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Dona da mina de Boticas chega a 12% de capital nacional. Mário Ferreira detém 8,6%
A Savannah tinha já dado conta de que nos últimos meses registou um crescimento dos acionistas portugueses. No início de junho o capital nacional chegava já a 7,5%, tendo agora disparado para 12%. Mário Ferreira é o terceiro maior acionista da mineira, com 8%.
Cotada na bolsa de Londres, a mineira britânica Savannah Resources, dona do projeto do projeto da mina de lítio do Barroso, em Boticas, anunciou esta quinta-feira que 12% da empresa já está nas mãos de investidores portugueses.
Na quarta-feira, 31 de julho, a empresa foi notificada que a australiana Slipstream Resources vendeu uma percentagem de 3,45% (75 milhões de ações) do capital da empresa ao investidor português Mário Ferreira, que viu assim a sua posição chegar aos 8,6% (antes era de 5%), tornando-se no terceiro maior acionista da empresa. O empresário é presidente do grupo Mystic Invest, CEO da DouroAzul e proprietário da Pluris Investments, que é a maior acionista da Media Capital.
A estrutura acionista da Savannah é encabeçada pela AMG Lithium (15,877%), AL Marjan (12,7%), Mário Ferreira (8,6%) e Slipstream Resources International (3,37%, face aos anteriores 6.8%). Abaixo do limiar dos 3% está o grupo português Lusiaves, com 2,7%.
"Estamos muito satisfeitos que a participação global portuguesa na Savannah continue a crescer e seja agora de
aproximadamente 12%. Confio em que os investidores portugueses e não portugueses interpretem estas compras internas como mais um indicador do desejo partilhado por muitos de que o projeto entre em produção e desempenhe o seu papel na construção de um novo setor para a economia de Portugal", disse Emanuel Proença.
O responsável acrescentou ainda que "o projeto está agora numa posição extremamente forte, apoiado pelos 25 milhões de euros de investimento do nosso novo parceiro estratégico, AMG Critical Materials". A holandesa dedica-se ao negócio dos materiais raros críticos a nível global e, além de investir na mineira, comprou também 342.612.420 ações a um preço de 56 cêntimos por cada ação (o que representa um prémio de 35% face ao preço médio ponderado por volume a 30 dias).
Desta forma, a AMG Lithium tornou-se no maior acionista da Savannah Resources, com 15.77%. "Este investimento permitirá à Savannah chegar a uma decisão final de investimento em relação ao projeto da mina do Barroso", anunciou a empresa em comunicado, acrescentando que a parceria também inclui a compra do lítio que vier a ser extraído em Boticas.
Ao Negócios, Emanuel Proença revelou que até agora a empresa já investiu 40 milhões de euros para provar que há lítio (em quantidade e de qualidade) em solo português. "O que temos pela frente é maior e mais relevante. São cerca de 300 a 350 milhões de euros de investimento direto previsto para este projeto até à entrada em operação", que deverá acontecer até ao final de 2026.
Por seu lado, Dale Ferguson, ex-CEO interino e diretor técnico da Savannah, bem como sócio fundador da Slipstream Resources, disse que esta empresa "está comprometida em permanecer envolvida no projeto daqui para frente. Isto reflete-se na participação significativa que mantivemos após esta transação. Tomamos a decisão de reduzir a nossa participação no capital Savannah, neste momento, confiantes de que tanto a empresa quanto o projeto estão numa posição muito robusta financeiramente".
A Savannah tinha já dado conta de que nos últimos meses tem registado um forte crescimento de acionistas portugueses na sua base de investidores. No início de junho o capital nacional chegava já a 7,5%, tendo agora disparado para 12%.
Em 2023, esta percentagem era inferior a 1%, sublinha a Savannah. "Os novos acionistas incluem pessoas de todo o país, com preponderância para o norte e participação crescente de investidores de retalho de Boticas e das aldeias da região do Barroso. Portugal caminha para ser, ao dia de hoje, um dos países mais representados na estrutura de capital da Savannah".
Além de Portugal, outros países representados no capital da empresa em percentagens significativas incluem o Reino Unido, a Austrália, Omã e países nórdicos.
"Temos trabalhado nos últimos meses para tornar a Savannah mais portuguesa, e para explicar melhor os méritos e a oportunidade que o Projeto de Lítio do Barroso representa. É gratificante ver a resposta até à data dos investidores portugueses", disse o CEO da Savannah, Emanuel Proença.
Com início da produção previsto para 2026, o projeto de construção da mina de lítio do Barroso prevê a criação de 300 empregos diretos e entre 1.000 e 2.000 empregos indiretos na região. Neste momento, a equipa da Savannah conta com perto de duas dezenas de colaboradores na região de Boticas.
Depois da Licença Ambiental concedida em maio de 2023 e do Estudo de Definição do Âmbito ter confirmado o potencial económico do projeto em junho de 2023, o início da produção está agora previsto para 2026. Nessa fase, a Savannah vai começar a produzir lítio suficiente para cerca de meio milhão de baterias de veículos por ano, suficiente para produzir o equivalente a mais de três vezes as compras de veículos em Portugal todos os anos, refere a mineira.