Notícia
"Ninguém quer pagar a fatura" da expansão da rede elétrica, diz REN
João Conceição, administrador da REN, defende uma partilha dos custos da rede entre produtores e consumidores de energia. "Se não houver este compromisso, nada avança e os projetos ficam no papel", avisou. Amaral Jorge, presidente da APREN, pede "serenidade" para não afugentar os investimentos em renováveis.
O presidente da Associação Portuguesa de Energias Renováveis, Pedro Amaral Jorge, sublinhou esta quarta-feira, na conferência anual da APREN, que o desenvolvimento das redes elétricas para absorver uma maior capacidade de produção de energia limpa "é cada vez mais o elemento crítico da transição energética". Por seu lado, João Conceição, administrador da REN, voltou a sublinhar a questão dos elevados custos desta tão necessária expansão das redes elétricas para suportar o crescimento das renováveis até 2030.
"Sempre que falamos do desenvolvimento da rede, toda a gente concorda que é urgente e imprescindivel. Mas quando apresentamos os investimentos necessários, ninguém quer pagar a fatura. Toda a gente sabe que as redes são necessárias, mas não se faz nada para elas se desenvolverem", alertou, defendendo incentivos económicos e uma partilha dos custos e do risco entre agentes de mercado, como produtores e consumidores. "Se não houver este compromisso, nada avança e os projetos ficam no papel", avisou.
Quanto ao recente reconhecimento como Projetos de Interesse Comum (PIC) dado pela Comissão Europeia a dois projetos de hidrogénio verde da REN Gasodutos, incluídos numa lista de 166 projetos de interligações energéticas transfronteiriças na Europa, João Conceição mostrou-se cético: "Vamos ver quanto tempo demorará até estes projetos se tornarem realidade. Em 10 anos, quantos serão realidade e quantos se perderão?". questionou.
Por seu lado, Christian Zinglersen, diretor da Agency for the Cooperation of Energy Regulators (ACER), deixou claro que, "no final do dia, alguém tem de pagar a expansão das rede elétricas na Europa".
APREN pede "serenidade" no país para não afugentar investidores
Em declarações na abertura do evento, Pedro Amaral Jorge, quis deixar claro e garantir que "Portugal foi, é e será sempre um excelente país para atrair investimentos em projetos de energias renováveis", sendo necessário "manter a serenidade" apesar da instabilidade política que se vive neste momento no país e das suspeitas lançadas sobre os negócios do hidrogénio verde e lítio no contexto da operação Influencer.
"O que os investidores mais precisam é de estabilidade política e regulatória, para melhorar a sua perceção do país", explicou o responsável, lembrando que precisamente no dia 7 de novembro - quando foram realizadas as buscas da operação Influencer e o primeiro-ministro António Costa apresentou a sua demissão - a APREN divulgou um estudo que mostra que "2022 foi um dos melhores anos para as renováveis", por terem permitido poupar 14.000 milhões de euros ao país e gerar um sobreganho para o sistema elétrico.
Além da atual instabilidade dentro de portas, o responsável sublinha também outros fatores que ainda ensombram o setor energético e podem colocar em risco a transição energética, com destaque para a guerra na Ucrânia e o mais recente conflito entre Israel e o Hamas no Médio Oriente, que prolongam um contexto de instabilidade mundial com impacto direto nos preços da energia. Soma-se ainda a inflação elevada e as taxas de juros em alta, que fazem aumentar o investimento e os custos dos projetos renováveis.
"Foi assim em 2022 e 2023, mas há sinais que nos indicam que no final de 2024 ou início de 2025 o cenário vai melhorar e permitir que a transição energética se faça. É uma urgência para os consumidores e as empresas", frisou Amaral Jorge na abertura da conferência anual da APREN, em Lisboa.
No entanto, para isso é necessário que o licenciamento dos projetos acelere e que exista uma real modernização de todas as entidades envolvidas no processo. "As demoras não acontecem por incapacidade das pessoas que trabalham nessas entidades, mas é necessário agilizar e reorganizar processos, aumentar a digitalização e ter sistemas de informação onde as empresas possam ver qual o ponto de situação dos seus projetos e dar garantias aos investidores", disse o responsável, falando da "tal plataforma eletrónica" da DGEG que está prevista por lei.
No dia anterior, numa outra conferência da Eurogas, o diretor-geral da DGEG, Jerónimo Cunha, garantiu que esta plataforma já está operacional (e pronta para avançar no caso do leilão de gases renováveis, por exemplo, que o Governo se prepara para lançar) e deixou uma garantia aos promotores de renováveis e investidores que o licenciamento de renováveis vai continuar a acontecer e a acelerar em Portugal, apesar das investigações aos negócios do hidrogénio e lítio.
Quanto às vozes que se levantam contra a expansão das renováveis no país - seja pelo abate de árvores a que projetos solares e eólicos obrigam, ou outros fatores - o presidente da APREN sublinhou que os projetos de energia limpa também promovem a "renovação da biodiversidade, restaura ecossistemas e ajuda a desenvolver novos habitats de fauna e flora". "Temos de desmitificar aquilo que passam a vida a dizer-nos", disse.
No entanto, aos promotores de projetos renováveis na sala deixou também o alerta que é "necessário um cuidado redobrado na gestão do território nacional" e na concorrência com outras atividades económicas (como a pesca ou a agricultura), para evitar "dar voz a mais reclamações".
"Sempre que falamos do desenvolvimento da rede, toda a gente concorda que é urgente e imprescindivel. Mas quando apresentamos os investimentos necessários, ninguém quer pagar a fatura. Toda a gente sabe que as redes são necessárias, mas não se faz nada para elas se desenvolverem", alertou, defendendo incentivos económicos e uma partilha dos custos e do risco entre agentes de mercado, como produtores e consumidores. "Se não houver este compromisso, nada avança e os projetos ficam no papel", avisou.
Por seu lado, Christian Zinglersen, diretor da Agency for the Cooperation of Energy Regulators (ACER), deixou claro que, "no final do dia, alguém tem de pagar a expansão das rede elétricas na Europa".
APREN pede "serenidade" no país para não afugentar investidores
Em declarações na abertura do evento, Pedro Amaral Jorge, quis deixar claro e garantir que "Portugal foi, é e será sempre um excelente país para atrair investimentos em projetos de energias renováveis", sendo necessário "manter a serenidade" apesar da instabilidade política que se vive neste momento no país e das suspeitas lançadas sobre os negócios do hidrogénio verde e lítio no contexto da operação Influencer.
"O que os investidores mais precisam é de estabilidade política e regulatória, para melhorar a sua perceção do país", explicou o responsável, lembrando que precisamente no dia 7 de novembro - quando foram realizadas as buscas da operação Influencer e o primeiro-ministro António Costa apresentou a sua demissão - a APREN divulgou um estudo que mostra que "2022 foi um dos melhores anos para as renováveis", por terem permitido poupar 14.000 milhões de euros ao país e gerar um sobreganho para o sistema elétrico.
Além da atual instabilidade dentro de portas, o responsável sublinha também outros fatores que ainda ensombram o setor energético e podem colocar em risco a transição energética, com destaque para a guerra na Ucrânia e o mais recente conflito entre Israel e o Hamas no Médio Oriente, que prolongam um contexto de instabilidade mundial com impacto direto nos preços da energia. Soma-se ainda a inflação elevada e as taxas de juros em alta, que fazem aumentar o investimento e os custos dos projetos renováveis.
"Foi assim em 2022 e 2023, mas há sinais que nos indicam que no final de 2024 ou início de 2025 o cenário vai melhorar e permitir que a transição energética se faça. É uma urgência para os consumidores e as empresas", frisou Amaral Jorge na abertura da conferência anual da APREN, em Lisboa.
No entanto, para isso é necessário que o licenciamento dos projetos acelere e que exista uma real modernização de todas as entidades envolvidas no processo. "As demoras não acontecem por incapacidade das pessoas que trabalham nessas entidades, mas é necessário agilizar e reorganizar processos, aumentar a digitalização e ter sistemas de informação onde as empresas possam ver qual o ponto de situação dos seus projetos e dar garantias aos investidores", disse o responsável, falando da "tal plataforma eletrónica" da DGEG que está prevista por lei.
No dia anterior, numa outra conferência da Eurogas, o diretor-geral da DGEG, Jerónimo Cunha, garantiu que esta plataforma já está operacional (e pronta para avançar no caso do leilão de gases renováveis, por exemplo, que o Governo se prepara para lançar) e deixou uma garantia aos promotores de renováveis e investidores que o licenciamento de renováveis vai continuar a acontecer e a acelerar em Portugal, apesar das investigações aos negócios do hidrogénio e lítio.
Quanto às vozes que se levantam contra a expansão das renováveis no país - seja pelo abate de árvores a que projetos solares e eólicos obrigam, ou outros fatores - o presidente da APREN sublinhou que os projetos de energia limpa também promovem a "renovação da biodiversidade, restaura ecossistemas e ajuda a desenvolver novos habitats de fauna e flora". "Temos de desmitificar aquilo que passam a vida a dizer-nos", disse.
No entanto, aos promotores de projetos renováveis na sala deixou também o alerta que é "necessário um cuidado redobrado na gestão do território nacional" e na concorrência com outras atividades económicas (como a pesca ou a agricultura), para evitar "dar voz a mais reclamações".