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Têxtil vê primeira luz ao fundo do “túnel” das exportações
A indústria têxtil e de vestuário registou em agosto o primeiro aumento das vendas no estrangeiro desde janeiro. No acumulado dos oito primeiros meses de 2020, os industriais encaixaram menos 477 milhões de euros, com a líder Espanha a encolher um quarto das compras.
Sete meses depois, a indústria portuguesa do têxtil e vestuário conseguiu travar em agosto o ciclo de descidas nas exportações. Registou um "tímido" aumento de 0,2% face ao mesmo período do ano passado, segundo as contas da associação do setor (ATP) com base nos dados publicados pelo Instituto Nacional de Estatística esta sexta-feira, 9 de outubro.
Totalizando 355,3 milhões de euros de vendas ao exterior, além dos chamados "produtos covid", que no mês anterior já tinham ajudado a abrandar o ritmo de quebra, também as matérias-primas de algodão (+19,7%), os tecidos especiais (+15,7%), os tecidos de malha (+12,2%) e as pastas, feltros e artigos de cordoaria (+3,2%) contribuíram para este regresso a terreno positivo.
Apesar desta "luz", o túnel ainda parece comprido para os industriais têxteis, que entre janeiro e agosto deste ano perderam 477 milhões de euros (-13,5%) de vendas nos mercados internacionais, em termos homólogos. Mesmo com o aumento de 109 milhões na categoria de artefactos têxteis confecionados (onde se incluem as máscaras) e de 17 milhões na de vestuário confecionado com feltros ou falsos tecidos, que abrange os equipamentos de proteção individual.
França (6,4%), Bélgica (1%) e Dinamarca (2,4%) são os únicos destinos do "top 10" que aumentaram as compras de têxteis e de vestuário às empresas portugueses nos primeiros oito meses do ano, enquanto a Alemanha manteve o mesmo nível comercial. Já o tropeção mais significativo foi dado pelo "líder" mercado espanhol (- 26,8%), prolongando assim uma tendência de perda de influência que já vinha antes da pandemia.
Esta semana, a associação empresarial liderada por Mário Jorge Machado lançou o programa "Regenerar o Setor: Ganhar o Futuro", que representa um investimento de 678 mil euros, a executar até fevereiro de 2022 e financiado em 85% por fundos comunitários, com o objetivo de acelerar a digitalização, subir na cadeia de valor e aceder a financiamento.