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REN investiu 138 milhões em 2023 para reforçar rede elétrica

No documento de indiciação da operação Influencer, o nome do CEO da REN, Rodrigo Costa, e do CFO João Conceição são referidos como tendo sido alvo das pressões exercidas para acelerar a construção do data center em Sines. Parte do reforço é feito naquela região.

Lusa
Bárbara Silva barbarasilva@negocios.pt 10 de Novembro de 2023 às 19:49
"A REN continua focada em desenvolver a Rede Elétrica Nacional no sentido de viabilizar a ligação de novas centrais solares, em construção ou projeto", garante a empresa na apresentação de resultados relativos aos primeiros nove meses de 2023. Em causa estão as metas de descarbonização definidas pelo Governo português no âmbito do PNEC 2030, frisa a empresa que atua como operador das redes nacionais de transportes de eletricidade e gás.

Esta semana, a sede da REN, em Lisboa, foi alvo de buscas no âmbito da operação Influencer, na qual o Ministério Público está a investigar os negócios do lítio, do hidrogénio e da construção de um centro de dados em Sines.

No documento de indiciação do processo, o nome do CEO da REN, Rodrigo Costa, e também do CFO João Conceição são referidos como tendo sido alvo das inúmeras pressões exercidas pelos arguidos - Vítor Escária, chefe de gabinete de António Costa, Lacerda Machado, amigo do primeiro-ministro, e também Afonso Salema e Rui Oliveira Neves, da empresa Start Campus -, para acelerar todo o processo do data center, incluindo a necessária ligação à rede elétrica nacional. Existem ainda suspeitas de interferência numa portaria assinada por João Galamba (também ele arguido) que permitiu que as infraestruturas de gás da REN fossem usadas também para passar cabos de fibra ótica. 

Até setembro, a REN dá conta de um investimento total de 177,1 milhões (+40,5% face a 2022, ano em que o investimento foi de apenas 126 milhões), o que indica um aumento de 51,1 milhões de euros, com destaque para "os investimentos feitos na interligação à Rede Elétrica Nacional de novos projetos de energias renováveis".

Aqui, Sines ganha destaque, com a instalação de duas linhas de 400 kV e outras duas de 150 kV na substação desta região, com vista a "fornecer energia elétrica às instalações dos clientes". Soma-se ainda uma linha de 220 kV na substação Valdigem (no norte) e uma linha de 60 kV na substação de Pereiro (a sul), para "conectar centrais solares fotovoltaicas" à rede nacional.

Segundo a REN, os investimentos em linhas elétricas chegaram aos 138,9 milhões entre janeiro e setembro (face a apenas 93,7 milhões em 2022), somando-se mais 34,8 milhões para as redes de distribuição e transporte de gás. 

No gás, a REN destaca investimentos na expansão e densificação da rede de distribuição, com incentivos à descarbonização dos edifícios através de futuros gases renováveis; expansão da rede para novas zonas industriais, com perpetivas de investimentos empresariais; e ainda o plano de descarbonização e digitalização em curso, "com resultados encorajadores na preparação da infraestrutura para o hidrogénio (20% no último trimestre de 2023 e 100% em 2024)". 

A REN refere ainda que nos primeiros nove meses do ano, o consumo de eletricidade manteve-se relativamente estável(37,5TWh), enquanto o consumo de gás natural diminuiu 19,7% (para 38,0TWh). A energia proveniente de fontes renováveis representou 55,2% do fornecimento total de energia (tendo já aumentado para 67% incluindo o mês outubro), repartida por 24% de energia hídrica, 18% de energia eólica, 8% de energia solar e 6% de biomassa.

"Destaca-se o crescimento de 43% da produção de energia solar, onde a REN continua a desempenhar um papel fundamental a nível nacional no alcançar das metas de transição para fontes de energia renováveis", sublinha a empresa, que nestes nove meses submeteu também os projetos do corredor de hidrogénio verde H2MED a Projeto de Interesse Comum (PIC) da UE, aguardando a sua análise técnica até ao final do ano.

"Estes continuam a ser o foco dos esforços e da cooperação europeia do sector energético, sendo que em outubro a REN formalizou, juntamente com outros operadores europeus (Enagas, GRTgaz/Teréga e OGE), um acordo para o desenvolvimento do primeiro corredor de hidrogénio na Europa", rematou.
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