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Cloud Computing - O que é e como pode ajudar as PME

As empresas estão a adoptar soluções na "cloud" [nuvem] para as mais variadas tarefas. Desde o processamento de salários, passando por serviços tão banais como o "e-mail" ou a vídeoconferência, as soluções de "cloud computing", pela sua natureza fácil e barata, estão a ganhar terreno entre as pequenas e médias empresas em Portugal.

20 de Outubro de 2011 às 11:26
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Imagine colocar de parte investimentos sucessivos em "software", em actualizações de computadores e em armazenamento de dados todos os anos, e passar a delegar a terceiros as responsabilidades de apoio técnico - e tudo através de uma pequena mensalidade por utilizador. Este pode parecer um cenário longínquo para muitas pequenas e médias empresas, mas já está ao alcance de todos.

Chama-se "cloud computing" e, numa época de acessibilidade permanente à rede através de um "browser", é "o novo paradigma de computação na história da tecnologia", diz Patrícia Fernandes, responsável de comunicação da Microsoft Portugal, uma das empresas fornecedoras de serviços na "nuvem". Desde a era dos grandes computadores para armazenar dados nos anos 80, passando pela massificação dos computadores pessoais e pelo advento da Internet, as tecnologias de informação atingiram uma certa "maturidade tecnológica" que permitiu criar os chamados serviços "cloud".

"Cloud computing" não é mais do que o acesso e armazenamento de dados ou a utilização de "software" alojados num servidor através de um "browser", sem a necessidade de compra e instalação de um programa específico ou de alojamento de informação em servidores próprios. Ou seja, basta ter acesso à Internet para aceder aos serviços - desde processamento de texto até à gestão de clientes - que estão alojados na nuvem.

"A 'cloud' implica uma forma totalmente diferente de disponibilizar tecnologia", afirma Patrícia Fernandes, "sem investimento à cabeça" em infraestruturas, subscrevendo-se apenas um serviço. Os serviços de 'cloud computing' são "disponibilizados através de um 'browser', pagando-se uma quantia mensal, acessíveis em todo o lado", explica Niels Christian Krüger, gestora para o mercado de empresas da Google na região ibérica, que também oferece soluções "cloud" através do Google Apps.

E o que pode representar a "cloud" em específico para as pequenas e médias empresas? Estas soluções "são normalmente vendidas a empresas que não têm capacidade de investir em tecnologia", assegura Niels Christian Krüger. Logo, as PME surgem de imediato como o grande alvo desta solução tecnológica. Segundo Miguel Neto, professor no Instituto Superior de Estatística e de Gestão da Informação da Universidade Nova de Lisboa, "o grande benefício do 'cloud computing' é para as PME, que passam a usufruir de um conjunto de serviços que não teriam condições internas para ter". Responsáveis da PT, batem na mesma tecla: a 'cloud' não exige "grandes investimentos" da parte das empresas, já que passam a utilizar "plataformas comunitárias que reduzem os custos", tanto ao nível das infraestruturas como ao nível das aplicações.

Tecnologia ao acesso das PME
Antes, os grandes "data centers" estavam vedados ao acesso das pequenas e médias empresas e disponíveis apenas àquelas que tivessem possibilidade de investir em tecnologias de informação. Mas a nuvem veio dar a possibilidade de o tecido de PME poder vir a aceder a vários serviços, desde armazenamento de dados ao fornecimento de aplicações de "software" e ajuda técnica, antes disponíveis para as empresas que tivessem capacidade de investir, de facto, em tecnologias de informação. Os serviços "cloud" funcionam "tal como o modelo das 'utilities'", assegura Patrícia Fernandes, "pagando-se o que se consome, como na electricidade".
Contudo, a questão da segurança dos dados, cuja responsabilidade é delegada numa terceira entidade, não será um factor de impedimento na adopção de serviços "cloud"? "A legislação aplicável é um factor crítico neste aspecto", segundo a PT. A lei de protecção de dados portuguesa, baseada numa directiva europeia de 1995, obriga ao gestor dos dados que respeite "um nível de segurança adequado" em relação aos riscos relativos "à natureza dos dados a proteger", prevendo a transferência "livre" de dados, na maioria dos casos, entre os Estados-membros da União Europeia.

Já numa eventual transferência de informação de dados portugueses para fora do espaço europeu, cabe à Comissão Nacional de Protecção de Dados, o organismo português responsável pela fiscalização do processamento de dados pessoais, decidir se um "Estado que não pertença à União Europeia assegura um nível de protecção adequado" à informação a transferir.

"Este é um dos principais aspectos e preocupações de quem adopta serviços 'cloud'", segundo Miguel Neto, "já que, às vezes, não se sabe ao certo onde estão fisicamente os dados". Contudo, a PT, um dos operadores de peso no sector, assegura que "todos os seus dados e plataformas estão em território português", mostrando, como exemplo, o investimento em mais de 50 mil servidores no centro de dados da Covilhã, que deverá entrar em funcionamento no segundo semestre de 2012, como uma resposta futura às preocupações que emergem a esse nível.

Solução para reduzir custos
O facto de bastar um computador e um "browser", a par da eliminação das actualizações de "software" e da necessidade de investimentos avultados em TI, são factores que acabam por se tornar apelativos para quem mais sofre com a contracção da economia num contexto de crise profunda como a que se vive em Portugal.

O mercado português representa, segundo Niels Christian Krüger, "uma grande oportunidade, devido à necessidade [das PME] em reduzir custos" e, graças ao cariz agregador da maioria das soluções na nuvem, "à necessidade destas de aumentarem a produtividade".

Mas irá este mercado crescer? Segundo a PT, "Portugal tem um historial de adesão de empresas a novas tecnologias", prevendo que 2012 seja o ano de uma "utilização massificada" dos serviços "cloud" junto das pequenas e médias empresas. Miguel Neto corrobora, em parte. "Há uma tendência inegável das PME na adopção de novas tecnologias, em específico de 'cloud'", apesar de "haver ainda relutância por parte de algumas empresas, devido ao desconhecimento do que é o 'cloud computing'".





PERGUNTAS & RESPOSTAS

. O que é a "cloud"?
Segundo a definição de referência do National Institute of Standards and Technology, organismo federal dos Estados Unidos para a promoção da inovação e da comeptitividade industrial a nível tecnológico no país, "cloud computing" é "um modelo que permite um acesso a pedido a um conjunto partilhado de recursos computacionais com a capacidade de serem rapidamente fornecidos e disponibilizados com um mínimo de esforço ou de interação com o fornecedor dos serviços". Ou seja, o acesso a servidores, armazenamento, a aplicações e serviços é simplificado através de uma estrutura de "só paga o que consome", sem necessidade de aquisição de infraestruturas ou de "software". Tudo é acessível através de uma ligação à Internet.

. Quanto custa?

O modelo mais comum de subscrição de serviços "cloud" funciona através de licenças por utilizador que oscilam entre os 40 a 60 euros mensais.

. Que tipo de serviços há?

Segundo a NIST, os serviços de "cloud" podem dividir-se em três tipos: os de "software", com o acesso do consumidor através do "browser" a uma variedade de aplicações alojadas na nuvem; os de plataforma, que permitem ao utilizador programar utilizando as valências da "cloud"; e o de infraestrutura, no qual são fornecidos serviços de armazenamento, processamento e de rede.

. Quais as vantagens deste serviço?

Além de não implicar um investimento prévio em "hardware" e "software", os serviços de "cloud" tiram o peso da gestão técnica dos sistemas de informação de cima das PME, delegando-as para o fornecedor dos serviços.

A flexibilidade da solução - o facto de precisar apenas de um computador munido de um "browser" para aceder aos serviços - é uma das mais-valias que seduz muitas empresas a entrarem na nuvem.

. Quais os inconvenientes?

A perda de controlo directo sobre os dados é um dos inconvenientes apontados pelas empresas, tal como a dependência de terceiras entidades em relação aos serviços subscritos.
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