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Luís Montenegro: “É tão importante ter bons políticos, como bons jornalistas”

O primeiro-ministro destaca a importância da sustentabilidade financeira dos media para continuar a assegurar a democracia. Mas deixou algumas “provocações”.

João Cortesão
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O tema da sustentabilidade financeira dos media "está na agenda do Governo". A garantia foi dada pelo primeiro-ministro esta terça-feira na abertura da conferência sobre o futuro dos media, que foi acompanhada pela apresentação do plano de apoios ao setor que contempla 30 medidas. 

"Temos uma plano de ação para a comunicação social que já foi  aprovado em conselho de ministros,  mas não foi comunicado porque a agenda mediática anda muito preenchida", atirou Luís Montenegro, em alusão à discussão entre o PS e o PSD sobre o Orçamento do Estado para 2025.

O primeiro-ministro explicou que o documento apresentado esta terça-feira contempla decisões que vão "tomar de imediato, e outras que serão colocadas no espaço de discussão para  depois serem consubstanciadas em novas decisões". Mas considera que permite "lançar uma base para um novo olhar sobre a sustentabilidade da comunicação social".

O objetivo destes apoios passa por "cumprir o desígnio de termos uma sociedade bem informada e que os valores da independência, rigor e qualidade da informação sejam salvaguardados", sublinhou. Passos essenciais  para contribuir para termos uma democracia mais robusta  e com capacidade de escrutínio de todos os agentes". Tudo isto "não é possível sem uma comunicação social forte", reforçou.

Luís Montenegro destacou ainda que "não é apenas a RTP que presta serviço público, todos os órgãos de comunicação social prestam o serviço público garantir a  liberdade de informar e ser informado". 

Começando por explicar que o objetivo destes apoios não é "intervir no funcionamento" dos títulos de informação o plano passa por tentar mitigar a atual crise que o setor vive há anos, quer com a queda de vendas quer na precariedade dos profissionais do setor 

"Não queremos intervir no funcionamento dos órgãos de comunicação social nem nenhum tipo de intromissão no espaço que é o reduto do jornalismo, mas temos obrigação de construir  o edifício legislativo e alicerces da estabilidade financeira para que depois se possa traduzir se em maior grau de liberdade e prossecução do interesse público em informar", sustentou.

"É importante que compreendam que para termos uma comunicação social sustentável e forte, para podermos garantir a independência e qualidade dos protagonistas da informação, temos de ter coragem de mudar algumas coisas", referiu Montenegro.

O primeiro-ministro aproveitou ainda para sublinhar que "em Portugal muitas vezes apelamos à qualidade dos agentes públicos e políticos, mas precisamos de bons jornalistas também. É tão importante ter bons políticos como bons jornalistas", considerou. "É importante que nestas duas áreas, que tantas vezes se cruzam, as garantias de qualidade sejam recíprocas", acrescentou.

Durante o discurso de abertura da conferência promovida pelos principais grupos de media, Luís Montenegro deixou algumas "provocações" à cobertura mediática. Defendeu  a necessidade de ter "uma comunicação mais tranquila como informa, como transmite os acontecimentos, e não tão ofegante por uma notícia que parece que é de vida ou de morte quando, afinal as coisas estão a funcionar". 

De seguida, comentou que o  que mais o impressiona atualmente é "estar com seis ou sete câmaras à frente e jornalistas com auricular ou com telemóvel" através dos quais "lhes sopram as perguntas a fazer". E foi mais longe nas críticas: "[quando isto acontece] os jornalistas não estão a valorizar a sua profissão". "Para fazer a pergunta que outro sopra ao ouvido ou ler a pergunta num SMS não é preciso  uma especial qualificação", disse.

Por outro lado, comentando que por diversas vezes já teve oportunidade de dizer a vários jornalistas a "admiração" que tem pelo trabalho que fazem, aproveitou para desafiar o setor a fazer uma reflexão sobre si próprio, disse, olhando para a plateia onde marcam presença os presidentes executivos e vários diretores das principais publicações de informação do país.

De seguida, decidiu "fazer uma pequena provocação", relacionada com o desafio do combate à desinformação. "As redes sociais são muitas vezes inimigas da democracia e da atividade profissional do jornalismo livre e independente. É preciso que a comunicação social não vá atrás das ondas das redes coisas, está-se a diminuir sem se aperceber", criticou.

A conferência  Futuro dos Media foi organizada pela Medialivre, Media Capital, Impresa, Público e Renascença, parceiros da Plataforma de Media Privados.

(Notícia atualizada às 11h42)

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