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Empreendedores: O que eles gostariam de ter feito
São empreendedores com negócios de sucesso, mas não se inibiram de contar quais os seus projectos de referência. Conheça as ideias de que Pedro Pissarra, Purificação Tavares, Pedro Rodrigues, Ricardo Patrício e Marta Alberto gostariam de ter sido autores
23 de Setembro de 2010 às 10:34
Quando voltou para Portugal, há 11 anos, sentiu a "cultura 'dos velhos do Restelo', do "eu não te dizia?', sempre tudo à espera que uma pessoa falhasse para virem pregar um sermão de sapiência e enaltecerem a sua visão de que mais vale estar quieto e nunca arriscar nada", comenta. Arriscou. Não falhou.
A Biotecnol é uma empresa pioneira na área da biotecnologia farmacêutica em Portugal e já está presente nos Estados Unidos da América. Conta com mais de 55 patentes mundiais concedidas e 30 pendentes e actua, sobretudo, no sector de oncologia e de hepatologia. A sua actividade centra-se no desenvolvimento de anticorpos recombinados, produtos altamente específicos para um tumor em particular, com baixa toxicidade. É a primeira empresa de biotecnologia nacional a desenvolver esta classe de produtos.
O CEO não se fica por aqui. Nos últimos tempos, tem investido directamente noutras empresas sectoriais e apadrinhado novas ideias. O seu portofólio está mais diversificado, mas não tem trabalhado noutro sector que não o da biotecnologia. Como referência, aponta o projecto da Alert, que investiga, distribui, desenvolve e implementa software clínico. Explica que a área do e-Health é uma área muito competitiva, mas que conseguiram crescer com uma visão certa do sector, direccionada para as necessidades do mercado. Resumindo: "know-how sectorial e uma visão estratégica fora do vulgar e, acima de tudo, uma notável capacidade de execução".
Quanto à empresa que viu nascer, confessa que as perspectivas para o futuro são excelentes. Adoptaram duas linhas de desenvolvimento clínico, uma de medicamento órfãos (têm tempos de desenvolvimento curtos, baixo risco e retorno mais a curto - prazo) e outra de terapias direccionadas (anticorpos altamente específicos e de grande eficácia). Além disso, estão a desenvolver uma série de anticorpos dirigidos a subtipos de cancro da mama e dos rins, que apresentam um prognóstico muito baixo e terão um grande valor acrescentado. "Talvez o recente acordo com a Genentech/Roche seja um prova de que é-nos possível competir mundialmente e sermos reconhecidos por isso", acrescenta.
ADN do empreendedorismo
Há um projecto específico em Portugal que capta a atenção de Pedro Pissarra: o CGC Genetics / Centro de Genética Clínica. Os especialistas da clínica operam no diagnóstico genético, que é uma área que o CEO sempre quis desenvolver. Purificação Tavares, directora clínica da CGC, é outra empreendedora entrevistada pelo Negócios. Quando questionado sobre o projecto que gostaria de ter criado, a sua resposta foi clara: o Projecto do Genoma Humano.
"Para qualquer pessoa que trabalhe na área da genética, o Projecto do Genoma Humano é um marco muito importante. Não só pelas repostas que desenvolveu, mas principalmente pelas novas perguntas que gerou", frisa a CEO. O centro já exerce actividade há 18 anos, sendo o principal prestador de testes de genética médica em Portugal e um dos principais a nível europeu. Recebe pedidos para análises genéticas de hospitais nacionais e internacionais, clínicas, companhias de seguros e universidades. Utiliza as últimas tecnologias na área e oferece mais de 1500 testes genéticos de rastreio e diagnóstico pré-natal, hematologia, cancro, medicina preventiva, doenças comuns do adulto, farmacogenética, doenças raras, entre outros. A clínica já tem instalações em Espanha e nos Estados Unidos da América.
"A genética humana está para o século XXI como a patologia clínica esteve para o século XX", explica Purificação Tavares. O desenvolvimento de novas metodologias de diagnóstico, como os microarrays (que permitem numa só amostra de ADN pesquisar um número elevado de marcadores genéticos e determinar o perfil genético do indivíduo) lançou as bases para a medicina do futuro, "individualizada e preventiva, cujo objectivo é prever e prevenir".
Até agora, as análises convencionais reflectiam a filosofia geral da patologia mas não explicavam a sua base genética. Com a aplicação da Genómica e da Biotecnologia no desenvolvimento de testes, aposta-se na medicina preventiva. "Contudo, a sua aplicação útil será sempre num contexto médico, e só assim se poderá aproveitar os enormes benefícios do conhecimento em genética médica", explica.
O CGC tem vindo a crescer e investido em inovação, desenvolvimento e qualidade em testes genéticos. O volume de "exportações de análises" aumentou para 17% em 2010 e já receberam dois prémios de empreendedorismo: Emerging Entrepeneur, da Ernst and Young, e o Prémio do Empreendedorismo da CCDR-Norte. "Temos que disponibilizar um serviço de excelência aos hospitais, estejam eles onde estiverem. Não é fácil, mas é possível", diz.
Para Purificação Tavares, todos os projectos de investigação científica na área da genética são importantes. Apesar de algumas vezes o contributo ser pequeno permite-nos ter uma visão de como a genética humana funciona e o impacto que tem na saúde. "É como um puzzle: ao poucos as peças são adicionadas e começamos a ver o resultado final", comenta. Os projectos na área da oncologia permitem identificar novos tratamentos, com enorme vantagem. A possibilidade de identificar portadores de doença na população torna possível a gestão do doente de uma forma preventiva, com cuidados médicos atempados. "Isso trará grandes consequências no âmbito da saúde, quer a nível individual, quer económico", conclui.
Olhar digital
Apesar de recente, o projecto de Pedro Rodrigues, 34 anos, tem dado que falar. A CreativeBitBox é uma empresa na área da multimédia interactiva, especialista em visão por computador. Se pudesse, Pedro gostaria de ter criado a Google. Porquê? "Porque é um exemplo perfeito de uma ideia que nasce entre amigos e se torna num projecto de sucesso a nível global". Como referência, elege a Critical Software, empresa portuguesa que fornece soluções, serviços e tecnologias para os sistemas de informação das empresas. Este é o exemplo que Pedro gostaria de seguir em termos de gestão e de estratégia comercial, "quase perfeito" na sua área de actividade.
A CreativeBitBox também já está a preparar a sua internacionalização, com uma série de acções planeadas até 2013. Neste espaço de tempo, vão participar em certames internacionais e firmar algumas parcerias com "players" internacionais que alarguem a rede de contactos. O departamento de investigação e desenvolvimento da empresa também já iniciou o desenvolvimento de um software no âmbito da visão por computador, "que será uma novidade a nível global".
A ideia da CreativeBitBox surgiu numa conversa entre dois amigos. Quando um deles explanou a sua visão, a convicção foi unânime e decidiram avançar com o projecto. Hoje, definem-se em duas vertentes: na tecnológica, de investigação e desenvolvimento, e no software para vários sectores de actividade como o marketing, publicidade, vinhos, turismo, segurança, métrica, entre outros.
O Exhibit é o principal produto desenvolvido pela CreativeBitBox, um software que permite projecções interactivas em superfícies como chão, paredes, mesas e até montras, sem recorrer a sensores. Além disso, produz mapas interactivos e sítios on-line em 3 dimensões. Em 2008, venceram o 10º Prémio do Jovem Empreendedor, promovido pela ANJE, e já têm um vasto leque de clientes em carteira. A sua equipa já desenvolveu projectos para o Montepio, Super Bock, Nokia, Sagres, Opel, Governo Regional dos Açores, Columbia Tristar Warner, Optimus, Vodafone Grupo Estoril Sol, Grupo Chamartin, entre outros. Pedro Rodrigues afirma que a empresa continuará a crescer no mercado internacional "com projectos inovadores e bastante ambiciosos, que certamente a posicionarão ao mais alto nível".
Motivos espaciais
Ricardo Patrício estava a trabalhar com o sócio, Bruno Carvalho, na Agência Espacial Europeia quando surgiu a ideia de criarem a Active Space Technologies. Em Abril de 2004, lançaram a empresa que no primeiro ano de vida dividiu os promotores por Holanda e Portugal. Posicionaram-se na área em que já trabalhavam, engenharia térmica, mas foram adicionando outras competências ao longo do tempo. Começaram por calcular a distribuição de temperatura nos instrumentos e satélites, para garantir que conseguem funcionar em condições de temperatura óptimas, mas estão a apostar cada vez mais na prestação de serviços.
A sua admiração vai para a Scaled Composites, que ganhou o prémio X-Prize, 10 milhões de dólares, por ser a primeira empresa privada a conseguir ultrapassar os 100 quilómetros de altitude num voo sub-orbital e repeti-lo num espaço de duas semanas. "A empresa provou é possível realizar voos quase espaciais com um orçamento reduzido", diz o jovem de 32 anos. O CTO (Chief Technical Officer) confessa que este é um dos seus objectivos: conseguir proporcionar aos seus clientes um serviço completo, da engenharia térmica, ás estruturas, electrónicas, fabrico, entre outros.
A equipa da Active Space Technologies é composta por engenheiros e cientistas com experiência em actividades espaciais, aeronáuticas, automóveis e de moldes. Na sua carteira de clientes estão nomes como o da Agência Espacial Europeia, Agência Espacial Japonesa ou Agência Espacial Alemã e várias empresas privadas, das quais Ricardo Patrício destaca a Hovemere, empresa de ópticas inglesa. O Observatório Europeu do Sul e a Fusion For Energy são outras das instituições com que a Active Space Technologies já trabalhou. "Acho que estamos a crescer de uma forma estável, temos uma panóplia de competências elevadas e conseguimos proporcionar aos nossos clientes um serviço integrado, multidisciplinar." Gostam de se posicionar em actividades que tenham um elevado grau de investigação e têm estado a investir e a reforçar o sector espacial e aeronáutico.
À semelhança de Pedro Rodrigues, Ricardo também olha para a Critical Software como uma referência. Na Critical, admiram a inovação e a capacidade de adaptação a diferentes negócios e são, por isso, um exemplo a seguir. A Active Space Technologies venceu o oitavo prémio Jovem Empreendedor, da ANJE.
Surfar na inovação
A inovação também chega às pranchas de surf. A Master Blank produz as suas espumas de forma inovadora, com um sistema produtivo desenvolvido em conjunto com o Pólo de Inovação em Engenharia de Polímeros, da Universidade do Minho. Objectivo: menores custos produtivos, maior capacidade de customização do produto, menos mão-de-obra e a possibilidade de, no futuro, produzirem espumas a partir de materiais biológicos. No fundo, Marta Alberto, 33 anos, só quis investir numa área pouco explorada em Portugal: a produção de poliuretanos rígidos. Ao fazê-lo, apostou também na inovação e na criação de novos mercados.
Durante dois anos, investiu em testes e no aperfeiçoamento dos seus produtos tendo ganho o nono Prémio Jovem Empreendedor da ANJE. A empresa que gostaria de ter criado é a mesma de Pedro Rodrigues: a multinacional Google, "um caso de sucesso completo". Marta explica que esta não é apenas um motor de busca eficaz, mas o suporte de toda a internet. "Faz parte do dia-a-dia da maioria dos utilizadores, entra em casa de milhões de pessoas diariamente e já nem nos apercebemos, porque faz parte da nossa nova linguagem. Google é internet".
A Master Blank desenvolve a sua actividade em duas áreas: na produção de espumas técnicas, como as placas de poliuretano para a construção de pranchas de surf e as placas costumizadas, onde o cliente pode adaptar o material; e na produção de espumas rígidas para isolamento térmico de edifícios, frio industrial e carroçarias isotérmicas e frigoríficas. Para o futuro, querem consolidar e reforçar a sua presença ao nível dos isolamentos. Estão a introduzir novos produtos complementares, realizados em parceria com a Fassa Bortolo e com a Amorim Isolamentos ao nível de isolamento pelo exterior e termo-acústico. "No futuro e sempre, queremos apresentar novos produtos que sejam mais-valias concretas para os diferentes mercados em que actuamos", comenta. Mais: estão a tentar transformar a Master Blank numa empresa de "desperdício zero" através da incorporação dos excessos de produção noutros produtos. "Hoje, as iniciativas ligadas à preservação do ambiente são do interesse de todos", frisa. Com a marca Master Iso, estão a contribuir para a redução do consumo energético e para uma redução global das emissões de CO2.
Como referência, elege o Banco Alimentar contra a fome, porque é um projecto de solidariedade, "prático, eficaz e muito útil". Embora o crescimento da procura destes bens seja uma consequência do insucesso da erradicação da fome em Portugal, "é reconfortante que este canal de auxílio continue aberto e a agilizar a distribuição de bens alimentares a todos os que têm a infelicidade de a ele terem de recorrer", conclui.
A Biotecnol é uma empresa pioneira na área da biotecnologia farmacêutica em Portugal e já está presente nos Estados Unidos da América. Conta com mais de 55 patentes mundiais concedidas e 30 pendentes e actua, sobretudo, no sector de oncologia e de hepatologia. A sua actividade centra-se no desenvolvimento de anticorpos recombinados, produtos altamente específicos para um tumor em particular, com baixa toxicidade. É a primeira empresa de biotecnologia nacional a desenvolver esta classe de produtos.
Quanto à empresa que viu nascer, confessa que as perspectivas para o futuro são excelentes. Adoptaram duas linhas de desenvolvimento clínico, uma de medicamento órfãos (têm tempos de desenvolvimento curtos, baixo risco e retorno mais a curto - prazo) e outra de terapias direccionadas (anticorpos altamente específicos e de grande eficácia). Além disso, estão a desenvolver uma série de anticorpos dirigidos a subtipos de cancro da mama e dos rins, que apresentam um prognóstico muito baixo e terão um grande valor acrescentado. "Talvez o recente acordo com a Genentech/Roche seja um prova de que é-nos possível competir mundialmente e sermos reconhecidos por isso", acrescenta.
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ADN do empreendedorismo
Há um projecto específico em Portugal que capta a atenção de Pedro Pissarra: o CGC Genetics / Centro de Genética Clínica. Os especialistas da clínica operam no diagnóstico genético, que é uma área que o CEO sempre quis desenvolver. Purificação Tavares, directora clínica da CGC, é outra empreendedora entrevistada pelo Negócios. Quando questionado sobre o projecto que gostaria de ter criado, a sua resposta foi clara: o Projecto do Genoma Humano.
"Para qualquer pessoa que trabalhe na área da genética, o Projecto do Genoma Humano é um marco muito importante. Não só pelas repostas que desenvolveu, mas principalmente pelas novas perguntas que gerou", frisa a CEO. O centro já exerce actividade há 18 anos, sendo o principal prestador de testes de genética médica em Portugal e um dos principais a nível europeu. Recebe pedidos para análises genéticas de hospitais nacionais e internacionais, clínicas, companhias de seguros e universidades. Utiliza as últimas tecnologias na área e oferece mais de 1500 testes genéticos de rastreio e diagnóstico pré-natal, hematologia, cancro, medicina preventiva, doenças comuns do adulto, farmacogenética, doenças raras, entre outros. A clínica já tem instalações em Espanha e nos Estados Unidos da América.
"A genética humana está para o século XXI como a patologia clínica esteve para o século XX", explica Purificação Tavares. O desenvolvimento de novas metodologias de diagnóstico, como os microarrays (que permitem numa só amostra de ADN pesquisar um número elevado de marcadores genéticos e determinar o perfil genético do indivíduo) lançou as bases para a medicina do futuro, "individualizada e preventiva, cujo objectivo é prever e prevenir".
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Até agora, as análises convencionais reflectiam a filosofia geral da patologia mas não explicavam a sua base genética. Com a aplicação da Genómica e da Biotecnologia no desenvolvimento de testes, aposta-se na medicina preventiva. "Contudo, a sua aplicação útil será sempre num contexto médico, e só assim se poderá aproveitar os enormes benefícios do conhecimento em genética médica", explica.
O CGC tem vindo a crescer e investido em inovação, desenvolvimento e qualidade em testes genéticos. O volume de "exportações de análises" aumentou para 17% em 2010 e já receberam dois prémios de empreendedorismo: Emerging Entrepeneur, da Ernst and Young, e o Prémio do Empreendedorismo da CCDR-Norte. "Temos que disponibilizar um serviço de excelência aos hospitais, estejam eles onde estiverem. Não é fácil, mas é possível", diz.
Para Purificação Tavares, todos os projectos de investigação científica na área da genética são importantes. Apesar de algumas vezes o contributo ser pequeno permite-nos ter uma visão de como a genética humana funciona e o impacto que tem na saúde. "É como um puzzle: ao poucos as peças são adicionadas e começamos a ver o resultado final", comenta. Os projectos na área da oncologia permitem identificar novos tratamentos, com enorme vantagem. A possibilidade de identificar portadores de doença na população torna possível a gestão do doente de uma forma preventiva, com cuidados médicos atempados. "Isso trará grandes consequências no âmbito da saúde, quer a nível individual, quer económico", conclui.
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Olhar digital
Apesar de recente, o projecto de Pedro Rodrigues, 34 anos, tem dado que falar. A CreativeBitBox é uma empresa na área da multimédia interactiva, especialista em visão por computador. Se pudesse, Pedro gostaria de ter criado a Google. Porquê? "Porque é um exemplo perfeito de uma ideia que nasce entre amigos e se torna num projecto de sucesso a nível global". Como referência, elege a Critical Software, empresa portuguesa que fornece soluções, serviços e tecnologias para os sistemas de informação das empresas. Este é o exemplo que Pedro gostaria de seguir em termos de gestão e de estratégia comercial, "quase perfeito" na sua área de actividade.
A CreativeBitBox também já está a preparar a sua internacionalização, com uma série de acções planeadas até 2013. Neste espaço de tempo, vão participar em certames internacionais e firmar algumas parcerias com "players" internacionais que alarguem a rede de contactos. O departamento de investigação e desenvolvimento da empresa também já iniciou o desenvolvimento de um software no âmbito da visão por computador, "que será uma novidade a nível global".
A ideia da CreativeBitBox surgiu numa conversa entre dois amigos. Quando um deles explanou a sua visão, a convicção foi unânime e decidiram avançar com o projecto. Hoje, definem-se em duas vertentes: na tecnológica, de investigação e desenvolvimento, e no software para vários sectores de actividade como o marketing, publicidade, vinhos, turismo, segurança, métrica, entre outros.
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O Exhibit é o principal produto desenvolvido pela CreativeBitBox, um software que permite projecções interactivas em superfícies como chão, paredes, mesas e até montras, sem recorrer a sensores. Além disso, produz mapas interactivos e sítios on-line em 3 dimensões. Em 2008, venceram o 10º Prémio do Jovem Empreendedor, promovido pela ANJE, e já têm um vasto leque de clientes em carteira. A sua equipa já desenvolveu projectos para o Montepio, Super Bock, Nokia, Sagres, Opel, Governo Regional dos Açores, Columbia Tristar Warner, Optimus, Vodafone Grupo Estoril Sol, Grupo Chamartin, entre outros. Pedro Rodrigues afirma que a empresa continuará a crescer no mercado internacional "com projectos inovadores e bastante ambiciosos, que certamente a posicionarão ao mais alto nível".
Motivos espaciais
Ricardo Patrício estava a trabalhar com o sócio, Bruno Carvalho, na Agência Espacial Europeia quando surgiu a ideia de criarem a Active Space Technologies. Em Abril de 2004, lançaram a empresa que no primeiro ano de vida dividiu os promotores por Holanda e Portugal. Posicionaram-se na área em que já trabalhavam, engenharia térmica, mas foram adicionando outras competências ao longo do tempo. Começaram por calcular a distribuição de temperatura nos instrumentos e satélites, para garantir que conseguem funcionar em condições de temperatura óptimas, mas estão a apostar cada vez mais na prestação de serviços.
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A sua admiração vai para a Scaled Composites, que ganhou o prémio X-Prize, 10 milhões de dólares, por ser a primeira empresa privada a conseguir ultrapassar os 100 quilómetros de altitude num voo sub-orbital e repeti-lo num espaço de duas semanas. "A empresa provou é possível realizar voos quase espaciais com um orçamento reduzido", diz o jovem de 32 anos. O CTO (Chief Technical Officer) confessa que este é um dos seus objectivos: conseguir proporcionar aos seus clientes um serviço completo, da engenharia térmica, ás estruturas, electrónicas, fabrico, entre outros.
A equipa da Active Space Technologies é composta por engenheiros e cientistas com experiência em actividades espaciais, aeronáuticas, automóveis e de moldes. Na sua carteira de clientes estão nomes como o da Agência Espacial Europeia, Agência Espacial Japonesa ou Agência Espacial Alemã e várias empresas privadas, das quais Ricardo Patrício destaca a Hovemere, empresa de ópticas inglesa. O Observatório Europeu do Sul e a Fusion For Energy são outras das instituições com que a Active Space Technologies já trabalhou. "Acho que estamos a crescer de uma forma estável, temos uma panóplia de competências elevadas e conseguimos proporcionar aos nossos clientes um serviço integrado, multidisciplinar." Gostam de se posicionar em actividades que tenham um elevado grau de investigação e têm estado a investir e a reforçar o sector espacial e aeronáutico.
À semelhança de Pedro Rodrigues, Ricardo também olha para a Critical Software como uma referência. Na Critical, admiram a inovação e a capacidade de adaptação a diferentes negócios e são, por isso, um exemplo a seguir. A Active Space Technologies venceu o oitavo prémio Jovem Empreendedor, da ANJE.
Surfar na inovação
A inovação também chega às pranchas de surf. A Master Blank produz as suas espumas de forma inovadora, com um sistema produtivo desenvolvido em conjunto com o Pólo de Inovação em Engenharia de Polímeros, da Universidade do Minho. Objectivo: menores custos produtivos, maior capacidade de customização do produto, menos mão-de-obra e a possibilidade de, no futuro, produzirem espumas a partir de materiais biológicos. No fundo, Marta Alberto, 33 anos, só quis investir numa área pouco explorada em Portugal: a produção de poliuretanos rígidos. Ao fazê-lo, apostou também na inovação e na criação de novos mercados.
Durante dois anos, investiu em testes e no aperfeiçoamento dos seus produtos tendo ganho o nono Prémio Jovem Empreendedor da ANJE. A empresa que gostaria de ter criado é a mesma de Pedro Rodrigues: a multinacional Google, "um caso de sucesso completo". Marta explica que esta não é apenas um motor de busca eficaz, mas o suporte de toda a internet. "Faz parte do dia-a-dia da maioria dos utilizadores, entra em casa de milhões de pessoas diariamente e já nem nos apercebemos, porque faz parte da nossa nova linguagem. Google é internet".
A Master Blank desenvolve a sua actividade em duas áreas: na produção de espumas técnicas, como as placas de poliuretano para a construção de pranchas de surf e as placas costumizadas, onde o cliente pode adaptar o material; e na produção de espumas rígidas para isolamento térmico de edifícios, frio industrial e carroçarias isotérmicas e frigoríficas. Para o futuro, querem consolidar e reforçar a sua presença ao nível dos isolamentos. Estão a introduzir novos produtos complementares, realizados em parceria com a Fassa Bortolo e com a Amorim Isolamentos ao nível de isolamento pelo exterior e termo-acústico. "No futuro e sempre, queremos apresentar novos produtos que sejam mais-valias concretas para os diferentes mercados em que actuamos", comenta. Mais: estão a tentar transformar a Master Blank numa empresa de "desperdício zero" através da incorporação dos excessos de produção noutros produtos. "Hoje, as iniciativas ligadas à preservação do ambiente são do interesse de todos", frisa. Com a marca Master Iso, estão a contribuir para a redução do consumo energético e para uma redução global das emissões de CO2.
Como referência, elege o Banco Alimentar contra a fome, porque é um projecto de solidariedade, "prático, eficaz e muito útil". Embora o crescimento da procura destes bens seja uma consequência do insucesso da erradicação da fome em Portugal, "é reconfortante que este canal de auxílio continue aberto e a agilizar a distribuição de bens alimentares a todos os que têm a infelicidade de a ele terem de recorrer", conclui.