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Savannah já comprou mais de 100 lotes de terreno em Boticas para mina de lítio

"Na ação cível em curso, movida pela Comissão Gestora da Comissão de Baldios de Covas do Barroso, contra certos proprietários privados em relação às terras que venderam à Savannah, o tribunal indeferiu o pedido feito por esta comissão para que a empresa suspenda os seus trabalhos de prospeção nos terrenos em questão enquanto o caso continua" na justiça, disse a empresa.  

David Cabral Santos
09 de Abril de 2024 às 12:48
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Na sua mais recente atualização sobre o andamento do projeto da mina de lítio do Barroso, em Boticas, publicado esta terça-feira, a mineira britânica Savannah Resources dá conta da "recente compra de três lotes adicionais" de terreno na região, atingindo assim a "marca de 100 lotes adquiridos a proprietários locais".

Além disso, diz a empresa em comunicado, "na ação cível em curso movida pela Comissão Gestora da Comissão de Baldios de Covas do Barroso, contra certos proprietários privados em relação às terras que venderam à Savannah, o tribunal indeferiu o pedido feito por esta comissão para que a empresa suspenda os seus trabalhos de prospeção nos terrenos em questão enquanto o caso continua" na Justiça. 

Em novembro (quando tinha já assegurado 90 lotes de terreno), a empresa disse ser  "totalmente falso" que esteja a usurpar terras para concretizar a mina de lítio do Barroso, em Boticas, após denúncias feitas por populares, que acusam a Savannah de querer "entrar à força" em terrenos que alegam que são baldios e que já estão em litígio em tribunal. "É totalmente falso que a Savannah esteja a usurpar terras para concretizar o projeto. Todas as atividades que a empresa desenvolve respeitam a lei e são divulgadas publicamente", afirmou a empresa.

"A área em questão está em litígio, com queixa registada em tribunal, por isso é do nosso entender que até haver uma decisão eles não têm autorização de entrar na área em litígio", afirmou Aida Fernandes, presidente da Comunidade Local dos Baldios de Covas do Barroso. 

De acordo com a Savannah, o valor de investimento na compra de terreno ronda os cinco milhões de euros, que serão pagos a proprietários locais.

"Apostámos em atingir a marca de 100 terrenos adquiridos, o que aconteceu recentemente, mas continuamos a tratar todos os fluxos de trabalho do projeto com igual importância", disse o CEO da Savannah, Emanuel Proença, acrescentando que, no terreno, a empresa está a progredir "no trabalho necessário para concluir o processo de licenciamento ambiental". A mina do Barroso recebeu luz verde condicionada por parte da APA, sendo que a Savannah espera que o licenciamento ambiental fique concluído em 2024.  

No final do mês de abril a Savannah publicará os seus resultados anuais relativos a 2023 e organizará um novo evento online para investidores. 

Somam-se ainda as conversações em curso em termos comerciais e de financiamento. Há um mês, no início de março, a empresa anunciou que o processo em curso para identificar parceiros estratégicos para o projeto no norte do país entrou numa segunda fase, depois de várias empresas ao longo da cadeia de valor do lítio terem manifestado o seu interesse.  Emanuel Proença deu conta aos investidores que as parcerias estratégicas deverão estar firmadas até abril de 2024. Além disso, a empresa está também à procura de "fontes adicionais de financiamento público" para a exploração de lítio que quer montar em Portugal para arrancar em 2026. 

"O processo da Savannah para identificar parceiros estratégicos avançou agora para a fase dois, dentro do prazo. Foi confirmado o interesse por parte de vários grupos relevantes que operam na cadeia de valor das baterias de lítio ou têm planos para entrar nela", anunciou a empresa em comunicado, acrescentando: "Como planeado, avançamos agora com uma lista restrita de potenciais parceiros, dos quais se espera que realizem as devidas diligências adicionais nas próximas semanas, junto da administração da Savannah, bem como dos assessores do processo Barclays e Barrenjoey".

"Esperamos agora continuar com aqueles que integram a "short list" que resultou deste processo e que demonstraram um interesse significativo em trabalhar com Savannah para garantir que o projeto seja desenvolvido em todo o seu potencial", explicou o responsável, ressalvando que "embora este processo continue a ser o foco principal dos esforços para comercializar o projeto, a nossa posição em termos de capital permite-nos continuar a avançar de forma prudente nos trabalhos necessários para completar o processo de licenciamento ambiental". 

Paralelamente a este processo de escolha de parceiros estratégicos, a Savannah deu conta de que "continua a pesquisar e a analisar fontes de financiamento público que podem estar disponíveis", o que inclui "várias soluções de financiamento do Governo português e algumas oportunidades de financiamento da União Europeia, que são aplicáveis ao projeto dado o seu foco numa matéria prima estratégica e crítica", como o lítio. 

"Ao mesmo tempo, a aprovação da Lei das Matérias-Primas Críticas pelo Parlamento Europeu, no ano passado, gerou um novo foco de interesse e de desenvolvimento de projetos a nível nacional, como é o caso do nosso. Como resultado, passaram a estar disponíveis fontes adicionais de financiamento público, que a Savannah está a avaliar, para que possamos maximizar as opções de financiamento disponíveis, á medida que avançamos para a fase de pordução", explicou Emanuel Proença. 

De acordo com a Savannah, o processo de "Expression of Interest" baseia-se na procura de parceiros, sobretudo na perspetiva de compra do minério de lítio que será produzido pela empresa em Portugal. Para isso, os candidatos tiveram de dar provas e garantir que estão interessados em ficar com uma parte da produção, o que permite então à mineira garantir novas fontes de financiamento. De acordo com a empresa, entre os candidatos há vários perfis diferente: uns com capacidade para processar lítio, outros que buscam uma parceria financeira ou estratégica. 

"Tal como está dimensionada hoje, a produção de lítio da mina do Barroso terá capacidade para abastecer duas ou três fábricas de gigabaterias na Europa. Por isso, é um projeto relevante o suficiente para suprir 30 a 50% do objetivo do ato legislativo europeu sobre as matérias-primas críticas", reforçou ainda Emanuel Proença perante os investidores. Em Boticas, a empresa quer extrair minério em quantidade suficiente para ser refinado (em Portugal, preferencialmente) e ajudar a produzir mais de 500 mil baterias de carros elétricos por ano.

A Savannah prevê começar a construir o projeto da mina do Barroso em 2025, para entrar em operação em 2026. Com um orçamento inicial de 110 milhões de euros para a fase inicial do projeto (40 milhões já gastos entre 2017 e 2022), a Savannah mais do que duplicou entretanto este valor e fala agora num investimento superior a 260 milhões só para as infraestruturas e construção da mina a céu aberto. A decisão final de investimento será tomada em 2025.

No que diz respeito ao novo concurso de prospeção de lítio, a Savannah admite que "se surgirem novas oportunidades, serão avaliadas". Em setembro o Governo disse que o concurso seria "lançado nos próximos meses". Agora já avisou que terá de ficar para o próximo Executivo. Além das minas, Portugal quer ter também refinarias de lítio.
 
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