farfetch que não é fácil de explicar. Como é que se há de explicar a alguém que não trabalha na Farfetch o que é trabalhar na Farfetch?

 

Porque é que incluíram familiares e amigos dos colaboradores?

Tem muito a ver com a disrupção, que é cada vez mais necessária. Durante muito tempo, as entidades empregadoras diziam "a tua vida profissional é uma coisa e a tua vida pessoal é outra. Isso não existe, é um mito. Nós trazemos para cá as nossas questões pessoais, levamos para casa as questões de trabalho e isto é que é ser humano. Há um outro valor nosso que está nesta campanha, o Be Human. Somos todos humanos, todos temos momentos em estamos mais felizes, mais tristes, mais eufóricos, em que temos medo de falhar, medo de cair, esperando que nos possamos levantar. Toda aquela sequência da nossa campanha acaba por focar esse lado. Não quisemos só mostrar o que é fantástico, maravilhoso. Quisemos mostrar o que é este desafio.

 

Como foi a parte técnica deste projecto científico?

Esse foi outro momento marcante. É curioso porque o nosso CTO achou que estávamos a brincar quando dissemos que queríamos criar algo científico, para dar credibilidade ao momento. Surgiu essa ideia: como é que podemos avaliar as emoções? Quando se explica como é trabalhar numa empresa, cada um de nós acaba por ter o seu próprio modelo e experiência, e conta-o aos amigos de forma diferente. Mas, se o estivermos a avaliar cientificamente, são dados concretos. Conseguimos contactar o Francisco [Marques Teixeira] que se disponibilizou a juntar-se a nós nesta loucura aparente que seria poder avaliar as sensações de alguns colaboradores. Não foram todos, foi uma amostra. Conseguimos tirar essas métricas e, a partir daí, juntar as tais situações que parecem ajudar a medir o que é trabalhar na Farfetch.

 

Esta campanha é uma forma da Farfetch comunicar com o público?

O objectivo final é esse. É que as pessoas percebam que existe uma empresa que tem pessoas, tem alma (acho que é a expressão mais perto do que gostaríamos de transmitir), tem vida, tem sensações, não é uma empresa cinzenta em que as pessoas entram, ligam o seu computador e passadas oito horas vão embora. O que nós gostaríamos de ter como retorno são vários aspectos: um é dar conhecimento que existe a Farfetch como empresa que está à procura de talento, outra é que é uma empresa que tem emoções e, uma outra, é perceberem que estamos em crescimento e que somos uma empresa que tem as suas especificidades e queremos continuar a manter esta cultura.

 

O facto de a equipa da Farfetch ser muito global potencia projectos como este?

Acho que somos globais em vários contextos. Somos globais por sermos um market place que em qualquer parte do mundo já é global, somos globais enquanto Farfetch empresa porque estamos localizados em vários países e depois, em Portugal, também somos globais porque temos pessoas de várias nacionalidades. Obviamente esta campanha e este projecto acabam por ser mais locais, no entanto se nós conseguirmos atrair talento fora, óptimo. Falar inglês é o único requisito porque as pessoas têm de comunicar. Queremos continuar, mais um dos nossos valores é o Think Global.

 

Já está a pensar em outro projecto?

Sim, estamos sempre à procura dos próximos projectos. Temos vários, um daqueles que estamos a querer solidificar é este do Plug-In, criar a tal academia de trainees. Começamos agora com a tecnologia, mas a ideia é ter para outras áreas, por exemplo styling, editores de imagem, para profissionais mais específicos.

 

Os trainees são as pessoas que mais tarde integrarão a equipa de trabalho da Farfetch?

Nós quisemos criar, mais uma vez, algo que seja revolucionário. Temos um processo também relativamente longo. Estivemos a fazer dinâmicas de grupo durante um dia inteiro e seleccionámos vinte e cinco trainees dentro da área de tecnologia. A ideia é durante um ano permanecerem nesta academia. Têm já um programa muito bem estruturado, desde a parte da emoção do próprio negócio, das áreas que nós temos na Farfetch passando também por os próprios colaboradores da Farfetch que vão dar formação sobre determinadas ferramentas que nós aqui temos: tecnologia, arquitectura, por aí. Vão ter também um conhecimento externo. Nós temos parceiros externos que vêm dar aqui algumas formações, ter keynote speakers e, gradualmente, serem integrados nas equipas. E espero que seja durante um ano, ou seja, em Setembro do próximo ano eles estão formados. Se forem bons e quiserem ficar na Farfetch, nós temos lugar para eles.

 

E têm uma idade limite?

Idade não, têm é um limite que implica serem recém-licenciados ou que tenham até um ano e meio de experiência profissional. Mais do que isso já não faz sentido estar numa academia, faz sentido entrar directamente num departamento da Farfetch.

 

A sua equipa faz o recrutamento de todas as pessoas que entram na Farfetch?

Neste momento a nossa equipa começa estar especializada em várias áreas. Temos pessoas de talent aquisition, que são as pessoas que contratam todo nosso talento aqui na Farfetch, desde as posições mais operacionais, até às posições de director, de todas as áreas. Depois temos uma área de training, de desenvolvimento. Não queremos ser vistos só como a equipa que contrata e despede pessoas, que é o tradicional dos Recursos Humanos. Fazemos muito mais que isso e daí a necessidade de sermos vinte. Além da contratação, temos de garantir que as pessoas estão satisfeitas e que se desenvolvem, portanto precisamos de uma equipa de training e development. Lançámos um projecto que o é Plug-In, uma academia de trainees, [lançada em setembro] para captar estes talentos que chegam, cada vez mais cedo, das universidades, na área de tecnologia. Depois temos uma área de compensações e benefícios, porque cada vez mais as empresas distinguem-se por aquilo que podem dar. Neste momento já não é só a empresa que contrata a pessoa, a própria pessoa escolhe para onde quer vir, portanto temos de garantir que há um match perfeito entre aquilo que as pessoas pensam na sua vida e os benefícios. Temos uma área de comunicação que está na People Team, com analistas e ainda os business partners que garantem que as pessoas estão motivadas, se há alguma situação de conflito que é preciso ajudar a resolver ou como é que nós podemos ajudar as pessoas a desenvolver a sua própria carreira. 

A Farfetch quis descobrir o que sentem os seus colaboradores ao trabalharem na empresa e embarcou num projecto com o director clínico do departamento de Neurofeedback do Instituto de Neurociências – Neurobios, Francisco Marques Teixeira. O resultado foi aquilo que chamaram de Efeito Farfetch.
A Farfetch quis descobrir o que sentem os seus colaboradores ao trabalharem na empresa e embarcou num projecto com o director clínico do departamento de Neurofeedback do Instituto de Neurociências – Neurobios, Francisco Marques Teixeira. O resultado foi aquilo que chamaram de Efeito Farfetch. Carlos Teixeira assistido por Gerardo Maldonado









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