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Efacec acusa Noruega de cancelar negócio para o dar a concorrente local
“Se as características do concurso se mantiverem, a única empresa que poderá concorrer de novo será a Cambi, concorrente norueguês que foi eliminado no concurso ganho pela Efacec”, acusa a empresa portuguesa.
A Efacec confirma que "recebeu comunicação, no passado dia 2 de fevereiro", a informar a empresa portuguesa do "cancelamento" do concurso para a construção de uma central de biogás na Noruega, de que tinha sido declarada vencedora em dezembro passado, mas que foi agora afastada do processo.
"As alegações apresentadas pela empresa pública norueguesa são veemente refutadas pela Efacec, que não compreende o cancelamento de um concurso, três semanas após a sua adjudicação", afirma a empresa liderada por Ângelo Ramalho, em comunicado
Segundo o jornal norueguês E24 este volta-face deve-se ao facto da Efacec não ter sido considerada "suficientemente sólida do ponto de vista financeiro".
A Efacec refuta e acusa: "Se as características do concurso se mantiverem, a única empresa que poderá concorrer de novo será a Cambi, concorrente norueguês que foi eliminado no concurso ganho pela Efacec", garante.
Ora, quando a Nedre Romerike Avløpsselskap, empresa pública norueguesa, havia adjudicado à Efacec a construção de um central de biogás em Lillestrøm, a cerca de 20 quilómetros da capital Oslo, um contrato no valor de 21 milhões de euros, a Cambi, um dos outros candidatos derrotados, decidiu avançar para a contestação do concurso, usando como argumento o facto de Isabel dos Santos, envolvida no chamado "Luanda Leaks", ter tido sido acionista da empresa portuguesa.
"Considerada a enorme cobertura internacional do escândalo de corrupção que rodeia Isabel dos Santos e a sua antiga e agora contestada participação de mais de 70% na Efacec, estamos muito surpreendidos que a Efacec tenha participado no concurso e sido dada como vencedora", sublinhava a norueguesa Cambi em comunicado.
A Efacec contrapõe que "apresentou todos os requisitos solicitados pela NRA na fase de concurso, tendo sido selecionada com base na sua experiência e competitividade", relembrando que "foi a empresa responsável pela construção da maior central de biogás na Europa e que se encontra neste momento a desenvolver projetos de muito maior envergadura, das do projeto solicitado pela NRA, em várias regiões do globo".
E lembra, ainda, que o concorrente norueguês que foi eliminado no concurso ganho pela Efacec interpôs uma queixa à entidade reguladora norueguesa de concursos públicos – KOFA - com base em questões reputacionais ligadas à ex-acionista maioritária da Efacec, a qual "foi considerada infundada pela KOFA e pela NRA, que defendeu a escolha da Efacec ainda no início deste ano", afiança.
A Efacec vai contestar judicialmente a última decisão da empresa pública norueguesa? "A Efacec encontra-se a analisar todas as opções legais para recorrer desta decisão", adianta, sem detalhar.
Em julho do ano passado, na sequência do "Luanda Leaks", o Governo aprovou um decreto-lei para nacionalizar 71,73% do capital social da Efacec que estavam nas mãos de Isabel dos Santos, justificando esta opção por a empresa ser "uma referência internacional em setores vitais para a economia portuguesa".
Entretanto, o Estado colocou esta participação à venda e fixou o dia 1 de março como data limite para os interessados apresentarem propostas não vinculativas para a compra desta posição.
A Efacec fechou 2020 com receitas de 220,2 milhões de euros, o que se traduz numa quebra de 37,6% face a 2019, um EBITDA negativo de 19,8 milhões de euros e uma dívida bruta de 198 milhões de euros.
(Notícia atualizada às 12:48)