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Cantinas da CIN "trocam" tripas e feijoada por saladas

João Serrenho adverte que “não pode ter engenheiros em todos os postos”, fala das mudanças na demografia e automatização das fábricas, e lamenta a passadeira vermelha estendida a estrangeiros que só querem “terrenos e mão-de-obra barata”.

Paulo Duarte
17 de Outubro de 2019 às 14:22
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O presidente das tintas CIN, que tem sede na Maia, admite que a formação dos trabalhadores "é um problema", notando que "faltam essencialmente quadros médios e pessoas em início de carreira com alguma formação" para trabalhar na indústria.

 

"Em algumas escolas na nossa zona contratamos quase todos os formandos. Mas falta mais formação técnica porque não podemos ter engenheiros em todos os postos, embora acabemos muitas vezes por ter de o fazer. Felizmente, as escolas de Engenharia no Porto, Minho, Aveiro e Coimbra produzem excelentes profissionais e vamos contratando o que podemos", resumiu João Serrenho.

 

Com um total de 1.400 trabalhadores, em que "a rapaziada nova fala toda inglês", o executivo da CIN explicou também de forma bem humorada que "onde [vê] mais a mudança da demografia é na cantina". "Há 15 anos era normal haver tripas e feijoada, agora é mais grelhados e saladas", ilustrou.

 

Durante uma conferência na Fundação de Serralves, no Porto, João Serrenho explicou que nas fábricas desta multinacional de origem familiar ainda há várias tarefas em que "não compensa automatizar", mas indicou que em algumas mais pequenas já começa a conseguir fazê-lo "com alguma eficiência".

 

Ouvidos mais distantes no poder central

 

Esta quinta-feira, 17 de outubro, neste evento em que Álvaro Santos Pereira disse que "a impunidade em Portugal é uma pouca vergonha" e Carlos Tavares alertou para o fraco valor acrescentado das exportações nacionais, o líder da CIN criticou igualmente a forma deslumbrada como alguns investidores estrangeiros são recebidos em Portugal.

 

"Acho fantástico. Aparece aí um tipo qualquer que não sabemos quem é, estende-se a passadeira vermelha e fica toda a gente espantada. Mas vêm cá fazer uma fábrica e querem terrenos baratos, mão-de-obra barata e bons engenheiros. Quanto a investigação e desenvolvimento, marca ou centros de decisão, não metem cá nada", resumiu o empresário nortenho.

 

EDP reclama mais "estabilidade regulatória" para investir

Com operações em 16 geografias, a EDP espera que "haja estabilidade regulatória e legislativa" neste setor, criticando a "mudança de regras a meio do jogo" e advertindo que isso "cria muito desconforto para quem está a investir em setores estruturais", como o da energia. "Há investimentos em que os retornos são de décadas, é esse o período que têm de estar em exploração para atingir a rentabilidade. Se não existir essa estabilidade regulatória, os investidores não investem" e desviam-nos para outros países, avisou o administrador da EDP, António Martins da Costa.

 

Num painel que debateu o futuro da indústria e em que participaram também gestores da Efacec, da EDP, da Frezite e da Delta, coube ao líder da mais desconhecida Calvelex, apontar o dedo ao Governo por ter acabado com a secretaria de Estado da Indústria no final da anterior legislatura: "Quando acabamos com os que nos ouvem no poder central, isso é negativo".

 

César Araújo, que é também presidente da associação do setor do vestuário e confeções (Anivec), falou em nome de um setor que exporta cerca de 3,2 mil milhões de euros para todo o mundo e emprega mais de 100 mil pessoas, admitindo, porém, que "enquanto industriais vendemos mal e temos um défice de marketing em determinados mercados".
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