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Mexia vai receber 800 mil euros por ano para não concorrer com a EDP

António Mexia e Manso Neto deixaram as funções que ocupavam no grupo EDP no ano passado devido às investigações judiciais, mas vão continuar a ser remunerados pela elétrica durante os próximos três anos, período em que os gestores não podem concorrer com a maior cotada portuguesa.

Mafalda Santos
12 de Março de 2021 às 22:24
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António Mexia vai receber uma remuneração anual de 800 mil euros da EDP em 2021, 2022 e 2023 apesar de já não exercer funções na elétrica portuguesa desde o ano passado. O mesmo acontece com João Manso Neto, que receberá 560 mil euros por ano durante o mesmo período.

Esta remuneração deve-se aos "acordos de cessação de funções e de não concorrência" que os dois gestores assinaram com a EDP a 20 de Novembro de 2020, já depois de terem sido afastados da liderança da EDP e da EDP Renováveis devido a determinação da justiça no âmbito do caso EDP, sendo que os valores envolvidos estão assentes nas "melhores práticas de mercado".

A EDP entendeu que tinha de celebrar "pactos de não concorrência com referência ao período pós cessação das funções" com Mexia e Manso Neto, uma vez que os dois gestores "tiveram acesso, em decorrência e por inerência do desempenho das respetivas funções, durante um período de catorze anos, ao conhecimento e a extensa informação privilegiada e particularmente sensível no plano da concorrência relativamente à estratégia e ao negócio do Grupo EDP", explica a empresa no relatório do governo da sociedade de 2020.

Além de receber 800 mil euros por ano, Mexia garante ainda o pagamento de prémios de seguro de saúde e de seguro de vida, assim como do Seguro de Vida PPR cujo montante líquido representa 10% da remuneração fixa anual, ou seja, 80 mil euros. Manso Neto também receberá um prémio de Seguro de Vida PPR cujo montante líquido representa 10% da remuneração fixa anual.

Além deste pagamento para impedir que os dois gestores vão trabalhar para a concorrência até ao final de 2023, ficou também acordado que a EDP vai pagar as remunerações vincendas relativas ao mandato decorrido entre 2018 e 2020. Ou seja, Mexia e Manso Neto vão continuar a receber as remunerações variáveis relativas aos últimos exercícios.

António Mexia recebeu um total de 2,37 milhões de euros em remunerações relativas ao exercício de 2020. Mexia recebeu 970.203 euros como remuneração fixa, aos quais se somam 554.020 euros da componente variável e ainda 848.143 euros pela componente plurianual. 

O total das remunerações do conselho de administração executivo (CAE) ascendeu a 12.418.346 euros ilíquidos, um montante 12,3% superior ao pago em 2019

O caso EDP está relacionado com os CMEC (Custos de Manutenção do Equilíbrio Contratual), no qual António Mexia e Manso Neto são suspeitos de corrupção e participação económica em negócio para a manutenção do contrato das rendas excessivas - em que, segundo o Ministério Público, terão corrompido o ex-ministro da Economia Manuel Pinho e o ex-secretário de Estado da Energia Artur Trindade.

 

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