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Calçado exporta mais sapatos mas tropeça nas vendas

A indústria portuguesa do calçado interrompeu uma década quase ininterrupta de crescimento nas exportações, tendo fechado 2018 nos 1,9 mil milhões de euros, menos 2,85% do que no ano anterior, apesar das vendas em volume terem aumentado 2,4%.

O sector português do calçado, que se apresenta como "a indústria mais sexy da Europa", vai investir 18 milhões de euros em 2019 em actividades promocionais no exterior.
07 de Janeiro de 2019 às 16:30
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A associação portuguesa dos industriais de calçado (APICCAPS) classifica o ano de 2018 como "atípico", com as exportações a aumentarem em volume mas a recuarem em valor, após uma década quase ininterrupta de crescimento.

 

De acordo com o gabinete de estudos da organização liderada por Luís Onofre, Portugal terá exportado, no ano passado, 85 milhões de pares de calçado, mais 2,4% do que no ano anterior, mas recuou 2,85% em valor para 1,904 mil milhões de euros.

 

"O abrandamento das principais economias mundiais para onde a indústria portuguesa de calçado exporta mais de 95% da sua produção terá afetado o setor e contribuído para o desempenho final", explica a APICCAPS, em comunicado.

 

A mesma associação enfatiza que "o mesmo sentimento agridoce foi vivido pelos dois grandes concorrentes de Portugal, respetivamente Itália e Espanha" - até agosto, as exportações italianas de calçado recuaram 3,1% em volume para 143, 6 milhões de pares, e registaram um acréscimo em valor de 37% para 6, 5 mil milhões de euros, enquanto Espanha registou recuos de 3,6% e 1%, respetivamente em valor e volume para 122,7 milhões de pares, no valor de 2,018 mil milhões de euros até setembro.

 

Depois do ano "atípico" de 2018, a APICCAPS afiança que "2019 deverá ser um ano de afirmação do calçado português nos mercados externos", com um investimento estimado de 18 milhões de euros em atividades promocionais, dos quais 16 milhões serão aplicados na participação nos principais eventos internacionais da especialidade em mais de 15 mercados, estando prevista que cerca de duas centenas de empresas da fileira integram esta ofensiva internacional.

 

Para esta associação, "aumentar as vendas no exterior, diversificar os mercados de destino e o leque de empresas exportadoras são as grandes prioridades do setor de calçado para 2019".

 

Os restantes dois milhões de euros serão investidos na promoção das marcas. "O investimento nesta área será particularmente abrangente e abordará áreas críticas tão díspares como a conceção e o registo de marcas e patentes, o investimento em publicidade e a contratação de assessorias de comunicação no exterior ou a produção de campanhas de imagem", além de ações no universo digital.

 

Os objetivos são claros: "Promover o ‘upgrade’ de imagem das marcas do setor e fomentar uma imagem de excelência das empresas e dos seus produtos."

 

De resto, a APICCAPS enfatiza o facto de o calçado português continuar a "bater" Itália e Espanha. "Desde 2010 (até 2017), a produção portuguesa de calçado aumentou 34% para 83 milhões de pares. No mesmo período, em Espanha cresceu apenas 7% (para 102 milhões de pares), enquanto Itália, o grande concorrente de Portugal, diminuiu a produção em 6% para 191 milhões de pares", sublinha a associação.

 

No domínio das exportações, a aproximação de Portugal a Itália "é igualmente percetível", pois "enquanto as vendas italianas ao exterior aumentaram 19% (para 10 mil milhões de dólares), as portuguesas aumentaram 23% para 2,2 mil milhões de dólares – recorde absoluto em 2017", segundo dados do World Footwear Yearbook.

 

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