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Mobiliário quase retoma nível de exportações pré-pandemia

A fileira do mobiliário e artigos de decoração aumentou 29% as vendas ao exterior até abril, ficando apenas 3% abaixo dos registos anteriores à covid-19. Dos cinco maiores clientes, só o Reino Unido baixou as compras.

Paulo Duarte
28 de Junho de 2021 às 14:29
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As exportações do cluster do mobiliário ascenderam a 602 milhões de euros nos primeiros quatro meses de 2021, ficando bem acima dos 465 milhões de euros de vendas ao exterior que tinha registado no mesmo período do ano passado, que ficou marcado pelo início da pandemia de covid-19.

 

No entanto, como destaca a principal associação do setor (APIMA), mais do que a progressão homóloga de 29%, este resultado parece "[confirmar] as perspetivas de retoma do crescimento que a fileira vinha a registar na última década, antes dos impactos da covid-19, com uma diferença negativa de apenas 3% face ao primeiro quadrimestre de 2019".

 

E entre os cinco principais mercados, apenas o Reino Unido recuou nas compras às empresas portuguesas deste setor. França (48%), Espanha (29%), Alemanha (1%) e Estados Unidos (20%) aumentaram as encomendas, com os clientes franceses e espanhóis a assegurarem agora quotas de mercado de 34% e 26%, respetivamente.

 

Do outro lado da balança comercial, o valor das importações nesta fileira também subiu em relação aos primeiros meses de 2020, ainda que a um ritmo bem inferior, a rondar os 10%. Historicamente superavitário, o saldo é agora de 293 milhões de euros, com uma taxa de cobertura das importações pelas exportações de 195%.

 

Embora "satisfeito com os resultados alcançados, numa conjuntura particularmente desafiante e marcada por uma grande imprevisibilidade", o presidente da APIMA, Joaquim Carneiro, avisa, citado num comunicado de imprensa, que os empresários "não [podem] acreditar que as adversidades terminaram".

 

"Os primeiros meses de 2021 demonstram que há um conjunto de consequências da pandemia, como a escassez e subida vertiginosa dos custos das matérias-primas, bem como dos transportes e fretes marítimos, que continuaram a prejudicar e a condicionar seriamente a atividade económica deste cluster", acrescenta o também presidente da Animovel, que no verão passado construiu uma serralharia em Paços de Ferreira.

 

Os primeiros meses de 2021 demonstram que há um conjunto de consequências da pandemia que continuaram a prejudicar e a condicionar seriamente a atividade económica deste cluster. Joaquim Carneiro, presidente da APIMA



Em declarações recentes ao Negócios, o diretor executivo desta associação que representa a fileira do mobiliário e artigos de decoração, Gualter Morgado, referiu que a situação quanto às matérias-primas  é "cada vez mais preocupante" e, inclusive, "já há empresas bastante condicionadas pelas dificuldades de abastecimento e que ficarão, face ao prolongar deste cenário, numa posição bastante difícil para responder às encomendas dos clientes".

 

É que, embora alguns artigos já tenham ficado mais caros para o consumidor final, "o impacto desta subida dos preços está a ser absorvido sobretudo pelas empresas". "Face aos efeitos da pandemia e à necessidade de segurarem a atual carteira de clientes, as empresas do setor estão a fazer um esforço adicional e a perderem margem de lucro. Mas este é um cenário que não poderá perdurar muitas semanas, sob pena de asfixiar as finanças de empresas que viveram, nos últimos 18 meses, um dos períodos mais desafiantes da sua história recente", alertou o porta-voz da APIMA.

 

90%Exportações
A indústria do mobiliário envia para o estrangeiro cerca de 90% do que produz, sobretudo em Paredes e Paços de Ferreira.

 

No ano passado, as empresas portuguesas do cluster do mobiliário venderam 1,58 mil milhões de euros no estrangeiro, o que representou uma quebra de 14% em relação ao ano anterior, que tinha sido o melhor de sempre para este setor que exporta cerca de 90% da produção.

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