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Presidente, administrador e dois accionistas da Pescanova constituídos arguidos

O presidente, um administrador e dois accionistas da empresa galega Pescanova foram constituídos arguidos por um delito de uso de informação relevante e serão ouvidos no início de Junho num tribunal madrileno.

Correio da Manhã
23 de Maio de 2013 às 16:47
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A decisão foi tomada pelo juiz da Audiência Nacional Pablo Ruz e abrange o presidente do grupo, Manuel Fernández de Sousa-Faro, o administrador Alfonso Paz-Andrade e os accionistas José Alberto Barreiras e José Antonio Pérez-Nievas.

 

No auto, o juiz declara-se competente para investigar a alegada falsificação das contas apresentadas pela empresa, admitindo assim três das quatro queixas apresentadas por este assunto.

 

A decisão abrange também a Pescanova, como pessoa jurídica, por falsificação de informação económica e financeira.

 

Apesar da constituição de arguidos, o auto não submete o grupo pesqueiro a qualquer intervenção judicial visto a empresa estar já sob concurso voluntário de credores.

 

Hoje, em entrevista à Cadena Ser, Fernández de Sousa negou que haja "um buraco de 3.000 milhões (de euros) na Pescanova" e que o valor da empresa supera "em muito o seu passivo".

 

Actualmente sem funções executivas na empresa, por ordem judicial, Fernández de Sousa disse que tudo o que tem feito até agora "tem sido em benefício da empresa", o que ficará demonstrado em tribunal, assegura.

 

"Não há um buraco de 3.000 milhões, o que criámos nos últimos anos foi valor para a empresa", afirmou, explicando que a marca e as explorações aquícolas não estão contabilizadas.

 

"Hoje, o valor de Pescanova excede em muito o seu passivo", afirmou.

 

Fernández de Sousa explicou que o atraso na apresentação dos resultados do ano ocorreu porque o grupo estava à espera de realizar um processo de desinvestimento no Chile ou de apresentar o pré-concurso de credores.

 

Explicou que a empresa tinha problemas de tesouraria e que esse foi um dos principais motivos pelo que vendeu parte das suas acções do grupo.

 

"Comuniquei a venda das acções. Continuo a ser o maior accionista e contribuí com 10 milhões para apoiar a empresa em problemas de tesouraria", afirmou, rejeitando qualquer uso de informações privilegiadas para a venda das acções.

 

"Se tivesse querido fazer uso de informação privilegiada teria vendido tudo e ter-me-ia ido [embora]", afirmou.

 

Recorde-se que a Pescanova apresentou a 05 de Abril o concurso de credores, para evitar que um credor solicite a insolvência da empresa.

 

Uma decisão tomada cerca de um mês depois da empresa ter solicitado o pré-concurso de credores, com uma dívida de cerca de 2.700 milhões de euros, ou 1.200 milhões de euros acima do que figura no passivo auditado (1.522 milhões de euros no final do terceiro trimestre de 2012), segundo fontes da empresa.

 

Para conseguir liquidez, a Pescanova realizou em Março de 2010 uma emissão de obrigações convertíveis em acções, no valor de 110 milhões de euros, com vencimento a cinco anos e, em Abril de 2011, concluiu entre os investidores qualificados e institucionais uma outra emissão também de obrigações convertíveis, no montante de 180 milhões de euros, que vence a 17 de Abril de 2017.

 

Um dos dez maiores grupos da indústria pesqueira mundial, o grupo Pescanova tem uma forte presença em Portugal, onde em Junho de 2009, em Mira, inaugurou a Acuinova, a maior unidade do mundo para a criação de pregado em aquicultura.

 

Nos resultados referentes ao terceiro trimestre de 2012, últimos divulgados pela empresa, a Pescanova registou lucros líquidos de 24,9 milhões de euros, mais 2,2% que no mesmo período do ano passado.

 

A facturação cresceu 8,9%, sendo que o crescimento fora do mercado espanhol foi de 14% e a empresa acumulava um passivo de 1.522 milhões de euros no final de Setembro, dos quais 459 milhões de euros correspondem a credores comerciais.

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