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Gestores portugueses faltam pouco e motivam-se mais nas crises
Só os britânicos têm uma assiduidade mais elevada, segundo um barómetro europeu de absentismo e compromisso, que mostra que os portugueses são os únicos com maior "mobilização" nas fases difíceis que nas de crescimento.
Os gestores portugueses do sector privado estão entre os que menos faltam ao trabalho nos mercados europeus – só os britânicos têm uma taxa de assiduidade superior –, com 76% a assegurarem que este ano trabalharam em "todos os dias em que isso estava previsto".
Este resultado, que representa uma percentagem 10% superior à média europeia, surge no Barómetro do Absentismo e do Compromisso da Ayming, realizado junto de 2.843 profissionais em oito países. Ainda assim, entre os poucos quadros portugueses que admitem ter faltado, 72% fizeram-no por motivos pessoais, que abrange as questões de saúde pessoal ou de familiares.
Apesar de não serem tão felizes no trabalho quanto a média dos congéneres europeus (81% contra 86%, respectivamente), os gestores portugueses afirmam-se mais "mobilizados para o futuro da empresa" do que no conjunto das respostas obtidas também na Alemanha, Bélgica, Espanha, França, Itália, Holanda e Reino Unido. E o grau de compromisso deles até é maior quando as suas empresas enfrentam situações de crise.
Esse é mesmo um desfecho inédito no conjunto dos países abrangidos por este estudo, realizado em 2017 pela Kantar TNS. Entre os 305 portugueses que responderam, 85% sustentou sentir-se mobilizado nos momentos mais difíceis para a empresa – contrasta com os 64% de europeus motivados num contexto de maiores dificuldades –, sendo que a percentagem no caso português até baixa para 82% quando o negócio está a passar por uma fase de crescimento.
"Contribui também para a imagem de resiliência do ‘manager’ português o facto de ter agilidade e capacidade de mobilização, ainda que por vezes em situações em que sente lacunas nas ferramentas e formação disponibilizadas pelas empresas", destaca Nuno Tomás, director-geral da Ayming Portugal.
O consultor da antiga Alma Consulting, licenciado em Gestão pela Católica e mestre em Sistemas de Informação pelo ISEG, acrescentou numa nota de imprensa que, "havendo um ‘handicap’ a priori, é por iniciativa dos próprios ‘managers’ que essa limitação é ultrapassada, o que é revelador da sua pró-actividade neste âmbito."
Um estudo qualitativo apresentado em 2016 por esta consultora, presente em 16 países, mostrou que quase um em cada cinco (18%) directores de Recursos Humanos portugueses admitia não acompanhar a taxa de absentismo na empresa. Nuno Tomás frisou então que este era "um fenómeno em que, mesmo ao nível das próprias consequências e custos financeiros, as empresas não os calculam todos, pelo menos os indirectos".
"Por exemplo, nunca [estive] numa empresa que quantificasse todo o esforço de replaneamento por ausência de um colaborador, que pode aumentar exponencialmente conforme a dependência que tiver dele para a sua actividade económica. E é, de facto, um impacto", sublinhou o responsável da Ayming Portugal.