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Luís Onofre, patrão do calçado: “O absentismo nos homens é quase zero e muito grande nas mulheres”

O presidente da associação do calçado diz que a falta de mão-de-obra é “o principal problema” do sector, além do “factor produtividade”. E defende que as horas extraordinárias “sejam um prémio para os funcionários e não taxadas da forma injusta que são”.

A falta de mão-de-obra "é o principal problema" da indústria portuguesa do calçado, diz Luís Onofre, presidente da associação do sector. Correio da Manhã
09 de Setembro de 2017 às 14:27
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Ainda há falta de mão-de-obra na indústria do calçado em Portugal? "Muita. Esse é o nosso grande problema, há défice enorme nessa área", lamenta Luís Onofre, presidente da Associação Portuguesa dos Industriais de Calçado, Componentes, Artigos de Pele e seus Sucedâneos (APICCAPS), em entrevista, este sábado, ao Dinheiro Vivo.

 

"As pessoas que temos são poucas o que nos obriga a recorrer a horas extraordinárias, e temos até tentado sensibilizar o Governo para que as horas sejam um prémio para os funcionários e não taxadas de forma injusta que são", defende o empresário, que assumiu o cargo de líder da associação da fileira do calçado há cerca de quatro meses.

 

Luís Onofre garante que na indústria do calçado estão "todos de acordo" sobre esta mudança de tratamento fiscal das horas extraordinárias, "mesmo a nível sindical".

 

O líder da APICCAPS alerta que, "se as horas continuarem a ser taxadas desta forma injusta, os funcionários não as querem fazer, e eu tenho de os compreender. Espero que haja uma sensibilização nesse sentido, é algo em que o Governo devia pensar", diz, instando o Executivo a criar "uma benesse fiscal para as horas extraordinárias". "Todos íamos ganhar com isso, incluindo a economia portuguesa", justifica.

Além da falta de mão-de-obra, o designer e líder associativo alerta ainda para o eterno "factor produtividade, que é um problema [transversal] em Portugal".

 

Para Onofre, "devíamos trabalhar melhor e, em último recurso, devíamos trabalhar mais", admitindo que "a culpa da falta de produtividade não é só dos trabalhadores, passa também pela organização dos próprios empresários".

 

"E eu por mim falo, que também tenho alguns défices nesse aspecto", reconheceu.

 

Ainda sobre o problema da produtividade, queixou-se do "enorme" absentismo que existe no sector do calçado. "E, numa linha produtiva, se falta uma pessoa, a produção pode parar toda", explicou, rematando esta matéria com uma diferença de género: "Imprevistos acontecem, é certo, mas o absentismo nos homens é quase zero e muito grande nas mulheres."

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