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Calçado tem das fábricas mais modernas do Mundo

Hoje Portugal tem o segundo maior preço médio na exportação, com 26,54 dólares, mas ainda longe de Itália (48,19 dólares). Por isso o esforço deve ser dirigido para o investimento em marcas e na gama alta.

10 de Outubro de 2018 às 15:15
Leandro Lima é director-geral do Centro Tecnológico da APPICAPS considera que a digitalização pode trazer novas vantagens à indústria. Hugo Monteiro
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"O mais importante para um sector é ter estratégia, é saber onde chegou e porque é que lá chegou, quais foram os percursos e os desafios que teve de vencer e ao saber posicionar-se dizer: face a estes recursos todos e ao que minha concorrência internacional está a fazer, eu posso fazer mais isto, tem que fazer estes passos", afirmou Leandro de Melo, director geral do Centro Tecnológico da APICCAPS.

"A indústria de calçado tem dado bons exemplos porque se tem modernizado e as nossas empresas são unanimemente consideradas como das empresas mais modernas do mundo", referiu Leandro de Melo. Hoje Portugal tem o segundo maior preço médio na exportação, com 26,54 dólares, mas ainda longe de Itália (48,19 dólares). "Temos o que é considerado um bom design, o calçado português é considerado apelativo em termos de design, de conteúdo de moda, de atractabilidade, de estética", acentua Leandro de Melo. Acrescenta que "temos algo que começa a ser relevante que é marca, que é hoje um elemento diferenciador. Quando alguém cria uma marca e a transforma num etiqueta que é colada num para de sapatos, aquela etiqueta que é um pedaço de papel ou de pano pode valer muito euros".

O exemplo da Apple

Considera que Portugal tem de ter marcas, e tem algumas, que estão na gama média, mas o investimento numa marca implica grandes investimentos. Leandro de Melo deu como exemplo, as empresas americanas como a Apple ou a indústria automóvel. O conceito de marca é desligada da produção, "concentram-se na concepção, no branding, no marketing".


83
milhões
Foi o número de pares de calçado exportados em 2017 pelas empresas de calçado em Portugal


Leandro de Melo explicou que há empresas que começam a agir deste modo. "O sapato é um projecto de engenharia e define-se o target, o preço e os materiais que se incorporam e quem vai fabricar as solas, as peles, os moldes para depois se montar". Salientou que "este movimento é bastante diferente do que era o tradicional. Há empresas que fizeram este movimento e outras que se mantêm, e há empresas boas nestas duas situações porque em si mesmas estas estratégias não fazem o sucesso".

No fundo é o desafio da competitividade e da melhoria salarial. "Ganhamos competitividade se produzirmos mais com os mesmos recursos através da tecnologia, dos equipamentos inteligentes, sistemas de fabrico, de operações, as optimizações de produção são factores essenciais. Ou então produzimos produtos que tenham uma apetência e uma imagem junto do mercado que seja ele próprio em si mesmo positivo e valorizado pelo mercado e subir na cadeia de valor dos produtos que se fabricam", concluiu Leandro de Melo.

Os números do calçado

Calçado
 2,1 mil empresas, metade microempresas
 49% das empresas representam 80% dos empregados e do volume de negócios
 40.080 trabalhadores, o emprego aumentou 25% desde 2010.
 44% das empresas estavam no distrito do Porto e 37% no distrito de Aveiro, que representam 75% do volume de negócios e das pessoas.
 95% da produção foi exportada para 152 países nos cinco continentes.
 6 euros em cada 10 euros do activo das empresas da indústria do calçado eram financiados por capitais alheios.

Objectivo 2018
 Mais de 2 mil milhões de euros em exportações
 As exportações de calçado em 2017 foram de 1.965 Milhões de euros. Trata-se do oitavo ano consecutivo de aumento das exportações.