Notícia
Portugal pode perder até 40% das massas de água até 2050, diz APA
O risco foi reconhecido pela APA e pelo Governo. "A disponibilidade de água do país diminuiu cerca de 20% nos último 20 anos. A expectativa é que a tendência se agudize", disse o secretário de Estado do Ambiente.
O presidente da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), Nuno Lacasta, alertou esta terça-feira para o risco de, nas próximas décadas, "até 2050, se não for antes", Portugal poder vir a perder 30 a 40% da disponibilidade física das massas de água do país. Isto tendo em conta uma redução já verificada de 25% da precipitação, face aos valores históricos, a que se soma também uma queda de 26% no escoamento de águas a partir de Espanha
"Temos de reconhecer a escassez de água que existe em Portugal. Há barragens no nosso país cuja disponibilidade é inferior a 20% há cinco ou mais anos", disse Nuno Lacasta na abertura da conferência sobre o tema, organizada pela Ordem dos Engenheiros e pela APA.
A situação foi reconhecida também por Hugo Pires, secretário de Estado do Ambiente. "Os anos que virão não serão fáceis para Portugal em matéria de gestão hídrica. A disponibilidade de água do país diminuiu cerca de 20% nos último 20 anos. A expectativa é que a tendência se agudize, reforçando a pressão em Portugal nas também em Espanha, impactando os rios, barragens e aquíferaods. Estes efeitos estão à vista", disse o governante, que não pôde estar presente no evento, mas deixou uma mensagem gravada.
À mesma hora, Hugo Pires encontrava-se no Algarve (a zona do país mais afetada pela seca, e que neste momento regista uma média de 29% de disponibilidade nas seis barragens da região, de acordo com a APA), na companhia do ministro do Ambiente e da Ação Climática, Duarte Cordeiro, para visitar as captações no aquífero Almádena-Odiáxere e assistir à apresentação dos projetos de água reutilizada das Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de Vilamoura e da Quinta do Lago.
"2022 foi um ano difícil. Apesar de melhor, em 2023 regista-se ainda uma situação preocupante de seca no Alentejo e no Algarve", reconheceu o secretário de Estado, sublinhando que este "stress hídrico vai exigir novos e expressivos investimentos" na exploração de novas origens de água (reutilização e dessalinizadoras que serão construídas no sul do país) e na gestão eficiente da água existente, modernizando a rede de distribuição para reduzir perdas. A APA estima que em Portugal existam, em média, perdas na ordem dos 25% nos sistemas urbanos e superiores a 35% nos sistemas agrícolas.
"Para o Algarve reservámos parte dos 200 milhões de euros do PRR para travar as perdas de água no setor urbano e agrícola, através da renovação de infraestruturas degradadas ou ineficientes e modernização dos aproveitamentos hidroagrícolas", sublinhou o governante, anunciando que o Plano Estratégico para o Abastecimento de Água e Gestão de Águas Residuais e Pluviais (PENSAARP 2030) deverá ser aprovado muito em breve e conterá as "grandes linhas orientadoras para próxima década".
O Governo está também a ultimar proposta da Lei da Água, que em 2024 já deverá poder reforçar os poderes e a intervenção na captação de águas subterâneas. "Em breve apresentaremos esta proposta legislativa", prometeu recentemente o ministro.
Por seu lado, o presidente da APA avançou a ideia de criar um Pacto da Água para a região do Algarve, podendo este mecanismo ser estendido a outros pontos do país. "Precisamos saber a água que temos disponível, sempre em negociação com os interesses dos diferentes setores e fazendo-o às claras, sem interesses debaixo da mesa. Para isso, o árbitro mais imparcial é a área de política pública na área do Ambiente", frisou Nuno Lacasta, alertando também para o risco de se estar "mais uma vez a instalar capacidade [barragens] em regiões onde não poderá ser utilizada".
O responsável apelou ainda à solidariedade interregional no país, no que diz respeito à água, e também a uma maior autonomia para Portugal na sua gestão, face à vizinha Espanha. "Se estamos a contar com o ovo no rabo da galinha, vamos ter um grande desafio a médio prazo", rematou.
Recentemente, o Governo deu conta que as barragens do Algarve têm menos 30% de água do que há um ano. Para reverter a situação, o Governo decidiu "suspender os títulos de captação de água atribuídos em 2023" e canalizar cinco milhões do Fundo Ambiental para a barragem de Odelouca.
Governo decidiu também avançar para a fiscalização do maior aquífero algarvio (Querença/Silves), monitorizar todas as captações e fiscalizar o uso indevido de furos, reduzindo também o uso de água a partir deste aquífero em 15%, tal como já aconteceu com o de Almadena/Odiáxere, onde foram instaurados dois dois processos de contraordenação. O mesmo acontecerá no aquífero do Sado.
De acordo com a última reunião da Comissão Permanente de Prevenção, Monitorização e Acompanhamento dos Efeitos da Seca, 48% do território português encontra-se em situação de seca severa ou extrema. A próxima reunião será a 1 de outubro.
"Temos de reconhecer a escassez de água que existe em Portugal. Há barragens no nosso país cuja disponibilidade é inferior a 20% há cinco ou mais anos", disse Nuno Lacasta na abertura da conferência sobre o tema, organizada pela Ordem dos Engenheiros e pela APA.
À mesma hora, Hugo Pires encontrava-se no Algarve (a zona do país mais afetada pela seca, e que neste momento regista uma média de 29% de disponibilidade nas seis barragens da região, de acordo com a APA), na companhia do ministro do Ambiente e da Ação Climática, Duarte Cordeiro, para visitar as captações no aquífero Almádena-Odiáxere e assistir à apresentação dos projetos de água reutilizada das Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de Vilamoura e da Quinta do Lago.
"2022 foi um ano difícil. Apesar de melhor, em 2023 regista-se ainda uma situação preocupante de seca no Alentejo e no Algarve", reconheceu o secretário de Estado, sublinhando que este "stress hídrico vai exigir novos e expressivos investimentos" na exploração de novas origens de água (reutilização e dessalinizadoras que serão construídas no sul do país) e na gestão eficiente da água existente, modernizando a rede de distribuição para reduzir perdas. A APA estima que em Portugal existam, em média, perdas na ordem dos 25% nos sistemas urbanos e superiores a 35% nos sistemas agrícolas.
"Para o Algarve reservámos parte dos 200 milhões de euros do PRR para travar as perdas de água no setor urbano e agrícola, através da renovação de infraestruturas degradadas ou ineficientes e modernização dos aproveitamentos hidroagrícolas", sublinhou o governante, anunciando que o Plano Estratégico para o Abastecimento de Água e Gestão de Águas Residuais e Pluviais (PENSAARP 2030) deverá ser aprovado muito em breve e conterá as "grandes linhas orientadoras para próxima década".
O Governo está também a ultimar proposta da Lei da Água, que em 2024 já deverá poder reforçar os poderes e a intervenção na captação de águas subterâneas. "Em breve apresentaremos esta proposta legislativa", prometeu recentemente o ministro.
Por seu lado, o presidente da APA avançou a ideia de criar um Pacto da Água para a região do Algarve, podendo este mecanismo ser estendido a outros pontos do país. "Precisamos saber a água que temos disponível, sempre em negociação com os interesses dos diferentes setores e fazendo-o às claras, sem interesses debaixo da mesa. Para isso, o árbitro mais imparcial é a área de política pública na área do Ambiente", frisou Nuno Lacasta, alertando também para o risco de se estar "mais uma vez a instalar capacidade [barragens] em regiões onde não poderá ser utilizada".
O responsável apelou ainda à solidariedade interregional no país, no que diz respeito à água, e também a uma maior autonomia para Portugal na sua gestão, face à vizinha Espanha. "Se estamos a contar com o ovo no rabo da galinha, vamos ter um grande desafio a médio prazo", rematou.
Recentemente, o Governo deu conta que as barragens do Algarve têm menos 30% de água do que há um ano. Para reverter a situação, o Governo decidiu "suspender os títulos de captação de água atribuídos em 2023" e canalizar cinco milhões do Fundo Ambiental para a barragem de Odelouca.
Governo decidiu também avançar para a fiscalização do maior aquífero algarvio (Querença/Silves), monitorizar todas as captações e fiscalizar o uso indevido de furos, reduzindo também o uso de água a partir deste aquífero em 15%, tal como já aconteceu com o de Almadena/Odiáxere, onde foram instaurados dois dois processos de contraordenação. O mesmo acontecerá no aquífero do Sado.
De acordo com a última reunião da Comissão Permanente de Prevenção, Monitorização e Acompanhamento dos Efeitos da Seca, 48% do território português encontra-se em situação de seca severa ou extrema. A próxima reunião será a 1 de outubro.