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Patrão dos patrões do calçado: "Discussões macias são para mulheres grávidas"
Fortunato Frederico, o ainda presidente da associação dos industriais do calçado (APICCAPS), elogiou a "mulher dura" que liderou, do lado sindical, as negociações que fazem deste sector a primeira indústria do país a registar a igualdade do género nos salários.
A cerimónia do novo contrato colectivo para a fileira do calçado, que decorreu esta terça-feira, 18 de Abril, na sede da associação patronal do sector, no Porto, ficou marcada pelas declarações do presidente da APICCAPS sobre as negociações com os sindicatos.
"Foram discussões duras, mas têm que ser assim. Discussões macias são para mulheres grávidas. E a Fernanda é dura", afirmou Fortunato Frederico, elogiando a postura de Fernanda Moreira, presidente do sindicato do sector do calçado de São João da Madeira, um dos maiores pólos industriais de calçado do país.
Na presença do ministro Vieira da Silva, o maior fabricante português de calçado considerou que "os trabalhadores têm que estar sempre insatisfeitos, mas não tristes. Os trabalhadores tristes não produzem", argumentou.
Já em declarações aos jornalistas, Fortunato Frederico desvalorizou o impacto da actualização salarial, resultante do acordo agora assinado, no seu grupo empresarial: "Ainda não fiz as contas. Eu procuro é ganhar dinheiro todos os dias", rematou.
Manuel Freitas, presidente da FESETE (federação de sindicatos), classificou a APICCAPS como "uma associação muito dura", pois "é difícil extrair-lhe um cêntimo".
Este dirigente sindical detalhou os aumentos salariais acordados em sede de contrato colectivo de trabalho. Para um aumento médio de 3,45%, a igualdade do género é contemplada com um acréscimo de 5,3%, enquanto os quadros médios e superiores não sofrem qualquer aumento de rendimento.
Vieira da Silva, ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, enalteceu o carácter pioneiro do acordo de regulação laboral da indústria do calçado. "Não é mais um contrato, mas um contrato que introduz um factor inovador, pois proíbe a discriminação de género".
Este contrato colectivo de trabalho do sector "prevê, pela primeira vez, uma igualdade remuneratória para os trabalhadores que desempenham funções do mesmo nível de classificação profissional, independentemente do género".