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Covid-19 mancha Sonae Indústria com prejuízos no trimestre

Com a pandemia a determinar o fecho parcial ou total das fábricas que tem em sete países, incluindo a “joint-venture” com a chilena Arauco, a companhia inverteu os lucros de 1,2 milhões de euros de há um ano para prejuízos de 1,2 milhões nos primeiros três meses de 2020.

Paulo Azevedo, presidente da Sonae Indústria.
06 de Maio de 2020 às 21:39
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A covid-19 está a afetar significativamente a atividade da Sonae Indústria, que tem duas fábricas em Portugal, uma no Canadá e outra na Alemanha, e sobretudo o universo industrial formado por uma dúzia de unidades da Sonae Arauco, grupo que detém a meias com os chilenos da Arauco.

 

"No primeiro trimestre de 2020, os negócios integralmente detidos da Sonae Indústria apresentaram uma melhoria nos valores de EBITDA quando comparados com o quarto trimestre de 2019 e o primeiro trimestre de 2019", realça Paulo Azevedo, presidente do grupo, na abertura do comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), esta quarta-feira, 6 de maio.

 

Mas eis que, "apesar desta melhoria do EBITDA e do resultado líquido novamente positivo ainda que reduzido da Sonae Arauco no trimestre, os resultados líquidos da Sonae Indústria no primeiro trimestre de 2020 foram negativos em 1,2 milhões de euros", avança Paulo Azevedo.

 

Um resultado que foi marcado, explica, pelo "desempenho mais fraco em março", quando o grupo começou "a assistir a uma diminuição do nível de encomendas dos clientes em algumas regiões e, na parte final do mês, com a atividade a reduzir significativamente na sequência dos ‘lockdowns’ impostos pelos governos de vários países (incluindo Canadá, Estados unidos, África do Sul e Espanha) com o objetivo de conter a propagação da covid-19 e que conduziram ao encerramento temporário, parcial ou total, das nossas unidades industriais nessas regiões".

 

Impactos da pandemia que foram "foram significativamente agravados em abril", levando a Sonae Indústria a tomar medidas para mitigar os seus efeitos, que "incluem adaptar os nossos níveis de produção, estruturas de custos e planos de investimento para proteger a liquidez e salvaguardar o futuro", sublinha o líder do grupo.

 

Na sequência do surto, "e em resultado das limitações do mercado ou das imposições dos governos", o grupo tem atualmente "várias unidades industriais a operar com níveis muito baixos de atividade ou paradas".

 

Pandemia aborta extensão da oferta de obrigações subordinadas ao mercado

 

Azevedo acaba por admitir que "o impacto financeiro no ano será muito significativo", adiantando que o grupo está a trabalhar com os seus bancos para "acomodar esta situação extraordinária".

 

"Nestas condições, a extensão da oferta de obrigações subordinadas ao mercado, que esperávamos realizar, é infelizmente considerada inviável", justificou.

 

Excluindo as obrigações subordinadas, no montante de 50 milhões de euros, emitidas durante o último trimestre do ano passado, no final de março passado a dívida líquida sénior proporcional do grupo fixava-se nos 303 milhões de euros.

 

Em relação aos efeitos da covid-19 na liquidez e no financiamento, o grupo refere que, "na sequência das operações de refinanciamento, concluídas entre dezembro de 2019 e março de 2020, as amortizações de dívida programadas da Sonae Indústria entre 1 de abril e 31 de dezembro de 2020 foram reduzidas para cerca de seis milhões de euros".

 

Entretanto, com o grupo a "preparar o terreno para retomar gradualmente as operações", Azevedo conclui que "as perspetivas futuras da Sonae Indústria em 2020 serão, em grande medida, determinadas pela duração da pandemia", assim como "pelo sucesso das políticas governamentais para combater o vírus" e pela "eficácia" das ações da própria companhia para "mitigar os impactos negativos" da covid-19.

 

No mesmo comunicado, a Sonae Indústria acaba mesmo por admitir que, "dada a incerteza quer quanto à intensidade e duração da pandemia covid-19 quer quanto ao seu impacto" nas suas operações e mercados, "não consegue antecipar o efeito destes acontecimentos nos seus resultados".

 

De qualquer forma, estima que "estes venham a ser significativos nos próximos trimestres, nomeadamente devido ao impacto direto na rentabilidade provocado pela redução da atividade", sendo que, como explicou, "a redução material do volume de negócios é apenas parcialmente compensada por uma redução dos custos (a redução proporcional dos custos fixos e semi-fixos é particularmente limitada)".

Sonae Arauco em lay-off em Portugal, segue-se a Sonae Indústria

 

A Sonae Indústria, que emprega mais de 500 trabalhadores, tem uma fábrica no Canadá e outra na Alemanha e controla, também integralmente, duas unidades em Portugal, na Maia e em Paredes.

 

As unidades industriais de laminados na Maia e em Horn, na Alemanha, "continuaram a operar durante os meses de março e abril", sendo que a de Paredes "operou durante o mês de março e parte do mês de abril, até um caso confirmado de covid-19 ter levado a uma paragem temporária da unidade industrial durante duas semanas", conta o grupo.

 

O grupo avança, entretanto, que na unidade da Maia "foi implementada a redução parcial da atividade durante o mês de maio", enquanto a de Horn "operará também a um nível mais reduzido em maio".

 

Já na fábrica canadiana, registou-se "o encerramento parcial desde os últimos dias de março devido a restrições de lockdown impostas pelo governo".

 

Por conseguinte, a Sonae Indústria está nesta fábrica "a operar a maior das duas linhas de aglomerado de partículas e duas ou três das cinco linhas de revestimento de painéis revestidos a melamina".

 

Adianta a Sonae Indústria que as restrições do "lockdown" no Quebec, região canadiana onde se localiza a sua fábrica, "começaram a ser gradualmente atenuadas no dia 20 de abril (construção residencial) e a restante construção e as indústrias devem recomeçar (com restrições) a 11 de maio".

 

Com uma dúzia de fábricas em quatro países, das quais cinco na Alemanha, duas em Espanha, uma na África do Sul e quatro em Portugal, a Sonae Arauco tem algumas delas em "lockdown" no contexto do combate mundial à pandemia da covid-19.

 

Fonte oficial da Sonae Arauco adiantou ao Negócios que, em Portugal, a companhia "ativou os mecanismos excecionais criados pelo Governo para mitigar situações de crise empresarial decorrentes da pandemia de covid-19, com o objetivo de manter os postos de trabalho".

 

Em síntese, "a empresa tem a atividade parcialmente suspensa em Portugal" e "a grande maioria dos seus 800 colaboradores em lay-off", confirmou a mesma responsável da Sonae Arauco, adiantando que "as medidas entraram em vigor durante o mês de abril".

 

As fábricas da Sonae Arauco em Portugal estão situadas em Mangualde, Oliveira do Hospital, Castelo de Paiva e Sines.

 

No comunicado enviado à CMVM, a Sonae Indústria informa que as unidades industriais da Sonae Arauco em Espanha e na África do Sul "pararam devido a medidas restritivas de ‘lockdown’ temporário implementadas pelas respetivas autoridades nacionais para combater a crise de covid-19".

 

E que "a redução da procura em vários segmentos de clientes em todas as regiões provocada pela crise levou à necessidade de reduzir também a produção noutras unidades industriais e a atividade nos escritórios", sendo que, "quando possível, foram implementados lay-offs ou outros regimes de trabalho reduzido, de acordo com a legislação dos países, para minimizar os custos fixos e salvaguardar as disponibilidades de caixa e de linhas de financiamento".

 

De resto, remata, "a Sonae Arauco continua a monitorizar a procura nos mercados e ajustará a produção de acordo com essa procura".

Volume de negócios e preços médios de venda caem

 

O volume de negócios consolidado da Sonae Indústria foi de 54,3 milhões de euros nos primeiros três meses deste ano, menos 2,5 milhões do que no mesmo período do ano passado.

 

Considerando os 50% com a Arauco, a faturação atingiu os 146 milhões de euros, menos 12,9 milhões do que há um ano.

 

Esta evolução "resulta do menor contributo da Sonae Arauco, em 10,4 milhões de euros, que foi afetada pela redução dos volumes de vendas totais e dos preços médios de venda, e da Sonae Indústria, menos 2,5 milhões de euros, que registou menores volumes de vendas no negócio da América do Norte", explica o grupo.

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