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Purever investe 45 milhões na compra de concorrentes em França e Inglaterra
Com fábricas em Portugal, Espanha, França e Reino Unido, o grupo de Nelas faz duas aquisições na Europa para chegar a vendas próximas de 200 milhões de euros e 800 trabalhadores.
O ministro da Economia inaugura esta quarta-feira, 21 de Fevereiro, em Nelas, a quarta unidade produtiva neste concelho do grupo Purever, fabricante de produtos de isolamento e refrigeração. Trata-se de um pavilhão totalmente dedicado à produção de equipamentos para a construção de "salas limpas" dirigidas à indústria farmacêutica, laboratórios, hospitais e outras instalações que necessitem de condições especiais de funcionamento. O investimento foi de 1,4 milhões e implicou a criação de mais duas dezenas de postos de trabalho.
"Essencialmente orientado para o mercado da exportação", o reforço da capacidade produtiva de "salas limpas" visa "duplicar as vendas desta área de negócio de cinco milhões para 10 milhões de euros já este ano", adiantou ao Negócios o CEO da Purever. Luís Coelho Borges revelou que o grupo acaba de ganhar um concurso internacional da espanhola Grifols, "no valor de mais de dois milhões de euros", para a instalação de uma "sala limpa" na fábrica que aquela produtora espanhola de derivados de sangue está a construir na Irlanda.
O complexo industrial da Purever em Nelas, onde trabalham cerca de 220 pessoas, integra três outras áreas produtivas, designadamente a estanteria modular, através da marca Coolblok, a de portas isotérmicas com a Portiso e as câmaras modulares com a insígnia Coldkit. No total, só as operações industriais do grupo neste concelho geraram 24 milhões de euros de facturação em 2017, mais 23% do que no ano anterior, com as exportações a representar mais de metade (53%) do total.
A Purever detém outra fábrica no nosso país, em Gaia, com 80 trabalhadores e que factura 12 milhões de euros na produção de equipamento para hotelaria e restauração, a que acresce duas unidades fabris em Espanha , outras duas em França e uma em Inglaterra.
"Em termos globais, no ano passado, o grupo facturou mais de 80 milhões de euros – dois terços dos quais em exportações para mais de 30 países, com França a valer 20% do total – e alcançou um EBITDA superior a seis milhões, empregando cerca de 400 pessoas", garantiu Luís Coelho Borges.
Entrada no top-5 europeu
Enorme em Portugal, no sector em que actua, mas ainda pequena em termos internacionais, a Purever está "a ultimar" duas operações que lhe vão dar dimensão mundial. "Fechamos os acordos para a compra de uma concorrente em França, que factura 80 milhões de euros e emprega 400 pessoas, e uma outra em Inglaterra, que tem 30 trabalhadores e vendas de 12 milhões de euros", afirmou o CEO do grupo português, que não quis identificar as empresas a adquirir.
De acordo com Luís Coelho Borges, a Purever vai desembolsar "cerca de 45 milhões de euros" nesta dupla aquisição – "30 milhões pela empresa francesa e 15 milhões pela inglesa", detalhou. O financiamento das duas operações será realizado apenas em "um terço com fundos próprios", estando o restante a ser negociado "apenas com bancos internacionais".
No caso da unidade gaulesa, trata-se de uma fabricante de "’salas limpas’ e equipamento para o agro-negócio, designadamente painéis e portas isotérmicas". Já a britânica, "situada na zona de Norfolk", fabrica "o chamado mobiliário neutro em inox". A Purever detém já uma fábrica no Pais de Gales, que produz portas isotérmicas, emprega 20 pessoas e factura cerca de cinco milhões de euros.
"Com estas duas aquisições, o nosso objectivo é tornarmo-nos uma das cinco maiores empresas europeias neste sector, com vendas próximas dos 200 milhões de euros, uma forte presença internacional e para trabalhar à escala mundial", apontou o CEO da Purever.
Joaquim Coimbra e angolano Cunha
A Purever nasceu em 2001 de um "management buy out" sobre a Dagard Ibérica, cuja unidade em Nelas tinha resultado de uma "joint venture" entre o grupo francês (65%) e a Sonae (35%). O actual CEO da Purever, Luís Coelho Borges, que era director-geral internacional da empresa gaulesa, foi um dos seis quadros do grupo que corporizaram o MBO. Borges e outros três mantêm-se na estrutura accionista da Purever, "detendo cerca de um terço do capital". Joaquim Coimbra, accionista dos falidos BPN e BPP, detém uma participação de aproximadamente 30%. Ainda de acordo com o presidente executivo do grupo sediado em Nelas, um fundo de investimento da GLD Partners tem 20% do capital da Purever e o grupo angolano Carlos Cunha cerca de 17%.