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Bruxelas critica Moscovo por tentar usar gás como "instrumento de chantagem"

Depois de Moscovo ter anunciado a suspensão do fornecimento de gás à Polónia e à Bulgária por se terem recusado a pagá-lo em rublos, Bruxelas diz que UE prepara resposta coordenada.

27 de Abril de 2022 às 10:13
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A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, qualificou de "inaceitável" a tentativa da Rússia de utilizar o gás como "um instrumento de chantagem", após a decisão de suspender o fornecimento a Estados-membros, como a Polónia.

"O anúncio da Gazprom de que vai unilateralmente parar de entregar gás a clientes na Europa é mais uma tentativa da Rússia de usar o gás como um instrumento de chantagem. Isto é injustificado e inaceitável", afirmou von der Leyen, apontando que tal também "demonstra novamente a falta de fiabilidade da Rússia como fornecedor de gás".

Num comunicado, divulgado esta quarta-feira, a presidente da Comissão Europeia garantiu, no entanto, que o bloco dos 27 "está preparado": "Estamos em contacto próximo com todos os Estados-membros. Temos vindo a trabalhar para assegurar entregas alternativas e os melhores níveis de armazenamento possíveis em toda a UE. Os Estados-membros puseram em marcha planos de contingência para um cenário como este e trabalhamos com eles de forma coordenada e solidária".

Na reação ao anúncio de suspensão do fornecimento de gás pela Rússia à Polónia e à Bulgária, von der Leyen adianta, aliás, estar a decorrer um encontro do grupo de coordenação do gás, estando a UE a "mapear" a sua resposta concertada.

"Também vamos continuar a trabalhar com parceiros internacionais para garantir fluxos alternativos seguros", apontou.

"Os europeus podem confiar que vamos ficar unidos e em total solidariedade com os Estados-membros afetados em face deste novo desafio. Os europeus podem contar com o nosso total apoio", vincou.

O preço do gás na Europa disparou esta quarta-feira, depois de Moscovo ter anunciado a suspensão do fornecimento de gás à Polónia e à Bulgária por se terem recusado a pagá-lo em rublos.

Em declarações à BBC, o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros polaco, Marcin Przdacz, garantiu que a Polónia pode sobreviver sem o gás russo: "Tomámos algumas decisões há uns anos para nos preparararmos para esta situação", pelo que "agora temos opções de obter gás de outros parceiros", incluindo os Estados Unidos e nações do Golfo.

As importações de gás à Gazprom representaram 53% das compras efetuadas pela estatal polaca PGNiG no primeiro trimestre do ano, mas Varsóvia assegura estar preparada para as consequências da suspensão que, a seu ver, constitui uma violação contratual.

Segundo a PGNiG, o armazenamento subterrâneo de gás está a quase 80% da sua capacidade, além de que, com o verão a aproximar-se, a procura vai diminuir.

Já no que toca às fontes de abastecimento alternativas, há um terminal de gás natural liquefeito (GNL) em Swinoujscie, sendo que, a partir de 1 de maio, deve abrir uma nova ligação do gasoduto com a Lituânia, que dará à Polónia acesso ao terminal de GNL lituano. A funcionar em outubro deve estar também um novo gasoduto, que fornece gás da Noruega, o qual deve atingir a sua capacidade máxima no final do ano, podendo substituir as entregas que chegavam da Rússia, indica a BBC.

A Bulgária, que depende da Gazprom para garantir mais de 90% do fornecimento, também indicou ter tomado medidas para encontrar fontes alternativas, sem que seja preciso impor restrições ao consumo. Mas, ao contrário da Polónia,  esta quarta-feira ainda não era claro se Moscovo já lhe tinha fechado efetivamente a torneira, dado que, de acordo com Sofia, o gás continuava a fluir. 





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