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Iberdrola sai do capital da EDP (act)

A Iberdrola mandatou o UBS para vender as restantes acções que detém da EDP, numa operação em bolsa. Um accionista que chegou a ter 9,5% do capital da eléctrica nacional, deixa assim de ter qualquer participação no capital da empresa portuguesa. Analistas consideram que o negócios é "positivo" para a EDP.

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A Iberdrola Energía, participada detida em 100% pela Iberdrola, mandatou o UBS para “vender 72.360.357 acções representativas de 1,979% do capital social da EDP”, revela a empresa num comunicado emitido para o regulador espanhol, a CNMV.


“Esta venda realizar-se-á através de uma oferta privada, num processo de venda acelerada dirigida em exclusivo a investidores qualificados e institucionais”, adianta a mesma fonte.

 

A Bloomberg adianta que esta venda deverá realizar-se a 2,90 euros por acção, pelo que deverá gerar um encaixe de 209 milhões de euros para a empresa espanhola. As restantes acções, que correspondem a 0,118% do capital da EDP, deverão ser vendidas a 2,873 euros por título numa operação em separado.

 

Já na última segunda-feira, 10 de Fevereiro, a Iberdrola tinha anunciado a subscrição de “derivados de venda sobre acções da EDP representativas, aproximadamente, de 2,9% do seu capital social e cujo vencimento é no próximo dia 7 de Maio de 2014”.

 

Após esta operação a empresa ficava com 2,1% do capital da EDP, sendo que a espanhola identificava esta posição como “disponível para venda”.

 

A Iberdrola era, até agora, um dos accionistas de referência da EDP, deixando agora de deter uma participação na eléctrica.

 

No Verão de 2013, a Iberdrola vendeu, pela primeira vez em três anos, acções da eléctrica portuguesa. Na altura ficou com menos de 7%, tendo chegado a deter 9,5% entre 2006 e 2010.

 

A Iberdrola entrou na EDP em 1998, numa das fases da reprivatização do grupo.

De início, a relação entre a EDP e a Iberdrola funcionou bem. As duas empresas tinham, desde 1998, uma parceria estratégica, com participações cruzadas. Mas nos últimos anos o grupo espanhol não escondeu o desconforto com a gestão de poderes na EDP e a sua limitada margem de manobra: o tecto de 5% de direitos de voto, que durante uma década penalizou a Iberdrola, só foi desfeito pelo Estado na venda de 21,35% à China Three Gorges. Em Março de 2012, a Iberdrola levou a EDP a tribunal para tentar anular as deliberações da assembleia geral de accionistas de Fevereiro, denunciando um conflito de interesses na votação, pelo Estado, das propostas que elevariam o limite de direitos de voto na EDP de 20% para 25%.

 

Analistas: Venda é "positiva" para a EDP porque reduz incerteza

 

A venda das acções por parte da Iberdrola “não foi uma surpresa para ninguém”, uma vez que a espanhola já tinha revelado que a participação que detinha no capital da EDP estava para venda, com a gestão a reiterar que a sua alienação “só dependia de encontrar o preço certo”, sublinham os analistas do BPI numa nota de análise publicada esta quarta-feira.

 

“A rápida execução da venda é um bom sinal e elimina um risco de alguma dimensão” para a acção da eléctrica nacional, “sem comprometer o desempenho do preço da acção”. Além disso, esta venda, feita em bolsa, aumenta “o free float para perto de 50%”.

 

Os analistas do BPI não excluem que outros accionistas da EDP tencionem vender as acções detidas, apontando mesmo para a José de Mello, que detém 4,60% do capital da eléctrica, segundo a estrutura accionista disponível no site da EDP. Ainda assim, “o negócio da Iberdrola parece sugerir que o mercado está com apetite e pode ser um aspecto positivo no actual ambiente de mercado.”

 

Os analistas do BESI também consideram que esta alienação é “positiva para a EDP porque reduz as preocupações em torno da participação da Iberdrola.”

 
Cronologia

A ascensão e queda de uma ligação accionista que durou 15 anos.

 

JUNHO 1998: Iberdrola compra 2,25%

Numa parceria estratégica assinada com a EDP em Maio de 1998, a Iberdrola acorda comprar, em Junho desse ano, 2,25% da EDP. O negócio, no âmbito da reprivatização da EDP, foi realizado pelo Governo de António Guterres, que tinha como ministro da Economia Joaquim Pina Moura, hoje presidente da Iberdrola Portugal.

 

JULHO 2001: Participação chega aos 5%

Em 2001 a Iberdrola alcança 4,99% do capital da EDP, correspondentes a 5,02% dos direitos de voto, que, contudo, estavam limitados a 5%.

 

ABRIL 2006: Posição na EDP atinge 9,5%

A Iberdrola reforça a participação na EDP de 5,7% para 9,5%, por 332 milhões de euros (a um valor médio de 2,39 euros por acção).

 

FEVEREIRO 2010: Iberdrola aliena 2,7% da EDP

Em Fevereiro de 2010, a Iberdrola reduziu pela primeira vez a sua participação na EDP, onde nunca chegou a estar representada no Conselho Geral e de Supervisão. Vendeu 2,71% da EDP, baixando a sua posição de 9,5% para 6,79%.

 

JUNHO 2013: Iberdrola volta a reduzir

No segundo trimestre o grupo espanhol voltou a baixar a posição, passando de 6,79% para 6,66%.

 

FEVEREIRO 2014: Iberdrola vende mais acções da eléctrica

A Iberdrola voltou a vender acções da EDP e celebrou contratos de derivados tendo em vista a alienação de mais títulos. Esses derivados vão atingir a maturidade em Maio, altura em que a Iberdrola ficará com 2,1% do capital da EDP. Uma participação que está “disponível para venda”.

 

FEVEREIRO 2014: Iberdrola sai do capital da EDP

A Iberdrola mandatou o UBS para vende quase 2% do capital da eléctrica nacional, sendo que as restantes acções, que representam menos de 0,2% foram alienadas noutra operação. Desta forma, a espanhol deixou de ter uma posição no capital da EDP.

(notícia actualizada às 9h40 com reacção de analistas)

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