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Bruxelas vê "menor hipótese" de a Rússia tornar a energia em arma

A importação de gás natural pela Rússia caiu para 10%, dos 45% antes da guerra. Em simultâneo, o armazenamento cresceu para 68,6%, dando menor margem de manobra a Vladimir Putin.

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Há hoje menores hipóteses de a Rússia conseguir usar os mercados energéticos como arma do que no início da guerra, considera Miguel Gil Tertre, economista-chefe na Comissão Europeia. No Fórum do Banco Central Europeu (BCE) a decorrer em Sintra, o especialista aponta para o reforço das reservas energéticas na Europa, bem como a diminuição das importações à Rússia.

Miguel Gil Tertre começou por indicar que a crise energética não esteve relacionada com custos da transição verde, mas sim com um problema em torno do gás natural russo após a invasão da Ucrânia.

Devido ao peso da Rússia no mercado energético, os preços do Brent dispararam. "Este aumento no preço do petróleo traduziu-se nos preços da eletricidade. Se tivéssemos mais fontes verdes, teríamos tido mais soluções", sublinha Tertre.

Contudo, o economista-chefe da Comissão Europeia está mais otimista sobre a situação atual. "Há menor possibilidade de a Rússia fazer dos mercados energéticos uma arma", afirmou.

A importação de gás natural total pela União Europeia à Rússia caiu para 10%, dos 45% em que se situava antes do início da guerra. Em simultâneo, o armazenamento está em 
68,6%, contra uma média de 49% entre 2016 e 2021. Juntam-se ainda uma redução da procura por gás natural e eliminação do prémio nos mercados associado ao risco de escassez.


"Num contexto de turbulência no mercado, os futuros do gás natural provaram não dar uma previsão precisa para os desenvolvimentos dos preços", adverteu Miguel Gil Tertre. Para o especialista, uma das principais lições tiradas desta crise é que expandir a capacidade instalada de energias renováveis pode limitar variações profundas no preço.

Ida Wolden Bache, governadora do Banco da Noruega — país que se tornou o maior fornecedor de gás natural para a Europa, no seguimento do afastamento face à Rússia — concorda que a transição energética vai marcar os próximos anos e tem de ser incorporada nos processos de tomada de decisão.

"Os bancos centrais têm de aprofundar o conhecimento sobre os mercados energéticos e usá-lo [nas decisões de política monetária]. Vai ser crucial, no futuro, identificar em tempo real a natureza dos choques" que se esperam mais frequentes, acrescentou Ida Wolden Bache, no mesmo painel do Fórum BCE.

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