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OPA: Accionista americano da EDP Renováveis diz que não vende a 6,75 euros
A MFS Investment volta a deixar críticas às condições da OPA, garantindo que não vende ao preço oferecido pela EDP. A eléctrica tem até dia 27 de Julho para mudar o preço. A nega da MFS pode colocar em risco a OPA potestativa.
O accionista norte-americano da EDP Renováveis garante que não vai vender na oferta pública de aquisição (OPA) lançada pela EDP. A MFS Investment considera que o preço oferecido é baixo e lança várias críticas à metodologia usada pela EDP no prospecto para defender a sua oferta.
A MFS Investment Management detém 4% do capital social e direitos de voto da EDP Renováveis, representando 18,3% das acções que estão sob oferta. A gestora de activos diz ser a maior accionista da EDP Renováveis, depois da EDP.
A nega da MFS significa que, muito provavelmente, a EDP não vai conseguir reunir as duas condições para uma OPA potestativa e deverá ter que avançar para a ordem irrevogável de compra, com uma ordem permanente de compra, a 6,75 euros, no prazo máximo de três a seis meses. A EDP tem até ao dia 27 de Julho, quinta-feira, para mudar o preço oferecido na OPA.
Entre os seus argumentos, a MFS defende que a acção da Renováveis vale mais do dobro do que os 6,75 euros, se forem tidos em conta os activos da empresa. Os 6,75 euros da oferta deviam subir 35%, caso a Renováveis fosse avaliada tendo em conta a sua geração de caixa.
"Do nosso ponto de vista, os argumentos incluídos no prospecto não providenciam uma visão equilibrada e precisa do valor subjacente da EDP Renováveis. As metodologias usadas parecem distorcer os valores resultantes em favor da EDP com desvantagem para os accionistas minoritários. O abandono pela EDP da metodologia de avaliação que recomenda aos investidores levanta a legítima questão sobre o que é que mudou", pode-se ler na carta divulgada pela MFS Investment a 21 de Julho, a que o Negócios teve acesso.
"Como um gestor de investimento a actuar em nomes dos nossos clientes, reiteramos a nossa posição de que o preço de oferta a 6,75 euros por acção reflecte valor insuficiente para os accionistas minoritários da EDP Renováveis sob as presentes circunstâncias", defende a missiva assinado por Maura Shaughnessy e Claud Davis.
"A MFS não pretende aceitar vender as nossas acções da EDP Renováveis pelo preço de 6,75 euros sob as presentes circunstâncias. Apelamos a outros accionistas minoritários para terem em conta a nossa análise nesta carta e nesta tomada de posição quando tomarem a sua decisão sobre os méritos da oferta", pode-se ler na carta.
Esta não é a primeira vez que a MFS Investment se pronuncia sobre a oferta. A 20 de Abril a gestora norte-americana escreveu uma carta aos administradores da EDP. Na missiva, partilhada com o Negócios, a MFS declara que o valor da OPA não "representa um valor justo para os accionistas minoritários da EDP Renováveis", aconselhando "fortemente a EDP a rever a sua oferta".
Também a gestora de activos britânica Ecofin já veio a público pronunciar-se contra esta OPA. Em declarações ao Negócios, Deirdre Cooper, sócia da Ecofin, disse que está a aconselhar os seus fundos a não aceitarem os 6,75 euros por acção, garantindo que estão dispostos a manter as acções, mesmo se a EDP retirar a Renováveis de bolsa.
Na missiva mais recente, e olhando para a possibilidade da EDP avançar para a fusão com a Renováveis, a MFS sublinha que o "prospecto aparenta omitir detalhes essenciais para retirar a EDP Renováveis de bolsa através de uma fusão transfronteiriça e não explica claramente os direitos dos accionista minoritários", caso isto aconteça.
Entre as razões para avançar para a OPA, a EDP sublinhou que a acção sofria de baixa liquidez. Mas a MFS aponta que esta lógica "não leva em conta que certos accionistas da EDPR (como a MFS) que desejam ficar com as acções para o longo prazo".
Sobre a avaliação que a EDP faz da EDP Renováveis, a MFS começa por destacar que a "parece que a administração da EDP Renováveis abandonou, e está efectivamente a desacreditar, a sua própria metodologia de avaliação (valor da empresa por megawatt) que apresentou aos investidores em Março de 2017 para demonstrar o quão desvalorizado estava a acção da EDPR". Caso a metodologia defendida pela EDP Renováveis fosse aplicada, o valor por acção ascenderia aos 11,73 euros, aponta a MFS.