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EDP aumenta faturas de gás dos seus clientes 30 euros, em média

O aumento foi comunicado por Vera Pinto Pereira, CEO da EDP Comercial, em declarações à agência Lusa, justificando que ao contrário das outras comercializadoras a EDP ainda não tinha feito qualquer mexida nos preços do gás este ano. 

24 de Agosto de 2022 às 16:40
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A EDP anunciou esta quarta-feira que as faturas de gás dos seus clientes domésticos vão aumentar em média 30 euros mensais, já a partir de outubro. A este valor soma-se ainda mais cinco a sete euros de taxas e impostos. Ou seja, um disparo na conta do gás que pode chegar até aos 37 euros. 

Os novos preços vão estar em vigor apenas três meses, até ao final do ano, e nessa altura podem ser "revistos em alta ou em baixa".

A decisão, diz a empresa, justifica-se pela escalada de preços a que se tem assistido nos mercados grossistas, com o preço desta matéria prima a chegar esta quarta-feira acima dos 300 euros por MWh nos contratos de futuros para setembro no índice holandês TTF, que serve de benchmarking aos mercados europeus. Soma-se ainda a guerra na Ucrânia e as restrições ao abastecimento de gás russo, o que fez também aumentar o preço noutros mercados, como, por exemplo, no gás proveniente da Argélia.

O aumento foi avançado por Vera Pinto Pereira, CEO da EDP Comercial, à agência Lusa, justificando que, ao contrário das outras comercializadoras, a EDP ainda não tinha feito qualquer mexida nos preços do gás este ano. 

Em declarações ao Negócios, fonte oficial da EDP esclareceu ainda que "o preço de aquisição de gás nos mercados internacionais subiu cerca de 1.000% no último ano. Contudo, a EDP Comercial manteve inalterada nos últimos 12 meses a sua tarifa de gás, garantindo estabilidade aos seus clientes residenciais".

A mesma fonte refere mesmo que se "tornou inevitável atualizar estas tarifas a partir de 1 de outubro, resultando num aumento médio de 30 euros por mês" e que "esta variação da tarifa de gás poderá ser revista trimestralmente se o contexto assim o permitir".

Na base deste aumento, diz a elétrica, está o agravamento continuado do preço do gás e a instabilidade esperada para os próximos meses . "Este tem sido também o contexto em toda a Europa, como resultado do aumento substancial do preço do gás nos mercados europeus", refere a mesma fonte ao Negócios. 

À Lusa, a presidente executiva da EDP Comercial, Vera Pinto Pereira, esclareceu que para os cerca de 433.300 (dois terços) dos 650.000 clientes residenciais, que representam os consumos mais baixos, a subida do preço do gás terá um impacto médio de 18 euros mensais, antes de taxas e impostos, ou seja, o aumento rondará os 22 euros.

"Tendo em conta o novo contexto -- nós não produzimos gás, nós temos de o comprar em mercado -- temos que fazer repercutir isto [a subida nos mercados grossistas]. Excecionalmente, nesta altura, vamos fazer uma alteração e o objetivo é podermos acompanhar, assim que possível, uma correção desta tendência de mercado", vincou a presidente executiva.

Vera Pinto Pereira realçou que a empresa está a desenvolver "todos os esforços para que o próximo ajuste de preços seja para baixo", garantindo a estabilidade de abastecimento de gás aos clientes e continuando a trabalhar no aprovisionamento, para conseguir condições mais vantajosas nos mercados onde compram a matéria-prima.

Questionada sobre se espera compreensão por parte dos clientes, Vera Pinto Pereira destacou a importância de "dar a melhor informação possível de contexto", nas cartas enviadas aos clientes. A responsável rejeitou também receio de perder clientes para a concorrência. 

A empresa deu ainda conta da possibilidade de clientes com dificuldades em pagar as suas faturas pedirem planos de pagamento faseado.

Desde a última atualização feita pela EDP Comercial, as faturas das famílias tiveram impactos entre seis e 19 cêntimos.

Galp sobe preços do gás em julho, ERSE vai aumentar 3,9% em outubro

De acordo com os números mais recentes da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE), de março, a EDP lidera no mercado liberalizado de gás com maior número de clientes (49,3%), seguido da Galp, com 23,3% e da Goldenergy, com 12,3%. Já em consumo abastecido, é a Galp que lidera, com 51,7%, surgindo a EDP em 4º lugar, depois da Naturgy e da Endesa, com 10,8%. 

Quanto a aumentos de preços, a Galp, por exemplo, tinha já anunciado que a partir de 1 de julho iria atualizar o valor do gás natural, com um aumento de cerca de 3,60 euros para o escalão mais representativo. De acordo com fonte oficial da petrolífera, esta atualização refletiu o aumento do custo de compra em linha com a evolução do produto no mercado internacional. 

No mercado regulado do gás, onde permanecem 230 mil famílias, os preços já aumentaram 2 euros por  MWh em julho, uma subida de 3,3% ditada pela Entidade Reguladora para os Serviços Energéticos, e vão subir de novo em outubro, mais 3,9% no ano/gás 2022/2023 .  

No regulado, um casal, sem filhos, está a pagar em média, por mês, mais 33 cêntimos desde julho. Já numa casa com dois adultos e 2 crianças, a fatura ficou mais cara 70 cêntimos.

No preço final, o regulador estima que, a partir de 1 de julho, a fatura do gás natural tenha passado a ser de 12.73€, em média, para o primeiro exemplo. Já no segundo caso, o custo mensal passou a de 24.11€.

"A decisão do regulador surge num contexto de forte incerteza, marcada pela escassez de oferta face à procura de matérias-primas e energia devido à situação pandémica de Covid-19 e à guerra na Ucrânia", justificou a ERSE.
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