Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

Quem é a francesa Engie que pode comprar a EDP?

Liderado por uma influente parisiense e presente em 70 países, o grupo está comprador no agitado tabuleiro energético europeu. Tem vários investimentos no Brasil e a actividade em Portugal está centrada na produção através da TrustEnergy.

António Larguesa alarguesa@negocios.pt 09 de Abril de 2018 às 10:00

O segundo maior grupo energético a nível mundial e o maior produtor independente (não detido pelo Estado) de energia a nível global, com receitas próximas de 66,6 mil milhões de euros em 2016, actuação em cerca de 70 países nos cinco continentes e mais de 150 mil trabalhadores. É assim que se apresenta a francesa Engie, que estará interessada na aquisição da EDP. As acções estão a reagir em forte alta no seguimento deste interesse.

 

Especializado e organizado em três grandes áreas de negócio – electricidade, gás natural e serviços energéticos –, o grupo é liderado desde 2016 pela francesa Isabelle Kocher (na foto à direita), que entrou no grupo em 2002 e preside a um comité executivo com 12 membros. Nos últimos dois anos, a revista Fortune considerou-a a terceira mulher mais poderosa do mundo na categoria de negócios, apenas atrás de Ana Botín (Santander) e Emma Walmsley (GlaxoSmithKline).

 

Se avançar a oferta de compra da portuguesa EDP, como noticiado pela BFM – a estação de televisão francesa diz que a operação foi analisada pelo departamento financeiro, mas não houve qualquer decisão –, será esta parisiense de 51 anos a encabeçar as negociações com a eléctrica presidida por António Mexia, que nos últimos tempos até tem sido mais "namorada" pela espanhola Gas Natural Fenosa.

 

 

Cotada nas bolsas de Paris e Bruxelas e representado nos principais índices internacionais (CAC 40, BEL 20, DJ Euro Stoxx 50, Euronext 100, FTSE Eurotop 100, MSCI Europe, DJSI World, DJSI Europe e Euronext Vigeo), as actividades da Engie em Portugal estão focadas sobretudo na produção de energia com uma participação de 50% na TrustEnergy – embora também actue noutras áreas associadas aos serviços energéticos (através da Cofely e da Climaespaço) e ao ambiente (Suez).

 

Com sede em Paço d’Arcos, a TrustEnergy é uma joint-venture entre a Engie e a japonesa Marubeni, que tem como subsidiárias a TrustWind e a TurboGas (a 100%), além da TejoEnergia e a Elecgas, estas duas últimas participadas também pela Endesa Generación. Segundo informação oficial, tem uma capacidade instalada total de cerca de 3.000 MW e afirma-se como o segundo maior operador no sector eléctrico nacional e o quarto no segmento eólico, gerindo "um conjunto diversificado de activos que combina os benefícios das energias renováveis com a competitividade do carvão e a flexibilidade e eficiência do gás natural".

 

No tabuleiro europeu e aposta no Brasil

 

Com o anúncio de fusão entre as eléctricas alemãs EON e RWE, a 13 de Março, num negócio total avaliado em 60 mil milhões de euros, parece finalmente ter arrancado a tão falada consolidação do sector eléctrico europeu. No quadro dessa mexida nas peças no tabuleiro energético do Velho Continente, uma das empresas que está com vontade de proceder a aquisições é precisamente a francesa Engie, que, indicou na altura a Reuters, poderá também apresentar uma proposta pela holandesa Eneco.

 

Fora da Europa, o Brasil tem sido um dos mercados de maior investimento para este grupo que resultou há uma década da fusão entre a Gaz de France e a Suez. Naquele país do outro lado do Atlântico assume-se como a maior geradora privada de energia, detendo centrais eléctricas em cinco regiões, estando a assumir-se também como um actor importante no ramo das renováveis.

Em Setembro de 2017, a filial com sede em Florianópolis, Santa Catarina, ficou com as concessões para explorar durante 30 anos duas hidroeléctricas, enquanto no mês seguinte foi autorizada a comprar os direitos de desenvolvimento de um importante complexo eólico de 605 megawatts na Bahia, que até então era detido pela companhia local Renova Energia, controlada pela mineira Cemig.

Ver comentários
Saber mais energia edp aquisição engie frança electricidade gás natural trustenergy brasil
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio