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Rio diz que o Estado foi "burlado" na venda das barragens pela EDP

O presidente do PSD defende que o processo relativo à venda das barragens da EDP "é um assunto muito mal explicado e grave para o Governo do PS" e que nessa operação "o Estado acabou por ser burlado". Rio não antecipa a demissão do ministro do Ambiente porque "mentir é normal" no Governo chefiado por António Costa.

Ao contrário dos anteriores, o barómetro de março da Intercampus traz más notícias para o presidente do PSD, Rui Rio.
Paulo Novais/Lusa
24 de Março de 2021 às 17:59
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Prossegue a polémica em torno da operação da alienação da concessão de seis barragens pela EDP à Engie num negócio que, pelo menos até ao momento, ficou isento do pagamento do imposto de selo. Para Rui Rio, o Estado foi "burlado" nesta operação, que considera estar por explicar e ser "grave" para o Governo, sendo que o líder do PSD só não antecipa qualquer demissão do elenco governativo porque no Executivo de António Costa "é normal mentir". 

Questionado pelos jornalistas, numa conferência de imprensa realizada após conversa com o Presidente da República, sobre quais os esclarecimentos que pretende ouvir do presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, Nuno Lacasta, chamado ao Parlamento por PSD e PAN, Rui Rio começou por sustentar que "o dossier da venda da exploração das seis barragens pela EDP é um assunto muito mal explicado e grave para o Governo do PS". 

Uma gravidade que estende também ao Executivo de José Sócrates, que "em 2007 vendeu a extensão da exploração, por 13 anos, de 27 barragens por cerca de 700 milhões de euros". "Agora a EDP, só com seis barragens, vende por 2,2 mil milhões de euros. Vejam bem em quanto o Estado acabou por ser burlado", considerou a propósito de um negócio "muito, muito esquisito".

Já sobre os esclarecimentos que pretende ouvir do presidente da APA, o presidente do PSD salienta que esta entidade começou por emitir um parecer técnico "claro quanto à impossibilidade" de concretização do trespasse da concessão das barragens. A APA acabou depois por viabilizar a operação, tendo entretanto Nuno Lacasta garantido que tal sucedeu somente depois de esclarecidas todas as dúvidas e argumentado que o parecer negativo era um parecer intercalar e não final. 

Uma explicação que parece não convencer Rui Rio, para quem houve retoques políticos com o propósito de se concretizar aquilo que se pretendia. Como tal, espera que o líder da APA explique na Assembleia da República "o que levou a mudar o parecer técnico".

Acusou ainda o Governo de ter passado informação falsa à RTP que ontem noticiou que afinal a empresa constituída pela Engie numa operação de cisão seguida de fusão não teria só um funcionário como disse Rio no Parlamento, mas 28. O líder "laranja" reitera que quando foi criada tinha apenas um funcionário e garante ter em sua posse "o documento" que o prova.


"É normal" para este Governo haver mentiras de ministros
Rui Rio respondeu ainda à pergunta sobre se espera alguma consequência política decorrente deste caso, em especial para o ministro do Ambiente, Matos Fernandes, que o presidente do PSD voltou a acusar de ter atuado como "advogado de defesa da EDP" ao dizer que a elétrica "não tem de pagar imposto de selo" em "circunstâncias que qualquer empresa teria de pagar". 

Mas Rio não espera nenhuma demissão. "Nesta circunstância, penso que o mais provável, depois do que aconteceu com o ministro Eduardo Cabrita e com a ministra da Justiça (Van Dunem), o mais normal é que se mantenha também o ministro do Ambiente porque mentir ou faltar à verdade é normal" para este Governo. 

"Para o primeiro-ministro não é muito grave, é normal", atirou assegurando que num Governo por si liderado não seria normal.  

(Notícia atualizada)

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