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Calçado e peles nacionais cavalgam bom momento em Milão

Um total de 67 empresas nacionais viajaram até Milão para mostrar calçado e artigos de pele em três feiras, nomeadamente na MICAM, a mais importante do setor. O momento é positivo, mas este ano causa apreensão.

Paulo Duarte/Negócios
19 de Fevereiro de 2023 às 09:45
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O "cluster" de calçado e artigos de pele marca presença em Milão em três feiras do setor, das quais se destaca a MICAM, o maior certame de calçado do mundo, que tem início este domingo e se prolonga até à próxima quarta-feira. E não podia ser melhor momento para esta indústria nacional, que exporta 95% da produção para 172 países.

No conjunto das duas valências, calçado e artigos de pele, soube-se este mês que foram vendidos ao exterior, no ano passado, produtos no valor de 2.347 milhões de euros, um crescimento de 22,2% e novo recorde.

No caso do calçado, as vendas atingiram os 2.009 milhões de euros, mais 20,2%, mas não foi só a reboque do preço. Portugal exportou 76 milhões de pares de calçado, um aumento de 10,5%. 

Ainda assim, a APICCAPS, associação que representa o setor, sinaliza que "foi um ano mais complexo do que os números à primeira vista faziam adivinhar", tendo em conta os efeitos da pandemia e a guerra mas também "outros fatores de incerteza, em especial a escassez de mão-de-obra qualificada, o aumento acentuado da inflação e seus reflexos na política monetária, a emergência de novos canais de distribuição, a afirmação de novos concorrentes, as alterações nas preferências dos consumidores, as incertezas sobre a evolução do consumo e a disrupção nas cadeias de abastecimento internacionais".

A APICCAPS nota, no entanto, que a performance de 2022 não apaga a incerteza para este ano. "Não obstante os bons resultados em 2022, o abrandamento económico generalizado está a causar alguma apreensão junto do universo do setor", sublinha a associação.

MICAM é MICAM, mas perdeu fulgor

A delegação portuguesa, no caso da MICAM, é composta por 33 empresas, muito longe dos números do passado - foram 38 na última edição, de setembro de 2022, mas chegaram a ser cerca de 100 empresas há não muito tempo. "Significa, no essencial, que as feiras ainda não recuperaram para valores anteriores à pandemia", afirma ao Negócios Paulo Gonçalves, porta-voz da APICCAPS, esperando "que esta edição seja já de franca recuperação".

A MICAM, em todo o caso, não deixa de ser "a mais importante plataforma do setor", em que as empresas aproveitam "para reforçar o contacto com os clientes habituais" e ainda para encontrar "novos clientes e outros mercados".

Num mundo pós-pandémico de aceleração tecnológica, as próprias feiras, admite a APICCAPS, não terão hoje a mesma importância que já tiveram. "A participação em feiras profissionais é determinante, mas destacaria o facto de termos 70 empresas connosco em ações de valorização da oferta este ano, em domínios como investimentos em marketing digital, aposta em assessorias de comunicação e publicidade, a adesão a plataformas online ou a criação websites e lojas online", sublinha o porta-voz. O setor "está mais maduro, com muitas competências, a investir em várias áreas de negócio complementares". E chega a potenciais clientes com menos viagens.

Nas duas outras feiras que decorrem por estes dias em Milão, a MIPEL, de acessórios de pele, realiza-se em simultâneo com a MICAM e tem um representante nacional, enquanto a Lineapelle (que já vai na 101ª edição) tem lugar também nesta cidade do norte de Itália a partir de segunda-feira, e até quinta, com 33 empresas portuguesas de componentes para calçado e curtumes.

Na passada edição, mais de 35 mil visitantes profissionais passaram pelas três feiras, "com destaque para os compradores de Espanha, França e Alemanha", nota a APICCAPS, tendo havido ainda "o regresso em força dos profissionais dos Estados Unidos, Canadá, e Japão".

*O jornalista viajou até Milão a convite da APICCAPS
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